Otan critica Putin por retórica nuclear 'irresponsável'
Putin disse que pretendia enviar armas nucleares táticas para Belarus
Depois da declaração do presidente russo, Vladimir Putin, no sábado, 25, quando disse que pretendia enviar armas nucleares táticas para Belarus, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) chamou sua retórica nuclear de "perigosa e irresponsável" neste domingo, 26.
A porta-voz da Otan, Oana Lungescu, disse que a organização está vigilante, monitorando a situação de perto. "Não vimos nenhuma mudança na postura nuclear da Rússia que nos leve a ajustar a nossa. Estamos comprometidos em proteger e defender todos os aliados da Otan", garantiu.
Oana falou que a Rússia tem constantemente quebrado os compromissos internacionais de controle de armas e, recentemente, suspendeu sua participação no novo tratado nuclear New Start. "A Rússia deve voltar a respeitar (os tratados) e agir de boa fé", declarou.
Belarus é uma ex-república soviética localizada na fronteira com a Ucrânia e principal aliada da Rússia na região. O tipo de armamento descrito por Putin tem potencial destrutivo inferior às bombas normais, no entanto, ainda pode provocar danos em larga escala.
Putin disse à TV estatal que a decisão não é diferente do que os estadunidenses fazem há anos. "Não é nada anormal. Os americanos fazem isso há décadas: mandam armas nucleares táticas para o território de seus aliados há muito tempo", falou.
Segundo o líder russo, o presidente de Belarus, Alexander Lukachenko, apoia a decisão.
Outras críticas e alertas
O chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, afirma que o acordo de Putin compromete a estabilidade da vizinhança e irá transformar Belarus em "refém nuclear". Este é "um passo para a desestabilização interna do país", publicou em sua conta no Twitter.
Danilov alerta que a medida maximiza o nível de percepção negativa e rejeição pública da Rússia e de Putin na sociedade bielorrussa.
A decisão de Putin também foi criticada por Mykhailo Podolyak, outro conselheiro sênior do presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. "Putin é muito previsível", disse em tuíte, apontando que ao declarar o envio de armas nucleares táticas para Belarus, o presidente russo "admite que tem medo de perder e tudo o que pode fazer é assustar com táticas".
A líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Tsikhanouskaya, também se posicionou. Ela escreveu em sua conta no Twitter que a medida russa viola diretamente a Constituição do país.
A líder ainda apontou que a decisão de Putin contradiz a vontade do povo bielorrusso. "Este desenvolvimento inaceitável torna Belarus um alvo potencial para ataques preventivos ou de retaliação", complementou.
Sviatlana pede que a comunidade internacional exija que a Rússia "pare com essa implantação ameaçadora". A líder também defende a retirada imediata dos militares russos no país e pede o fim da "participação de Belarus na agressão russa contra a Ucrânia".
Embora Putin tenha feito ameaças nucleares ou aumentado a retórica nuclear após a invasão total da Ucrânia, esta é a primeira vez desde os anos 1990 que Moscou cogita colocar armas nucleares em outro país, fora do território russo.