As acusações de crimes de guerra na Ucrânia

Algumas investigações internacionais foram abertas a partir das denúncias de bombardeios indiscriminados, estupro, tortura, execução sumária e deportação de crianças, mas Moscou rejeita todas as acusações

sex, 31/03/2023 - 11:15
Sergei SUPINSKY Tropas russas são acusadas de massacrar civis na cidade suburbana de Bucha Sergei SUPINSKY

As forças russas foram acusadas de vários crimes de guerra na Ucrânia, como em Bucha, perto de Kiev, convertido em um símbolo das atrocidades atribuídas a Moscou desde o início da ofensiva em 24 de fevereiro de 2022.

Algumas investigações internacionais foram abertas a partir das denúncias de bombardeios indiscriminados, estupro, tortura, execução sumária e deportação de crianças, mas Moscou rejeita todas as acusações.

A deportação de crianças fez o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir uma ordem de prisão contra o presidente russo Vladimir Putin.

As forças ucranianas também foram acusadas de execuções sumárias de prisioneiros russos.

Estes são os principais crimes analisados:

- Bucha -

Vinte corpos de homens vestidos de civil foram encontrados em 2 de abril de 2022 na rua Yablonska, em Bucha. Estes foram os primeiros indícios das atrocidades feitas em março durante a ocupação dos subúrbios do noroeste de Kiev, como Irpin, Borodianka e até mesmo Bucha.

A Ucrânia estima que cerca de 400 corpos de civis foram encontrados em Bucha e mais de 1.000 na região, muitos deles em valas comuns cavadas pelos habitantes, já que os cemitérios estavam inacessíveis devido à intensidade dos combates.

- Teatro de Mariupol -

Diversos civis refugiados no teatro de Mariupol morreram em 16 de março de 2022, em um bombardeio durante um cerco nesta grande cidade na costa do mar de Azov.

A prefeitura falou, na época, em 300 mortos. Em junho, a ONG Anistia Internacional revisou esta relação para baixo, e avaliou que "ao menos uma dúzia de pessoas morreram no ataque e certamente muitas mais".

- Vala comum em Izium -

A Ucrânia anunciou em setembro de 2022 que havia desenterrado 447 corpos de uma vala comum em Izium, cidade retomada dos russos no nordeste do país.

Entre os corpos, 30 possuíam "marcas de tortura".

- Bombardeio contra civis -

As forças russas também são acusadas de ter bombardeado civis em várias localidades, como em 8 de abril de 2022, quando um ataque de míssil contra a estação na cidade ucraniana de Kramatorsk matou aproximadamente 60 pessoas que tentavam fugir da área.

A Anistia Internacional avaliou em junho de 2022 que centenas de civis teriam morrido nos vários ataques sobre Kharkiv (nordeste), muitos vítimas de bombas de fragmentação.

Segundo a ONG, as forças russas utilizaram bombas e minas de fragmentação, proibidas pelos tratados internacionais, em sete ataques contra esta cidade.

Um ataque em 14 de janeiro de 2023 a um edifício residencial em Dnipro (leste) matou outras 46 pessoas.

- "Deportações" de crianças -

A TPI anunciou em 17 de março de 2023 uma ordem de prisão contra o presidente russo Vladimir Putin, "suposto responsável do crime de guerra" da "deportação" de crianças da Ucrânia para a Rússia.

Mais de 16.000 crianças teriam sido transportadas à Rússia ou à zona ucraniana sob controle russo, segundo Kiev, desde o começo do conflito.

- Ataques às infraestruturas civis -

O jornal The New York Times afirmou em 13 de março que o TPI também queria denunciar os russos por ataques deliberados contra as infraestruturas civis, como usinas elétricas e hidráulicas.

Os investigadores da ONU consideraram, por sua vez, que "as ondas de ataques feitas pelas forças armadas russas a partir de 10 de outubro de 2022 contra as infraestruturas energéticas da Ucrânia e o uso da tortura pelas autoridades russas poderiam constituir crimes contra a humanidade".

- Estupros -

Os estupros e as agressões sexuais atribuídos às forças russas constituem claramente uma "estratégia militar" e "uma tática deliberada para desumanizar as vítimas", apontou em dezembro de 2022 a representante especial da ONU, Pramila Patten, quando denunciou "casos horríveis e violência muito brutal".

- Execuções sumárias -

A ONU acusou em 24 de março de 2023 ambas as forças russas e ucranianas de terem executado sumariamente seus prisioneiros de guerra.

A organização denunciou os maus-tratos sofridos pelos prisioneiros de guerra ucranianos - tortura, negação de atendimento médico, violência sexual -, assim como ameaças de morte, agressão sexual e simulações de execução de prisioneiros russos.

COMENTÁRIOS dos leitores