Retirada de paramilitares leva alívio a cidade russa
A chegada repentina dos combatentes do Wagner a Rostov, cidade estratégica de mais de 1 milhão de habitantes, pegou a população de surpresa
Um dia após a retirada dos combatentes do grupo paramilitar Wagner de Rostov-on-Don, sudoeste da Rússia, a médica Rina Abramian diz que se sente aliviada.
"Quando a rotina em nossa cidade muda e você realmente entende o que está acontecendo, você se sente muito ansiosa e ameaçada", descreve Rina, 28.
A chegada repentina dos combatentes do Wagner a Rostov, cidade estratégica de mais de 1 milhão de habitantes, pegou a população de surpresa. Durante todo o dia, combatentes do Wagner patrulharam a cidade como se fosse deles, enquanto seu líder, Yevgeny Prigozhin, instalava-se na sede do Exército, que disse ter tomado "sem um só disparo".
Na noite de ontem, enquanto as colunas blindadas do grupo Wagner avançavam em direção a Moscou, o Kremlin e Prigozhin anunciaram repentinamente o fim da rebelião, após a mediação do líder bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Os rastros deixados pelos tanques ainda eram visíveis hoje nas ruas de Rostov. Em um parque, uma faixa azul dizia: "Irmãos, vamos impedir um banho de sangue. Ninguém é inimigo de ninguém aqui, a vitória só é possível juntos!"
- Domingo de sol -
Os moradores da cidade puderam aproveitar o sol deste domingo ao ar livre. Embora tenham declarado que ficaram surpresos com a chegada do grupo Wagner e muitos deles tenham manifestado alívio com a saída dos paramilitares, houve quem não escondesse seu apoio aos combatentes, que participaram da ofensiva russa na Ucrânia.
Quando iniciaram sua retirada de Rostov, na noite de ontem, os integrantes do Wagner foram aplaudidos por dezenas de pessoas nas ruas. "Obrigado!" e "Wagner! Wagner", gritaram moradores, enquanto Yevgeny Prigozhin, como um astro do rock, apertava as mãos da população de dentro do seu veículo, cercado por jovens que o aclamavam e filmavam.
O taxista aposentado Boris Koudriavtsev não esconde seu "respeito" pelos membros do Wagner. "Eu os entendo um pouco”, diz, ressaltando que eles deveriam ter resolvido o problema com o Exército de outra forma. "Eles chegaram com armas. Poderia ter sido pior."
Para Anton, 33, o grupo Wagner agiu corretamente: "Defendem o que é justo e o que deve ser feito. Essa gente fez muito pelo nosso país."