Brasileiros repatriados de Israel fazem parada no Recife
A aeronave pousou na capital pernambucana às 6h07 e seguiu para o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por volta das 8h30
Brasileiros resgatados do conflito em Israel desembarcaram na Base Militar do Recife, na manhã desta sexta-feira (13). Ao todo, 69 pessoas foram repatriadas na missão da Força Aérea Brasileira (FAB).
A aeronave pousou na capital pernambucana às 6h07 e seguiu para o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por volta das 8h30. Os brasileiros foram recebidos pelo ministro da Defesa José Múcio, pela vice-governadora Priscila Krause e pela vice-prefeita Isabella de Roldão.
Após deixar Israel, a aeronave KC-390 Millennium fez uma parada em Lisboa e outra em Cabo Verde antes de chegar ao Recife. No total, foram cerca de 14 horas de viagem. Quatro pernambucanos desembarcaram e os demais devem chegar em São Paulo por volta das 11h30.
Já em solo pernambucano, o violinista Alessandro Burgomano emocionou os passageiros e tripulantes ao tocar a música tema do filme A Lista de Schindler. A obra retrata o sofrimento judeu na Segunda Guerra Mundial.
"Eu sou judia e essa música é muito tocante", disse Evelyn Crimerman em lágrimas. Apesar das idas e vindas de Israel desde a década de 70, a aposentada de 67 anos nunca havia vivenciado um conflito tão intenso.
Nem na viagem de 1974, um ano após a guerra de Yom Kippur, ela passou por momentos tão terrorisantes quanto nesta visita à filha na cidade de Raanana, a 20 quilômetros de Tel Aviv.
Evilyn visita Israel há quase 50 anos e nunca havia passado por momentos tão delicados no país. LeiaJá Imagens
“Teve um momento que eu desci como os meus netos para brincar em um parquinho a menos de 100 metros da casa onde a minha filha tá morando. Tava tudo tranquilo, dois dias sem sirenes nem nada, a gente tava jogando futebol e veio a sirene de novo. A gente saiu correndo, tive que pegar minha neta de cinco anos porque ela tava chorando muito. Minha filha e meu neto também estavam muito assustados. Então, a gente conseguiu rapidinho entrar apartamento dela, que tem um bunker”, relatou.
No dia do primeiro ataque do Hamas, no sábado (7), a família precisou dormir dentro de um bunker. A memória de Evelyn é de dividir o espaço com quatro pessoas e um cachorro.
"Muito aterrorisador. Eu nunca tinha escutado a sirene ainda. Então [veio] aquele barulho ensurdecedor e a gente já fechou as portas. No sábado a gente ficou seis vezes dentro do bunker e a gente acabou dormindo lá".
Alessandro acompanhava uma excursão em um grupo de 40 pessoas. LeiaJá Imagens
Aos 55 anos, Alessandro participava da sua primeira excursão à Terra Santa com um grupo de 40 pessoas. Natural de Goiânia, ele não esperava que o roteiro pelos locais sagrados seria interrompido por uma realidade tão violenta.
O voo para deixar o país foi cancelado e o grupo estava desesperado para sair de lá. As atualizações sobre o número de vítimas só aumentavam o pânico por ter o voo de volta cancelado.
"Foi apavorante porque estávamos no meio do conflito e chegavam um monte de informações trágicas e terríveis e a gente só pensava em sair de lá. Nós tivemos que descer no bunker duas vezes depois de escutar uma sirene de alarme de bombas. A gente desceu até o porão do hotel para se esconder das bombas. Como a gente ia sair de lá? É um terror e a única expectativa para sair era nesse voo da FAB".
Camila segura Maria Vitória no colo. LeiaJá Imagens
Com a filha Maria Vitória, de um ano e um mês, nos braços, a jogadora de vôlei Camila Rodrigues foi a Israel há um mês para disputar a liga nacional. Ela se estabeleceu em Nazareth, ao norte do país, com planos de ficar na cidade até o fim da temporada, em abril do próximo ano.
A ponteira Maccabi Nazareth se surpreendeu com a forma como os moradores da região encaravam o conflito de forma natural e tranquila. Segundo Camila, eles seguiram a vida normalmente por confiar no histórico de Nazareth sendo evitada por terroristas. Inclusive, o alarme da cidade nunca havia sido disparado, disse. "Eles estão acostumados a viver dessa forma lá, mas a agente não tá acostumado como nada disso".
A informação sobre os ataques chegou através de amigas que jogam em Tel Aviv e descreveram a realidade dentro de bunkers e embaixo de escadas para se proteger. A atleta já se mobilizava para deixar o local, quando foi surpreendida por um alarme falso de ataque.
"Falaram que era um enxame de drones e que eles detectaram como se fosse um míssil, então o alarme disparou. Eu só peguei ela e sai correndo para casa. Só de escutar a sirene já é algo desesperador Eu só pensava nela", relembra. De volta à Píracicaba, no interior de São Paulo, ela vai buscar um novo clube para seguir carreira.