Novembro já é o mês com maior número de baleados na RMR

Com crescimento da violência armada no Grande Recife, acumulado parcial do 11º mês registra 96 mortos e 44 feridos em apenas 21 dias

por Vitória Silva qua, 22/11/2023 - 10:46
Unsplash Violência armada aumentou em 57% no Grande Recife Unsplash

Novembro nem terminou, mas já é o mês de 2023 com o maior número de pessoas baleadas em tiroteios na Região Metropolitana do Recife (RMR). A informação é do Instituto Fogo Cruzado, que mapeia a violência armada em capitais brasileiras como o Recife, Rio de Janeiro e Salvador. No mês de outubro, o Instituto já havia constatado que a violência por ocorrências com armas de fogo aumentou em 57% na região. No levantamento mais recente, desta quarta-feira (22), foi exposto que, em 21 dias, novembro teve 140 pessoas baleadas nos 109 tiroteios registrados. 

O indicador soma o número de mortos e feridos; nestes 21 dias do 11º mês, 96 pessoas morreram e 44 ficaram feridas. O mês também tem o número total de baleados mais elevado em relação aos outros 10 meses, mas, isoladamente, a quantidade de mortos e de feridos não foi a maior. Novembro ocupou a segunda posição do ranking em número de mortos vitimados nestas situações: empatou com setembro (também com 96 mortos) e ficou atrás de fevereiro (103 mortos). No recorte de feridos, também ocupou a segunda posição, empatando com abril (44 atingidos) e atrás apenas de março (47 atingidos).  

No acumulado de 2023, entre 1º de janeiro e 21 de novembro, houve 1.618 tiroteios que deixaram 1.851 baleados (1.324 mortos e 527 feridos). Números apontam para um aumento de 7% nos tiroteios, 14% na quantidade de mortos e queda de 8% na de feridos em comparação com o mesmo período de 2022, que concentrou 1.510 tiroteios e 1736 baleados (1.161 mortos e 575 feridos). 

Letalidade policial 

O número de baleados em tiroteios durante ações e operações policiais foi ainda mais preocupante. Ao menos 13 pessoas foram atingidas (11 morreram e duas ficaram feridas). O número de baleados nesses casos é o maior registrado em comparação com os primeiros 21 dias dos meses anteriores. No acumulado do ano até agora, houve 87 tiroteios em ações e operações policiais que deixaram 103 baleados (63 mortos e 40 feridos). 

A falta de planejamento do estado para conter os avanços da violência armada é parte do problema identificado por Ana Maria Franca, coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado em Pernambuco. “O ano está chegando ao fim e nada foi feito para trazer segurança para a população. O Estado não tem um plano de segurança pública estruturado para combater a violência. Falta transparência, faltam dados de qualidade para subsidiar políticas públicas e falta vontade política para abandonar os métodos de combate à violência que já se mostraram ineficazes. Um planejamento de segurança pública eficiente tem que ser baseado em dados. Sem dados, não pode haver um plano. É preciso revelar o que se quer esconder.” 

A violência armada tem chegado também nos principais destinos turísticos de Pernambuco. No último fim de semana, três civis foram mortos durante uma ação policial em Porto de Galinhas, em Ipojuca, no dia 18. Dois dias antes, três civis foram mortos e um ficou ferido durante ação policial na comunidade do V8, no Varadouro, em Olinda, no dia 16, próximo ao sítio histórico. 

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