Professora é presa por engano e perde a própria formatura
Samara, de 23 anos, passou 8 dias presa até que a família provasse sua inocência
Libertada na sexta-feira (1º), a professora Samara Araújo, erroneamente detida no Rio de Janeiro, viu-se compartilhando cela com outras 21 mulheres durante um dos oito dias que passou no presídio feminino de Benfica. As informações são do g1.
Residente em Rio Bonito, a jovem teve sua vida drasticamente transformada ao ser acusada por um delito ocorrido há 13 anos, quando ela contava apenas 10 anos de idade, na distante Paraíba, a milhares de quilômetros de sua residência. Ao adentrar o ambiente prisional, ela experimentou uma sensação de completo abandono.
Privada da participação em sua própria cerimônia de formatura e sem discernir se era dia ou noite, Samara não pôde participar da solenidade de sua formatura em Matemática na UFF. A celebração ocorreu no último fim de semana, período em que ela ainda estava sob detenção.
Externamente, a aflição envolvia sua família. O pai da moça passou todas as noites dormindo na porta da penitenciária, permanecendo dentro do carro até sua liberação.
Entenda
Samara foi acusada de um crime de extorsão cometido há 13 anos, quando ela tinha apenas 10 anos – o que pela lei é proibido, porque um menor não responde a crimes.
"Sempre trabalhei, dei minhas aulas, faço tudo correto, nunca esperava parar ali", afirma a jovem.
Ela estava na casa de um aluno particular quando os policiais chegaram para cumprir o mandado. "Eu me desesperei", relembra.
Em 2010, um comerciante residente em São Francisco, na Paraíba, foi submetido à coação por telefone por um indivíduo que afirmava estar armado nas proximidades de sua loja. Temendo pela própria vida, o homem foi compelido a realizar oito transferências no valor de R$1 mil cada.
As investigações revelaram que uma das contas utilizadas estava vinculada ao CPF de uma moradora de Rio Bonito, localizada a mais de 2 mil quilômetros de distância.
Segundo a defesa de Samara, o CPF dela foi alvo de roubo e posteriormente utilizado pelos criminosos para abrir as contas bancárias. Demonstrando indignação, ela afirma que não pretende esquecer o ocorrido. "Esquecer não tem como. Porque se eu esquecer, vou ignorar algo que acontece no seu país e antes eu não tinha noção", revela.
Posicionamento dos Envolvidos
A Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou que apenas executou o mandado de prisão e que a investigação está a cargo da polícia da Paraíba.
O Ministério Público da Paraíba declarou que manifestou apoio à defesa assim que tomou conhecimento da situação, na última terça-feira (28). O Ministério Público confirmou que o grupo criminoso utilizava CPFs de terceiros.
Por sua vez, o Tribunal de Justiça da Paraíba informou que o alvará de soltura foi emitido e que o próprio advogado de Samara expressou agradecimento pelo empenho da Justiça em resolver o caso.