Lula defende faxina em ministérios

Ele afastou o risco de que essa reestruturação da máquina pública possa criar uma crise na base aliada

Agência Estadopor Agência Estado sex, 12/08/2011 - 20:00
Antônio Cruz/ABr Ex-presidente prestigiou evento com o ministro da Educação (D), em São Bernardo Antônio Cruz/ABr

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje a faxina que vem sendo promovida pela presidente Dilma Rousseff nos ministérios dos Transportes e da Agricultura. Ressaltou que as mudanças na estrutura do governo federal valem "para qualquer partido" e "para qualquer aliado". "A presidente está apenas garantindo com que os órgãos de investigação trabalhem de modo correto", disse.

Ele afastou o risco de que essa reestruturação da máquina pública possa criar uma crise na base aliada. Segundo ele, a presidente tem uma boa relação com as siglas que a apoiam no Congresso. De acordo com ele, os partidos sabem "que ninguém pode ser colocado no governo federal no intuito de se apropriar do dinheiro público".

"As pessoas se queixam agora como se queixavam de mim e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, porque é normal que a base aliada queira cada vez mais ser atendida". O ex-presidente pediu paciência e lembrou que a atual presidente está apenas há seis meses à frente do Palácio do Planalto. "O que é importante é que ela está fazendo um trabalho extraordinário", disse.

O ex-presidente participou hoje da 1ª Feira Literária de São Bernardo do Campo (SP), promovida no Pavilhão Vera Cruz. Na visita, tirou fotos, deu autógrafos e conversou com estudantes e professores. O ministro da Educação, Fernando Haddad, também presente ao evento, percorreu a Feira Literária no rastro do ex-presidente, o principal entusiasta de sua candidatura, em 2012, à Prefeitura de São Paulo.

Alvo de críticas de algumas alas petistas que veem nele falta de traquejo político, Haddad fez questão de acenar e ensaiou breves conversas com estudantes. O convite para comparecer à feira foi do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, tido como principal tutor do ministro para a corrida eleitoral.

Reunião

O ministro Haddad foi o primeiro a chegar ao evento, onde em seguida, reuniu-se com o prefeito de São Bernardo. O ex-presidente Lula chegou logo depois e foi acompanhado por Haddad e Marinho em uma rápida passagem pela Feira Literária. No trajeto, o ministro foi abordado por um pequeno grupo de estudantes que reivindicava o estabelecimento pelo governo federal de uma vinculação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área de Educação. No início, o ministro apenas acenou para o grupo de estudantes. Diante da insistência, aceitou um folheto e fez uma promessa: "Eu vou defender 11%!".

Lula e Haddad leram livros infantis para um grupo de 60 crianças, com idades entre 9 e 10 anos. A obra que ficou a cargo do ex-presidente foi a "Obax", de André Neves que conta a história de uma princesa africana. O ex-ministro leu "Asa de Papel", de Marcelo Xavier, que destaca a importância da leitura entre os jovens. Antes de começar a ler, o ex-presidente mostrou algumas figuras como a da árvore africana Baobá e das savanas, para facilitar o entendimento da história pelas crianças. Ao citar a savana africana, Lula a comparou com o cerrado brasileiro e aproveitou a oportunidade para ressaltar o crescimento da região Centro-Oeste, que segundo ele apresenta hoje a maior produtividade de grãos do Brasil.

A visita do pré-candidato do PT ao Grande ABC, berço político da sigla, faz parte da estratégia de Lula para arregimentar apoio de vereadores e prefeitos à candidatura de seu novo afilhado político. O lançamento do nome de Haddad ainda encontra resistência junto a lideranças do PT na cidade de São Paulo. Em especial junto a aliados da senadora Marta Suplicy, que se considera a candidata natural para a disputa municipal.

O ex-presidente tem atuado desde julho, no Instituto Cidadania, onde despacha atualmente para diminuir a rejeição ao ministro. O foco de ação de Lula tem sido lideranças políticas da Região Metropolitana de São Paulo e dirigentes críticos à defesa que ele faz ao nome de Haddad.

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