Assessor nega relação de Cachoeira com o governo do DF
Ex-chefe de gabinete do governador, Cláudio Monteiro, depõe na CPI do Cachoeira
Brasília - Apesar de ter o habeas corpus do Supremo Tribunal Federal assegurando-lhes o direito de permanecer em silêncio, caso haja risco de autoincriminação, Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, aceitou depor nesta quinta-feira (28), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados
Após o início das perguntas dirigidas pelos parlamentares, Cláudio Monteiro negou relações de Cachoeira como governo do DF. “No meu entendimento, não há relações do Carlos Cachoeira com o governo do Distrito Federal”, disse. Ele também frisou que não fez ligações telefônicas para o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) nem recebeu ligações dele. Cláudio Monteiro é citado em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal como possível facilitador do esquema de Cachoeira no governo do DF.
Outras duas pessoas foram convocadas para depor nesta quinta. O ex-assessor da Casa Militar do DF, Marcello de Oliveira Lopes, estaria envolvido com a tentativa de nomear um aliado de Cachoeira no Serviço de Limpeza Urbana (SLU), de acordo com investigações da PF. Já o ex-subsecretário de Esportes do DF, João Carlos Feitoza, é suspeito de receber dinheiro do grupo de Cachoeira e ser o contato entre o governador e o contraventor. Os dois também possuem habeas corpus, assegurando o direito de ficarem calados. Caso ambos não queiram depor, eles deverão ser dispensados pela CPI, procedimento adotado também com outros depoentes.
Ontem, depois que duas pessoas se negaram a depor, os parlamentares decidiram rediscutir o que fazer nesses casos – se liberam as pessoas ou seguem com as perguntas, mesmo que não obtenham resposta. Mas, por falta de quorum, nada foi decidido. Hoje, na abertura da CPI, os parlamentares também comentaram o assunto, mas também não houve uma decisão final.
Segundo o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) mudar o rito não seria a melhor escolha porque a comissão pode ser acusada de se comportar de forma diferente em relação aos convocados. A sugestão dele é de que as pessoas que foram dispensadas sem perguntas sejam reconvocadas. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que a liberação passa para a população a ideia de que “ganhou o bandido, perdeu a CPMI”, e que “a CPMI não serve para nada”.
Por outro lado, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) defendeu que passar horas indagando uma pessoa que não quer depor não é eficiente. Já o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse que uma pessoa não pode antever que uma pergunta a levará à autoincriminação. “Isso é absolutamente impossível. Ela vai ter que dizer isso a cada pergunta. Só depois da pergunta é que ela vai decidir se a resposta pode incriminá-la ou não”, acrescentou.