Aécio critica cancelamento de viagem de Dilma
Presidente adiou viagem aos Estados Unidos, por conta do mal-estar diante das denúncias de espionagem internacional
Pré-candidato do PSDB a Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB) não perdeu tempo e criticou a atitude da presidente Dilma Rousseff (PT) de ter cancelado a viagem aos Estados Unidos. O mal-estar diante das denúncias de espionagem internacional foi o principal motivo para a desistência da visita.
Em nota, Aécio Neves relatou a indignação sobre o episódio de espionagem e que seria muito mais adequado que a presidente enfrentasse essa questão pessoalmente com o presidente Barack Obama. Para ele, Dilma perdeu a oportunidade de “defender os interesses da economia e, até mesmo, de determinadas empresas brasileiras”.
Confira a nota na íntegra:
“Todos nós já demonstramos a nossa indignação em relação ao que ocorreu, a espionagem havida. Ela é inadmissível. Mas na nossa avaliação, seria muito mais adequado que a presidente dissesse isso objetiva e claramente ao presidente americano e aproveitasse esta viagem não apenas para enfrentar esta questão, mas para defender os interesses da economia e, até mesmo, de determinadas empresas brasileiras. Era a oportunidade de a presidente ter uma agenda afirmativa em defesa dos interesses do país. Ela opta, mais uma vez por privilegiar o marketing. E o curioso é que, ao que parece, a decisão foi tomada não em reunião com o ministro das Relações Exteriores – ele me parece ter sido comunicado –, mas em reunião com aqueles que formulam a estratégia eleitoral da presidente.
O evento corrido é inadmissível e dissemos isso de forma absolutamente clara. Neste instante, não existe governo e oposição. Existe uma nação que não aceita ser espionada. Da mesma forma é inaceitável que o governo brasileiro não tenha gasto sequer 10% de uma verba orçamentária aprovada com defesa cibernética. Era uma demonstração de que o governo teria de estar dando também de preocupação com estas questões. Fica aqui uma sugestão à presidente da República para que façam investimentos previstos no Orçamento. Nem 10% foram feitos.
O correto seria que a presidente mantivesse esta viagem porque nelas estão ou estariam previstas reuniões de interesse do Brasil, de setores importantes da economia brasileira, que diz respeito ao nosso saldo da balança comercial, à superação do déficit existente hoje em relação aos Estados Unidos. Estas são questões reais que deveriam estar sendo tratadas pela presidente da República. Inclusive à questão do acesso indevido às informações, seja de empresas, seja de pessoas. Ela deveria estar usando isso, neste momento, para conversar frente a frente com o presidente americano.
Eu vou usar um termo, talvez uma frase, que sintetiza o que estou querendo dizer: abdica-se mais uma vez a defesa de interesses reais do Brasil para privilegiar uma ação de marketing eleitoral”.