CPMI ouve diretor de abastecimento da Petrobras na quarta

Substituto de Paulo Roberto Costa, José Carlos Cosenza será interrogado pelos parlamentares sobre possíveis envolvimentos com Alberto Yousseff

por Giselly Santos dom, 19/10/2014 - 16:00
Agência Senado José Carlos Cosenza, que substituiu Paulo Roberto como diretor de Abastecimento da estatal Agência Senado

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras ouve quarta-feira (22), às 14h30, o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, que assumiu o posto no lugar de Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O depoimento ocorre em razão de dois requerimentos, apresentados pelo deputado Rubens Bueno (PPS-PR) e pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) e subscritos pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e outros.

Segundo Bueno, Cosenza vai prestar esclarecimentos sobre revelações feitas pela imprensa envolvendo menções a seu nome e o ligando a condutas consideradas criminosas pelo doleiro Alberto Youssef (preso sob acusação de prática de crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa), Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) e pelo deputado Luiz Argôlo (SD-BA) — alvo de duas representações no Conselho de Ética da Câmara por quebra do decoro parlamentar em virtude de seu envolvimento com Youssef.

Em seu requerimento, Carlos Sampaio destaca a demissão recente de vários executivos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, e afirma que Cosenza, que ocupa o cargo no lugar de Paulo Roberto, “por indicação do PMDB, não caiu”. Registra ainda que o ex-diretor tentou fazer negócios diretamente com a estatal depois de deixar o cargo, ao enviar uma carta à presidente da companhia, Graca Foster, propondo parceria entre a empresa e a REF Brasil, um empreendimento que ele vinha tocando até ser preso e que previa a construção, com recursos privados, de pequenas refinarias de petróleo em pelo menos quatro estados brasileiros.

De acordo com o requerimento, o ex-diretor queria que a Petrobras fornecesse petróleo para refinarias ou contratasse os serviços da REF. Na carta, cujo rascunho foi apreendido pela polícia, Paulo Roberto tenta convencer a presidente da estatal, ao sugerir a assinatura de um "memorando de confidencialidade" para que as partes - REF e Petrobras — pudessem discutir o "negócio". A carta de Paulo Roberto recebeu encaminhamento dentro da Petrobras. Graça Foster determinou que o sucessor de Paulo Roberto na Diretoria de Abastecimento da estatal, Jose Carlos Cosenza, tratasse do assunto.

Ainda de acordo com o requerimento, a Petrobras garantiu que a proposta de Paulo Roberto não foi adiante. E que o próprio Cosenza respondeu a ele. Na resposta, de acordo com nota da estatal, Cosenza "afirma que a presidente da Petrobras o incumbiu de responder sobre a inviabilidade de a companhia participar de qualquer um dos modelos propostos, tampouco assinar qualquer memorando de confidencialidade”.

*Com informações da Agência Senado

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