Lava Jato: socialistas defendem Campos e pedem cautela
O ex-governador de Pernambuco foi acusado de ter recebido R$ 8,7 milhões em propina da Camargo Corrêa
Após o nome do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), voltar a ser citado em depoimento de delação premiada da Operação Lava Jato, socialistas pediram cautela na análise das denúncias e observaram a necessidade da conclusão das investigações para que algumas informações do caso sejam divulgadas. Em novo depoimento, o executivo da Camargo Corrêa e delator, Dalton dos Santos Avancini, afirmou que a empreiteira pagou R$ 8,7 milhões em propina para a campanha Campos ao governo estadual.
O repasse do dinheiro teria sido feito, segundo ele, por meio de um contrato fictício do Consórcio CNCC, liderado pela Camargo Corrêa e com a participação da Odebrecht, para as obras de terraplenagem da refinaria de Abreu e Lima (Renest), em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife.
“Temos que ter muita cautela e aguardar as apurações, não podemos fazer qualquer presunção. Temos que aguardar as investigações. O PSB já vem se pronunciando sobre isso e dito que todas as doações de campanha foram legais”, observou a deputada estadual Raquel Lyra (PSB). Ela também reconheceu o trabalho do juiz Sérgio Moro e disse que a Lava Jato vai marcar uma nova era na política do Brasil. “Vamos ter uma virada de página da relação público-privada no Brasil”, acrescentou.
Asseverando a correligionária, o deputado estadual Vinicius Labanca pontuou que “as provas ainda não estão tão claras”. “Por mais que você tenha muitas prisões decretadas, ainda prefiro aguardar as provas concretas. Prefiro ficar com a opinião que tenho de Eduardo Campos ao invés de confiar na palavra de um cara que já devolveu milhões de reais para os cofres públicos e está condenado pela população por ter sido um dos grandes operadores da maior sacanagem no Brasil”, asseverou o correligionário e deputado estadual, Vinicius Labanca.
Para o parlamentar, a Justiça Federal deveria conter mais as informações declaradas em delação premiada até que sejam encontradas provas concretas sobre as acusações. “Preferia que a justiça não deixasse que essas coisas vazassem, só liberassem estas informações se fosse realmente concretas. É muito fácil falar de águem que não está aqui para se defender. Espero realmente que as coisas sejam apuradas e no fim das contas todos vão ver que não houve irregularidades na campanha”, afirmou Labanca.
Esta não foi a primeira o nome do ex-governador – falecido em agosto de 2014 – é citado no escândalo. No fim do ano passado, o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, afirmou ter intermediado o pagamento de propina de R$ 20 milhões para campanha de Campos em 2010. Motivo, inclusive, pelo qual o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) responde a um inquérito instaurado no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da União. O senador é acusado de intermediar a propina. Ele, no entanto, afirmou ser inocente.
*Com informações de Élida Maria