CPI da Petrobras pede acesso à delação de Ricardo Pessoa

Em depoimento, ele teria dado à Justiça o nome de 18 políticos beneficiados por recursos desviados de contratos com a Petrobras

por Dulce Mesquita ter, 30/06/2015 - 12:10
Nilson Bastian/Câmara dos Deputados Hugo Mota solicitou o acesso à delação ao STF e ao juiz Sérgio Moro Nilson Bastian/Câmara dos Deputados

A CPI da Petrobras quer ter acesso ao conteúdo da delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC. O presidente do colegiado, deputado Hugo Mota (PMDB-PB), enviou ofício com solicitação ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

Em depoimento, Pessoa teria dado à Justiça o nome de 18 políticos beneficiados por recursos desviados de contratos com a Petrobras. O dinheiro foi usado em campanhas eleitorais de partidos do governo e da oposição. O colegiado quer ter acesso à delação antes de marcar o depoimento de Pessoa na CPI. O requerimento de convocação já foi aprovado.

Durante a sessão desta terça-feira (30), o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), negou que tenha recebido doações ilegais do empresário e que não se sente constrangido por ter sido mencionado pelo delator da Operação Lava Jato. "O que recebi das empresas, recebi legalmente", frisou.

Acareações

O presidente Hugo Mota confirmou o calendário de acareações entre delatores e acusados da Lava Jato, em conformidade com as datas disponibilizadas pela Justiça. Duas serão realizadas na próxima semana e a outra ficará para agosto, após o recesso parlamentar.

No dia 8 de julho, serão ouvidos o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. No dia seguinte, serão confrontadas as versões de Barusco e do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Já no dia 6 de agosto, os deputados ouvirão o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa.

Na CPI, Barusco, confirmou o recebimento de propinas desde 1997, período do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, a propina paga pelas empresas contratadas pela Petrobras variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos. Já Duque preferiu ficar em silêncio, valendo-se do direito constitucional de não falar.

João Vaccari Neto negou que tenha recebido propinas para o PT de dinheiro desviado de grandes contratos da Petrobras. O depoimento dele contradisse o de Barusco, que afirmou ter repassado entre US$ 150 e 200 milhões relativos a cerca de 90 contratos.

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