Debate sobre questão de gênero nas escolas divide opiniões
Para a vereadora Isabella de Roldão (PDT), excluir o assunto das pautas escolares é "um retrocesso"
A abordagem de assuntos que discutam a questão de gênero nas escolas voltou a ser tema de debate na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e na Câmara dos Vereadores do Recife. O centro da discussão agora é um livro didático que estaria sendo distribuído para os alunos do Ensino Fundamental e trata sobre o assunto. Para alguns parlamentares, o exemplar diverge do Plano Municipal e Estadual de Educação – que excluiu a ideologia de gênero das salas de aula.
Na Câmara, diante do debate, o vereador Carlos Gueiros (PTB) apresentou um projeto proibindo a discussão de ideologia de gênero e da diversidade sexual nas escolas públicas da capital pernambucana. Segundo o texto, cabe aos “pais o direito e responsabilidade de educar para a formação da personalidade dos filhos, tirando assim essa obrigação da escola”. Também na Casa José Mariano, o vereador Luiz Eustáquio (Rede) apresentou um requerimento solicitando uma audiência pública para debater o tema.
Já na Alepe, o deputado Joel da Harpa (PTN) questionou o livro didático e disse que a publicação contem trechos questionáveis sobre a nudez e o conceito de família, além de sugerir como bibliografia complementar o livro “Planeta Eu”, que abordaria a temática do sexo de forma explícita. “O homossexualismo existe desde os primórdios, a sexualidade é algo pessoal, mas não podemos induzir uma criança de 6 anos a isso”, disparou.
Apesar destas posturas, outros parlamentares defendem a bandeira da inclusão do assunto nas salas de aula. Para a vereadora Isabella de Roldão (PDT) é um “retrocesso” não estimular que as escolas preguem o respeito à diversidade sexual. “A escola, assim como a família, contribui com a personalidade da criança. Você colocar uma criança para estudar em uma escola intolerante e tem os pais liberais, do que adianta? Uma escola que estimula o desrespeito e que vê aquilo como consequência do pecado? A consequência é apanhar? É morrer? A pessoa tem que ser vítima de desrespeito, espancamento e preconceito?”, indagou.
A pedetista pediu vistas ao requerimento de Eustáquio e protestou contra a proposta de Gueiros. "A gente precisa acordar e não retroceder. Precisamos ensinar nossos filhos a respeitar, quer seja pela escola ou pela família”, observou. Corroborando a vereadora, a deputada Teresa Leitão (PT) alegou que as escolas devem tratar de forma educativa a realidade dos estudantes. “Os educadores não podem dar as costas para a realidade dos estudantes”, defendeu.