Brasília receberá primeira concentração popular polarizada
As concentrações populares históricas na Esplanada sempre tiveram bandeiras únicas
Pela primeira vez em sua história, Brasília receberá, no domingo, 17, uma multidão politicamente polarizada na Esplanada dos Ministérios. O governo do Distrito Federal espera um público de 200 mil pessoas para acompanhar a votação do impeachment. "É a primeira vez que um evento dessa magnitude acontece. No impeachment do presidente Fernando Collor, havia unanimidade a favor do afastamento dele. Agora é diferente", disse o governador Rodrigo Rollemberg.
As concentrações populares históricas na Esplanada sempre tiveram bandeiras únicas. Foi assim no velório de Juscelino Kubitschek (1976), na campanha das Diretas-Já (1984), na morte de Tancredo Neves (1985), no movimento dos caras pintadas (1992), na marcha de partidos de esquerda contra o governo Fernando Henrique Cardoso (1999), na primeira posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2002), nos protestos de junho e julho de 2013 e nas mobilizações contra e a favor da presidente Dilma neste ano.
Polêmica
Para evitar conflitos, a polícia adotou a estratégia polêmica de instalar um muro metálico ao longo de todo o canteiro central da Esplanada, do gramado do Congresso à rodoviária. "Sei que essa ideia recebeu críticas, mas até agora ninguém apresentou ideia melhor", declarou Rollemberg.
Uma das áreas mais críticas é a rodoviária, onde boa parte do público desembarcará. O local deve receber um contingente policial reforçado. Todo o efetivo de 14.300 homens da Polícia Militar e 4.500 da Civil estará à disposição do evento. Até o momento, não está definido se a Força Nacional irá atuar.
Entidades empresariais e de profissionais liberais que defendem o impeachment contrataram empresas de segurança privada para proteger seus representantes. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) espera contar com os sindicatos de vigilância para que seus membros atuem na proteção das pessoas que defendem a presidente.
"Temos deixado claro nosso repúdio a qualquer agressão e esperamos que isso também ocorra do outro lado", disse Paulo João Estausia, da Confederação dos Trabalhadores em Transporte.
No acampamento contra o impeachment, próximo ao Estádio Mané Garrincha, havia nesta quarta-feira 2.500 pessoas. Já a área do grupo oposto contava com 25 militantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.