Olinda: Uma eleição que ficará para a história

O município protagonizou uma eleição histórica desde a derrota do PCdoB, após 16 anos, até a ida de dois candidatos ao segundo turno não previsíveis nos bastidores

por Taciana Carvalho sab, 29/10/2016 - 08:00

A eleição do segundo turno, que acontece no próximo domingo (30), ficará marcada em Olinda. A iniciar pela derrota histórica do PCdoB, que comandava a cidade há 16 anos. A então postulante Luciana Santos (PCdoB), forte candidata para uma possível ida ao segundo turno, por ser nome conhecido e ex-prefeita do município, não conseguiu sequer a terceira colocação ficando, no quarto lugar, com 16,57%.

Se por si só, o feito ficará guardado para a história de Olinda, outro fato surpreendeu a boa parcela de lideranças políticas: o deputado estadual e candidato do Solidariedade Professor Lupércio conseguiu passar para o segundo turno conquistando 23,38% dos votos dos olindenses.

Se Lupércio, apesar de ser figura pública, pouco cogitado estava, nos bastidores, para disputar o pleito do segundo turno, a ida do irmão ex-governador Eduardo Campos, Antônio Campos (PSB), que disputou pela primeira vez uma eleição e ficou com 28,17% dos votos, foi outro fato que irá marcar a disputa, não apenas por ser um desconhecido por uma boa parte dos olindenses, mas também pela neutralidade do PSB à sua candidatura, no primeiro momento. Campos, durante a campanha do primeiro turno, lamentou a ausência do PSB em seu palanque. 

“Acredito que parte das outras candidaturas da base aliada do Governo Câmara tiveram o apoio velado, ou mesmo explícito, de alguns setores do Governo, a quem não interessa uma liderança nova no partido. Em Jaboatão, existe uma situação de base aliada do Governo  semelhante a Olinda e o governador inaugurou a campanha por lá. São dois pesos e duas medidas. E veja que só quero ser prefeito de Olinda para ajudar aquela cidade. Agora, a pretensa neutralidade, hoje, do governador poderá ser a neutralidade ou ação da Casa Arraes no futuro breve. Fica o registro para a história”, chegou a dizer Campos. 

Acusações no segundo turno

Passando o primeiro momento e vencendo candidatos conhecidos na política pernambucana, a troca de acusações marcaria o segundo turno entre Antônio Campos e Lupércio. Na primeira delas, Lupércio seguiu o lema de que Olinda precisava ser governada por alguém da terra. “Fora os forasteiros”, dizia.

Rebatendo as críticas, Campos adotou um tom mais severo chamando o seu opositor de mentiroso. “Ele mente, ele é do Recife. O problema não é de onde você vem e, sim, de quem mente”, pontuou o socialista. 

Dando sequencia às trocas de acusações, Lupércio se referia a Antônio Campos como “o candidato dos ricos”. Ele revidou afirmando que o candidato do Solidariedade era milionário, em última entrevista concedida ao Portal LeiaJá. 

“O professor Lupércio que não é nenhum coitadinho, ele é um professor, deputado estadual, ele não é pobre como diz. Sua declaração de imposto de renda mostra que ele é milionário. É O professor milionário Lupércio. Esse jogo do coitadinho e do filho de Peixinhos é mentira. Ele nem é coitadinho, nem pobrezinho e nem é de Peixinhos. Diz a verdade, Lupércio, assume de onde você veio e vai prestar contas à sociedade sobre teus atos”, desafiou, diversas vezes, Campos. 

Os postulantes chegaram a disputar uma liderança política da comunidade Beco da Marinete, localizada na periferia da cidade. 

Perfis

Antônio Ricardo Accioly Campos é filho do poeta e ficcionista Maximiano Campos e da atual ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes. O socialista é advogado, empresário, escritor, poeta e presidente do Diretório do Partido Socialista Brasileiro de Olinda. É filiado ao PSB há doze anos. O candidato é, ainda, editor, à frente da Carpe Diem Edições e Produções e sócio da Escrituras Editora, e palestrante da Escola Ruy Antunes da OAB-PE, na cadeira de Direito Eleitoral.

Já Lupércio, além de deputado estadual, é bacharel em Direito pela Faculdade de Olinda (Focca) e professor de matemática. Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado coordena a Frente Parlamentar de Combate ao Uso do Crack e Outras Drogas, é vice-presidente da Comissão de Esportes, além de comandar duas comunidades terapêuticas localizadas em Igarassu e Paulista.

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