"Temer é o chefe da quadrilha", afirma Joesley Batista

Em entrevista à revista Época, o empresário acusou Temer de liderar “a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil” e disse que o presidente "não é um cara cerimonioso com dinheiro"

por Eduarda Esteves sab, 17/06/2017 - 09:08
Reprodução/Internet 'Temer é o chefe da quadrilha Reprodução/Internet

O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, holding dos frigoríficos JBS, voltou a reafirmar suas acusações contra o presidente Michel Temer (PMDB) e detalhou como era seu relacionamento com o peemedebista desde 2009, quando se conheceram. Em entrevista à revista Época, Batista acusou Temer de liderar “a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil” e de usar a máquina do governo para retaliá-lo. 

Joesley conta que se encontrou várias vezes com o presidente no que classifica como "relação institucional", na qual Temer era um personagem forte do governo em que ele via "condição de resolver problemas" e, do outro lado, ele era um empresário capaz "de financiar as campanhas dele".

“O Temer é o chefe da Orcrim (organização criminosa) da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles”, disse Joesley ao jornalista Diego Escosteguy.

Ao ser questionado se Temer pediu dinheiro a ele já em 2010, logo depois de conhecê-lo, Joesley disse que sim. “Esse negócio de dinheiro para campanha aconteceu logo no iniciozinho. O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro”, declarou.

Indagado se pedia algo em troca, Joesley disse que as reuniões sempre estavam ligadas a algum pedido ou algum favor e que não havia um bate papo sem pretensões. "Uma delas foi quando ele pediu os R$ 300 mil para fazer campanha na internet antes do impeachment, preocupado com a imagem dele. Fazia pequenos pedidos", explicou. 

Sobre a relação de Eduardo Cunha e Michel Temer, Joesley comentou que havia uma hierarquia. "A pessoa a qual o Eduardo se referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer. Sempre falando em nome do Temer. Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a hierarquia. Funcionava assim: primeiro vinha o Lúcio [o operador Lúcio Funaro]. O que ele não conseguia resolver pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel", disse à revista. 

Durante a entrevista, o empresário também explicou como o PT de Lula “institucionalizou” a corrupção no Brasil e de que modo o PSDB de Aécio Neves entrou em leilões para comprar partidos nas eleições de 2014. Ele garantiu estar arrependido dos crimes cometidos e se defendeu das acusações de que lucrou com a própria delação. 

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