Prefeito de São Lourenço diz ser vítima de um golpe
"Estou tranquilo e certo de que todos os fatos serão esclarecidos. Estamos aqui para mostrar que estamos 100% confiantes na justiça, disse o prefeito
O prefeito de São Lourenço da Mata, Bruno Pereira (PTB), afirmou, na tarde desta sexta-feira (29), que está sendo vítima de um golpe. O petebista foi afastado das funções públicas pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) desde a última terça-feira (26), após da deflagração da Operação Tupinambá que investiga desvio de bens e verbas da administração municipal.
"Estou tranquilo e certo de que todos os fatos serão esclarecidos. Estamos aqui para mostrar que estamos 100% confiantes na justiça. Não vou aceitar nenhum tipo de golpe. A denúncia foi feita por um vereador e vamos provar que é inverídica", declarou o prefeito. Indagado sobre quem seria o parlamentar citado por ele, o prefeito disse que não mencionaria nomes. Nos bastidores, consta-se que ele se referia ao presidente da Câmara Municipal, Denis Alves (Podemos).
Diretamente sobre as acusações de fraudes que pesam contra ele, o Bruno Pereira disse que "tem que investigar e apurar tudo", mas negou ter cometido qualquer irregularidade. Quanto aos R$23 mil encontrados na sua residência durante a operação na última terça, o petebista reconheceu que costuma guardar valores em espécie. "Sempre saco dinheiro para fazer pagamentos, dos R$23 mil, R$14 mil era do salário do meu pai, R$ 6 mil do meu irmão e R$3 mil meus", detalhou. Até que o TJPE revogue o afastamento do prefeito titular, quem administra a cidade é o vice-prefeito Gabriel Neto (sem partido).
Ao lado do gestor afastado, o senador Armando Monteiro (PTB) reforçou o apoio da legenda ao político e a tese de "golpe" defendida pelo prefeito. "Pude perceber a firme disposição do prefeito em fornecer todas as informações necessárias. Atitude reveladora do compromisso que ele tem com a população que o elegeu. Do nosso partido estamos ao seu lado. Não é possível conceber que algumas injeções tomem um mandato conferido pelo povo", cravou. Além de Armando, o presidente estadual do PTB, deputado José Humberto Cavalcanti também estava na coletiva.
Esclarecimentos das denúncias
Entre as denúncias apresentadas pelo Ministério Público de Pernambuco, está a de desvios em aproximadamente R$23 milhões de processos licitatórios, que, inclusive, de acordo com o MPPE, não foram encontrados na sede da gestão municipal. De acordo com o procurador-geral do município Edson Vera Cruz, o fato já foi esclarecido para a polícia que não fez buscas na sala em que, de acordo com eles, é realmente armazenada a documentação. "Todos os procedimentos licitatórios foram realizados, cerca de 30 dias antes da Operação enviamos para o Ministério Público e a própria promotora disse que não haviam mais pendências.
Outro ponto, diz respeito a um vídeo divulgado na imprensa com a suposta retirada de documentos do prédio da prefeitura. Durante a coletiva, o prefeito e seus assessores esclareceram que se tratava de um caminhão que fazia a manutenção das impressoras do local.
Já quanto o fluxo de informações constantes no site de prestação de contas do Tribunal de Contas de Pernambuco, questionado pelo órgão que informou ter valores alterados com frequência, o controlador do município, José Felipe, afirmou que "não há nenhuma ingerência com relação aos dados. Não foram alterados".
Sobre a denúncia feita por uma advogada que constava no Portal de Transparência da cidade como médica, José Felipe disse que em 2017 ela não estava no quadro de funcionários. "Temos a informação por parte da denúncia feita no Ministério Público que se tratava de uma senhora de nome Ana Carla Brito e sabemos que ela prestou serviço em 2015 e 2016, mas em 2017 não. Um empenho foi lavrado neste sentido, mas cancelado depois que constatou-se que ela não era funcionária da gestão", pontuou.
Operação Tupinambá
Deflagrada na última terça-feira pela Polícia Civil, cumprindo 14 mandados de busca e apreensão, além do afastamento do prefeito e de outros servidores da administração municipal.
Além de Bruno Pereira, a investigação traz indícios de envolvimento dos secretários de Saúde, Breno Celson Nogueira da Silva, e Finanças, Jucineide Pereira de Melo; membros da Comissão Permanente de Licitação José Carlos de Araújo, Roseane Ramos Gonçalves Andrade e Severina Josefa Paulo da Silva Ramos.
Ainda foram citados os empresários Nelton Uchoa Simões, Severino Ramos da Silva, Carolina Azevedo da Costa, Eugênio Azevedo da Costa e Luciana Maria da Silva, da Esfera Construções LTDA ME.
Durante as ações policiais foram apreendidos R$ 28 mil em espécie, sendo R$ 23 mil na casa do prefeito, e duas armas de fogo. Além de equipamentos eletrônicos e documentos, nas residências dos investigados e na prefeitura.