Dom Saburido detona governo Temer após decreto

O arcebispo de Olinda e Recife criticou a lei sancionada pelo presidente que torna Dom Helder Câmara patrono dos direitos humanos. Ele pediu por coerência

por Taciana Carvalho qua, 03/01/2018 - 18:39
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, fez duras críticas ao governo Temer, por meio de um artigo, após o presidente ter sancionado a Lei n. 13.581, que concede a Dom Helder Câmara o título de patrono brasileiro dos direitos humanos. Saburido expôs que o texto da lei é sucinto, não explicita motivações e tampouco consequências. 

Saburido fez uma série de questionamentos direcionados ao presidente Michel Temer. “O que significa essa medida vir de um governo que justamente esvaziou a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e comprometeu todo o trabalho que vinha sendo feito na luta contra todo tipo de discriminações? Será que nomear Dom Helder patrono brasileiro dos Direitos Humanos fará o governo voltar atrás da decisão de reduzir substancialmente os gastos públicos em saúde e educação, deixando os milhões de pobres abandonados à própria sorte?”, disparou. 

“Como pensar em Direitos Humanos e relaxar as regras do controle ao trabalho escravo, assim como sujeitar os trabalhadores a regras que lhes são contrárias e que retiram direitos adquiridos na Constituição de 1988? E o que dizer da reforma da Previdência Social pela qual esse mesmo governo pressiona de formas ilícitas para vê-la aprovada?”, continuou perguntando. 

O arcebispo disse que diante do contexto foi “obrigado” a falar publicamente sobre o assunto. “Como arcebispo de Olinda e Recife, ministério que foi ocupado por Dom Helder Câmara, sinto-me, em consciência, obrigado a declarar publicamente que esse decreto presidencial, para ser sincero e coerente, precisa ser acompanhado por outro modo de governar o país e de cuidar do que é público, principalmente do bem maior que é o povo, sobretudo os mais fragilizados”. 

Dom Saburido ainda pediu que a luta pela justiça e paz continue. “Assim, como fez Dom Helder Câmara, trabalharemos pelos Direitos Humanos a partir da defesa dos direitos dos pobres, dos trabalhadores, das minorias excluídas e de todo ser vivo”, ressaltou. Ainda salientou que a política está desacreditada porque os políticos não primam pela coerência entre o seu falar e o seu agir.

 

 

 

COMENTÁRIOS dos leitores