Rio: Militância pede fim da intervenção

O ato reuniu milhares de pessoas que também pediram o fim da PM e as saídas de Temer, Pezão e Crivella

qui, 15/03/2018 - 20:14

Milhares de pessoas participaram da vigília em frente à Câmara Municipal do Rio, nesta quinta-feira (15), para protestar contra assassinato da vereadora Marielle Franco, 38 anos, e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes.

A movimentação em frente ao Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, começou pela manhã, com a presença de dezenas de militantes, amigos e representantes de movimentos sociais.

Além de homenagear a atuação da vereadora executada quando voltava de um evento na Lapa, na noite de quarta (14), o ato engrossou o coro contra a intervenção militar instaurada há um mês no Rio de Janeiro. 

Para a militância, o crime foi político, já que Marielle havia denunciado casos de abuso da força por policiais do 41BPM, principalmente na favela de Acari, na Zona Norte do Rio.

“Isso foi um recado. Não foi um assalto, não levaram nada. Eles nem fizeram questão de disfarçar”, enfatizou a pedagoga Maria Priscila, que trabalhou na campanha de Marielle em 2016.

A deputada do PC do B, Jandira Feghali, esteve na manifestação e confirmou que uma comissão parlamentar externa solicitou uma reunião com o general interventor, Braga Netto, pra acompanhar as investigações.

 “Essa própria intervenção vai ter a obrigação de investigar, porque se eles estão no comando da Polícia Militar e no comando da Polícia Civil eles têm a obrigação de investigar”, ressaltou.

 “Hoje é o dia mais triste da história do partido”

Depois que os caixões deixaram o salão da Câmara onde foram velados em cerimônia reservada à família e amigos, o público seguiu em caminha pela Avenida Rio Branco em direção à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Ao longo do trajeto foram entoados gritos de justiça, pelo fim da Polícia Militar e pedindo a saída de Michael Temer, do governador Luiz Pezão e do prefeito Marcelo Crivella. A caminhada contou com representantes de diversas entidades sindicais, artistas, estudantes e movimentos sociais. As universidades federais, UFF e UFRJ, PUC e a estadual Uerj decretaram luto oficial de três dias.

Na frente da Alerj, políticos de esquerda dividiram o microfone com militantes e reivindicaram justiça para a morte de Marielle. “Eles perderam completamente a vergonha de atacar uma mulher parlamentar”, afirmou o deputado federal pelo PSOL, Glauber Braga. 

O presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, confirmou ter recebido uma ligação de Temer e teria pedido ao presidente que acabasse com a intervenção no Rio. “Hoje é o dia mais triste da história do partido”, lamentou.

Ao lado do cantor Chico Buarque, o deputado estadual, Marcelo Freixo, com quem Marielle Franco trabalhou por 10 anos na Comissão de Direitos Humanos da Alerj, foi o último a discursar. “Nem que seja a última coisa que eu faça na vida, mas vou descobrir quem fez essa covardia”, assegurou.

Nascida e criada no Complexo de Favelas da Maré, Marielle Franco era socióloga formada pela PUC Rio, com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela cumpria o primeiro mandato de vereadora e foi eleita com mais de 46 mil votos, sendo a quinta mais votada do pleito de 2016.

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