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Um levantamento do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) identificou a prática de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), na Câmara Municipal do Rio. Ao menos seis pessoas nomeadas para sua equipe teriam transferido mais de R$ 2 milhões para o chefe de gabinete do filho do ex-presidente. 

O laudo obtido pelo O Globo constatou que, entre 2009 e 2018, os servidores fizeram 688 transferências para a conta de Jorge Luiz Fernandes. Conhecido como Jorge Sapão, homem de confiança de Carlos, assim como Fabrício Queiroz era para o senador Flávio Bolsonaro. 

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Flávio e Carlos Bolsonaro. Os irmãos são investigados pela prática de rachadinha. Reprodução/Redes Sociais

A movimentação financeira levantada pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do MPRJ também identificou que Sapão pagou despesas de Carlos através de contas pessoais. 

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Mesmo considerado um bojo de provas robusto, a 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada ainda quer verificar se os desvios eram regulares para comprovar se Carlos Bolsonaro foi beneficiado pelas transferências de parte dos salários do seu gabinete. 

Família da ex-madrasta

A investigação sobre a prática de rachadinha em seu gabinete foi motivada por uma reportagem da Época, em junho de 2019, que revelava que sete parentes da ex-esposa de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, foram empregados, mas não iam à Câmara. 

Em um desdobramento da reportagem, quatro servidores admitiram que não trabalhavam no gabinete de Carlos Bolsonaro. O sistema confirmou as respectivas nomeações e os salários em dia. Um dos casos é o de Marta Valle, cunhada da sua ex-madrasta. Apesar do salário de R$ 17 mil do gabinete, ela mora em Juiz de Fora, em Minas Gerais. 

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Milhares de pessoas participaram da vigília em frente à Câmara Municipal do Rio, nesta quinta-feira (15), para protestar contra assassinato da vereadora Marielle Franco, 38 anos, e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes.

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A movimentação em frente ao Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, começou pela manhã, com a presença de dezenas de militantes, amigos e representantes de movimentos sociais.

Além de homenagear a atuação da vereadora executada quando voltava de um evento na Lapa, na noite de quarta (14), o ato engrossou o coro contra a intervenção militar instaurada há um mês no Rio de Janeiro. 

Para a militância, o crime foi político, já que Marielle havia denunciado casos de abuso da força por policiais do 41BPM, principalmente na favela de Acari, na Zona Norte do Rio.

“Isso foi um recado. Não foi um assalto, não levaram nada. Eles nem fizeram questão de disfarçar”, enfatizou a pedagoga Maria Priscila, que trabalhou na campanha de Marielle em 2016.

A deputada do PC do B, Jandira Feghali, esteve na manifestação e confirmou que uma comissão parlamentar externa solicitou uma reunião com o general interventor, Braga Netto, pra acompanhar as investigações.

 “Essa própria intervenção vai ter a obrigação de investigar, porque se eles estão no comando da Polícia Militar e no comando da Polícia Civil eles têm a obrigação de investigar”, ressaltou.

 “Hoje é o dia mais triste da história do partido”

Depois que os caixões deixaram o salão da Câmara onde foram velados em cerimônia reservada à família e amigos, o público seguiu em caminha pela Avenida Rio Branco em direção à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Ao longo do trajeto foram entoados gritos de justiça, pelo fim da Polícia Militar e pedindo a saída de Michael Temer, do governador Luiz Pezão e do prefeito Marcelo Crivella. A caminhada contou com representantes de diversas entidades sindicais, artistas, estudantes e movimentos sociais. As universidades federais, UFF e UFRJ, PUC e a estadual Uerj decretaram luto oficial de três dias.

Na frente da Alerj, políticos de esquerda dividiram o microfone com militantes e reivindicaram justiça para a morte de Marielle. “Eles perderam completamente a vergonha de atacar uma mulher parlamentar”, afirmou o deputado federal pelo PSOL, Glauber Braga. 

O presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, confirmou ter recebido uma ligação de Temer e teria pedido ao presidente que acabasse com a intervenção no Rio. “Hoje é o dia mais triste da história do partido”, lamentou.

Ao lado do cantor Chico Buarque, o deputado estadual, Marcelo Freixo, com quem Marielle Franco trabalhou por 10 anos na Comissão de Direitos Humanos da Alerj, foi o último a discursar. “Nem que seja a última coisa que eu faça na vida, mas vou descobrir quem fez essa covardia”, assegurou.

Nascida e criada no Complexo de Favelas da Maré, Marielle Franco era socióloga formada pela PUC Rio, com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela cumpria o primeiro mandato de vereadora e foi eleita com mais de 46 mil votos, sendo a quinta mais votada do pleito de 2016.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Jogos Olímpicos, criada para investigar os contratos da Prefeitura do Rio nas obras dos Jogos do Rio-2016, foi suspensa pela Câmara Municipal no fim da tarde desta terça-feira. Por 25 votos a 4, os parlamentares aprovaram requerimento do vereador Jimmy Pereira (PRTB), que questionou a manutenção da CPI enquanto a composição da comissão está sendo questionada na Justiça.

A CPI foi instalada em 3 de maio e, dos cinco vereadores que a compõem, quatro são do PMDB, partido do prefeito Eduardo Paes. O único oposicionista é Jefferson Moura (Rede), que propôs a comissão.

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A CPI é alvo de ação judicial movida pela vereadora Tereza Bergher (PSDB), que questiona uma comissão de maioria governista. A ação tramita na 7.ª Vara de Fazenda Pública do Rio e os trabalhos vinham sendo realizados graças a uma liminar.

Agora, a CPI está definitivamente suspensa por ordem do plenário da Câmara. Os vereadores aprovaram o requerimento de Pereira, e, assim, os trabalhos da comissão só deverão prosseguir após decisão da Justiça.

A decisão da Câmara desagradou Tereza Bergher que, apesar de ter acionado a Justiça questionando a CPI, queria a manutenção das investigações. "Há uma decisão judicial para que a CPI prossiga com o seu trabalho. Este requerimento do Jimmy Pereira é uma nítida desobediência judicial. Vou recorrer ao Tribunal de Justiça", afirmou Bergher.

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