João Campos diz que Lula ''pode ter cometido equívocos''

Apesar disso, o filho de Eduardo Campos afirmou estar triste com a prisão do ex-presidente e lamentou a ''seletividade da Justiça''

por Giselly Santos qui, 31/05/2018 - 11:37
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo João também comentou sobre como defenderá o legado do pai na disputa Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Com o PT e o PSB ensaiando uma reaproximação eleitoral, o filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos (PSB), afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “pode ter cometido equívocos durante a vida”, ao comentar a prisão do líder-mor petista, desde o dia 7 de abril, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Apesar disso, o pré-candidato a deputado federal afirmou estar triste com a prisão do ex-presidente e lamentou a 'seletividade da Justiça'. 

“A gente está muito triste com a prisão do Lula por tudo o que ele fez no Pernambuco, no Nordeste e por tudo que ele construiu. Ele pode ter cometido alguns equívocos ao longo da vida, mas vemos isso com tristeza. Espero que a Justiça não seja seletiva: há muitos que devem ir presos também”, salientou, em entrevista à Revista GQ Brasil. 

Lula e o pai de João Campos eram amigos, mas se afastaram após Eduardo romper a aliança nacional com o PT, em 2013, para concorrer ao Palácio do Planalto em 2014. O ex-governador pernambucano faleceu no início da campanha daquele ano, vítima de um acidente aéreo. 

Disputa eleitoral e legado de Arraes e Eduardo

Durante a entrevista, João Campos, que disputará o primeiro cargo eletivo este ano, também deixou claro como se portará diante da disputa familiar para a defesa política do legado do pai e do bisavô, Miguel Arraes, uma vez que outros nomes da família - como o tio, Antônio Campos (Podemos), que deve concorrer ao Senado, e a prima, Marília Arraes (PT), que busca uma candidatura ao governo - vão participar do pleito. Para João, tal legado não pertence a uma família ou pessoa.

“O legado de Arraes e de Eduardo Campos pertence ao povo de Pernambuco, não pertence a uma família nem a uma pessoa. Qualquer um pode disputar uma eleição. Agora, estou onde eles sempre estiveram. O único partido que meu pai disputou eleição na vida foi pelo PSB, e o Arraes foi presidente do PSB por dez anos, participou da recriação do partido depois da ditadura. Estou no projeto onde eles sempre estiveram, onde está o conjunto de apoiadores deles”, argumentou, tanto Antônio quanto Marília deixaram o PSB.

João vai concorrer a um a vaga na Câmara dos Deputados e a expectativa diante do nome dele é grande dentro do PSB. A participação na disputa, segundo o filho de Eduardo, é para “renovar” a classe política em Brasília. Caso seja eleito, o jovem disse que tentará dar maior transparência para o Congresso.

“O Congresso hoje, muitas vezes, não discute a pauta da sociedade – é como se estivesse em outro tempo. Em 2013, as pessoas foram às ruas e o Congresso ganhou velocidade. Se ele rodou naquele período, por que não sempre? O Congresso deve ter mais transparência e representar mais as pessoas”, salientou.

João Campos também confirmou que em 2014 Eduardo gostaria que ele já tivesse concorrido a algum cargo, mas ele preferiu esperar. “Não era o momento. Era a eleição dele, do meu pai para presidente. Nossas energias estavam todas voltadas para isso”, disse. 

E negou já ter pretensões para a Prefeitura do Recife em 2020. “Não penso nisso. Meu foco é enfrentar bem esse ano. Enfrentar, que eu digo, é dizer a verdade ao povo. Nosso desafio é ‘reencantar’ a política, pois ela foi uma das responsáveis por colocar o Brasil nessa crise”, destacou na entrevista.

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