No Recife, Dirceu diz que "virou bandido" em 48 horas

Condenado a mais de 30 anos na Operação Lava Jato, o ex-ministro de Lula foi solto pelo STF e vai aguardar em liberdade julgamento do recurso

por Taciana Carvalho qua, 19/09/2018 - 09:11
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo Dirceu, ao contar sua trajetória política, garantiu que nunca tinha sido investigado antes Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu desembarcou no Recife para lançar, nesta quarta-feira (19), o livro “Zé Dirceu Memórias - volume 1”. Antes, na terça (18), em coletiva de imprensa, ele - que foi condenado a mais de 30 anos na Operação Lava Jato - falou sobre a prisão.

Anteriormente, o considerado mais poderoso ministro do então presidente Lula já havia sido condenado no processo do mensalão. “Em 48 horas virei bandido”, disse.

Dirceu, ao contar sua trajetória política, garantiu que nunca tinha sido investigado antes. “Nunca teve nenhuma denúncia ao meu respeito, nada”, falou. “Eu não só virei bandido como fui cassado sem prova e condenado sem prova. Eu cumpri a pena e recomecei a minha vida de novo em 2005. Lutei, andei pelo país, pelo mundo. Tive que trabalhar para sustentar a minha defesa e a luta política, trabalhei como advogado consultor”, expôs com detalhes. 

Dirceu chegou a dizer que cumpriu a sua pena e que saiu da prisão para participar novamente da vida política do país. “Durante toda a prisão, eu fiz meu blog, sempre encontrei uma maneira de me comunicar, de escrever, de participar da luta, mas fui preso de novo pela Lava Jato e de novo comecei a minha vida do zero. Fiquei preso um anos e nove meses”, salientou, dizendo que escreveu o livro na cadeia. 

O ex-ministro ainda falou que estudou muito no período que passou na prisão e que tentou manter sua saúde física e mental porque toda sua família teria sido “afetada gravemente”. “E eu saí por decisão do Supremo e recomeço a minha vida de novo. Estou recomeçando a minha vida de novo percorrendo o país e participando da luta política”.

Ele disse, no entanto, que não é dirigente do PT e que tampouco participa de campanha. “Como cidadão quero ajudar o Brasil se encontrar de novo porque o Brasil está sem rumo. O que posso dizer é que me sinto muito bem, eu não tenho ressentimento, mágoa e nem acho que sou injustiçado, simplesmente eu sei que estamos na luta política sem tréguas e que se transformou no Brasil em uma luta política que os fins justificam os meios, então se pode usar os instrumentos jurídicos e policiais para perseguir como a ditadura fez, só que agora é mais grave”.

Dirceu continuou tecendo críticas ao falar que na ditadura se sabia que era uma ditadura. “Você lutava contra ela, agora não. Agora querem dizer que é uma democracia, mas o país está escorregando no autoritarismo cada vez mais”.

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