Dilma diz que população vai sofrer sem os médicos cubanos

Em publicação no Facebook, a ex-presidente afirmou que vai ser difícil substituir os mais de 8 mil médicos cubanos que trabalham no país

por Giselly Santos sex, 16/11/2018 - 10:48
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo A ex-presidente classificou a postura de Bolsonaro como estabanada Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) voltou a criticar a saída de Cuba do programa Mais Médicos, motivada por critérios adotados pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para a manutenção dos profissionais no país. Em publicação no Facebook, Dilma disse que vai ser difícil substituir os mais de 8 mil médicos cubanos que trabalham no país e ponderou que quem mais vai sofrer são os moradores de cerca de 1,6 mil municípios pequenos que apenas os caribenhos se propunham a trabalhar.

“Desde 2013, esses médicos atenderam mais de 60 milhões de brasileiros, em especial nas periferias das grandes, médias e pequenas cidades e nos locais mais remotos do nosso imenso território nacional. Agora, os cubanos estão deixando o Brasil”, observou. “Vai ser muito difícil substituir os mais de 8 mil médicos cubanos que ainda atuam no país”, completou a ex-presidente.

Para se ter uma ideia, segundo Dilma, o concurso público feito para o Mais Médicos em 2017 teve 6.285 candidatos brasileiros para 2.320 vagas mas, dos aprovados, apenas 1.626 apareceram para trabalhar e, além disso, 30% deles optaram por abandonar o trabalho antes de completar um ano.

Na ótica de Dilma, “os prefeitos serão os primeiros a sofrer a pressão popular contra o abandono do serviço médico”. “Há pelo menos 1.600 pequenos municípios brasileiros em que apenas médicos cubanos trabalham. Os secretários municipais de saúde calculam que, sem os cubanos, 24 milhões de brasileiros voltarão a ficar sem qualquer assistência médica”, disse.

Ao expor uma série de fotos feitas por Araquém Alcântara, a ex-presidente classificou a postura de Bolsonaro como “estabanada”. “[Nas fotos têm] brasileiros pobres das capitais, brasileiros excluídos de todo o país, das localidades ribeirinhas, dos quilombos, das reservas indígenas, dos acampamentos de assentados da reforma agrária. Brasileiros que viram um médico em suas comunidades pela primeira vez na vida. Brasileiros que agora ficarão sem atendimento, a não ser que se desloquem por longas distâncias, para outras cidades. Se lá houver médicos ou se tiverem condições materiais e de renda para tal sacrifício”, ressaltou.

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