'Que diferença faz quem é Chico Mendes?', indaga ministro

Titular da pasta de Meio Ambiente, Ricardo Salles concedeu entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e questionou a importância do seringueiro Chico Mendes nos dias atuais

por Pedro Bezerra Souza ter, 12/02/2019 - 10:35
Divulgação/Internet Chico Mendes é considerado mundialmente como uma das maiores referências da causa ambiental Divulgação/Internet

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi sabatinado na noite dessa segunda-feira (11) no programa Roda Viva, da TV Cultura, e soltou declarações polêmicas. Salles aproveitou seu tempo para alfinetar o líder seringueiro Chico Mendes, que é considerado mundialmente como uma das maiores referências da causa ambiental do Brasil.

O ministro confessou que não conhecia a fundo a história de Chico Mendes, mas que ouve relatos de todos os lados. “Ouço comentários dos ambientalistas mais ligados à esquerda, que o enaltecem. E também ouço pessoas do agro, que dizem que ele não era isso tudo que contam. Dizem que ele usava os seringueiros para se beneficiar”, disparou Salles.

As declarações de Ricardo Salles foram alvo de muitas críticas nas redes sociais logo após o fim do programa. Muitos internautas fizeram questão de lembrar do legado vivo deixado por Mendes, mesmo trinta anos após sua morte. A deputada federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, Talíria Petrone, disse que “Chico Mendes foi trabalhador, ativista, líder social, seringueiro, parlamentar, perseguido político, exemplo de luta. Deu sua vida pelo meio ambiente e foi covardemente assassinado pelo sistema. Respeite Chico Mendes, ministro”.

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Ainda durante a entrevista, o ministro também confessou que não conhece a Amazônia e questionou o que importava quem era Chico Mendes atualmente. O ministro do Meio Ambiente também aproveitou o espaço para defender licenciamentos mais ágeis e até mesmo os auto-licenciamentos de empresas que vão atuar em áreas de preservação ambiental ou que suas atividades ofereçam riscos.

Os jornalistas presentes confrontaram o ministro com o fato de que as tragédias de Mariana e Brumadinho, ambas e Minas Gerais, aconteceram depois de licenciamentos relâmpago. Mas, segundo Salles, a ideia é adotar uma política de licenciamento que haja objetividade. Assim, segundo a lógica do ministro, os empreendimentos que ofereçam riscos, como os de mineração, vão ser melhor executados.

Questionado sobre possíveis punições aos responsáveis pelas tragédias ambientais e sobre respostas mais lúcidas em respeito aos familiares das vítimas, Ricardo Salles afirmou que a resposta está sendo dada através da presença de autoridades nos locais das tragédias. “O respeito às vítimas é essa resposta rápida, objetiva e a presença do governo em peso. Três ministros estiveram em Brumadinho no primeiro dia. O próprio presidente foi ao local”, finalizou o ministro.

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