Ex-motorista acusa Alexandre Frota de usá-lo como laranja
Deputado negou irregularidades e afirmou estar sendo vítima de 'práticas de ameaças e extorsão'
O deputado federal Alexandre Frota, do PSL, está sendo acusado por seu ex-motorista, Marcelo Ricardo Silva, de ter o usado como "laranja". Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, o ex-funcionário do deputado afirma que assumiu a titularidade de duas empresas a pedido de Frota, com isso ele ganharia compensações.
Em entrevista à Folha de São Paulo, o ex-motorista reafirmou as acusações contra o ex-patrão e fez novas revelações. Marcelo afirmou que chegou a trabalhar durante a campanha eleitoral do parlamentar e que foi pago com recursos que não foram declarados à Justiça Eleitoral.
Além disso, o ex-funcionário contou ao MP que Frota lhe conseguiu um emprego na 'TV Nova Cidade' e pediu que ele entrasse como dono em duas empresas: a F. R. Publicidade e Atividades Artísticas e a DP Publicidade Propaganda e Eventos Ltda. Registros na Junta Comercial de São Paulo revelaram que as duas empresas estavam no nome do deputado federal e foram transferidas para Marcelo.
No relato do ex-funcionário, os problemas da sua relação com Frota começaram em 2018. Marcelo teria recém-concluído um trabalho em uma empresa de telecomunicações e, ao pedir o seguro-desemprego, teve o benefício negado por estar registrado como sócio das duas empresas.
De acordo com o ex-motorista, após informar ao parlamentar o problema, ele teria lhe prometido R$ 10 mil, porém, Marcelo afirma que nunca recebeu o valor. Por orientação de Frota, Marcelo afirma que também repassava à mulher do ex-patrão, Fabiana, valores que recebia de terceiros e cuja origem era desconhecida. Ele contou que chegou a depositar cerca de R$ 70 mil, com transações feitas de forma "picada".
Repasse de depósitos
Sobre os repasses, Marcelo apontou que passou a ser remunerado por dois empresários amigos do deputado, um dono de uma concessionária em São Paulo e o outro diretor de uma escola. Também afirmou à reportagem da Folha que um contrato feito por Frota e o diretor-geral do colégio Canello Marques Eireli, Samerson Canello Marques, havia sido feito para justificar o pagamento do seu salário.
A escola pagou ao deputado R$ 12,5 mil, em 2018, em troca de uma palestra, para alunos do ensino médio, mas foi Marcelo quem recebeu o valor em parcelas que variaram de R$ 1.500 a R$ 2.500.
O que diz Alexandre Frota
Ao ser procurado para comentar as acusações, Alexandre Frota negou irregularidades e afirmou estar sendo vítima de "práticas de ameaças e extorsão." O parlamentar alega que as operações com seu ex-funcionário "foram lícitas". Ele afirma que demitiu Marcelo por questões de insubordinação e condutas inadequadas e que o ex-motorista teria importunado pessoas de relacionamento pessoal com discurso “vitimista”.
No Twitter, o deputado federal afirmou estar ansioso para ser chamado para depor pelo Ministério Público. “Minha vida é um livro aberto”, tuitou.