De preto, militantes participam do Grito dos Excluídos
Ato acontece anualmente no dia 7 de setembro com pedidos de justiça e, neste ano, também protesta contra as ações do governo do presidente Jair Bolsonaro
Uma mistura de política e religiosidade marca o Grito dos Excluídos na manhã deste sábado (7) na Praça do Derby, área central do Recife, onde estão reunidas centenas de militantes membros de sindicatos, movimentos sociais e entidades, além de políticos e líderes religiosos.
Também entre os presentes no ato estão o arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, o bispo auxiliar Dom Limacedo; a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB), os deputados estaduais João Paulo (PCdoB) e Teresa Leitão (PT); e o vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL).
Antes da passeata ganhar a Avenida Agamemnon Magalhães, uma apresentação teatral refletiu o tema da manifestação deste ano que é “Esse sistema não vale! Lutamos por justiça, direitos e liberdade”.
Com atores vestidos de índios e um sendo crucificado, a reflexão usou como base a música “Pai afasta de mim este cálice” e os que discursaram, entre outras solicitações, pediram que fosse afastados do país a “política desumana, que coloca o poder econômico acima das pessoas”, procuradores hipocritas, religião que cresce a partir de uma política corrupta e o “governo fascista que comanda o país”.
A passeata deste ano saiu por volta das 11h fazendo um trajeto menor, um contorno pela Avenida Agamemnon Magalhães. Com a maioria das pessoas vestidas de preto, faixas pediam o fim do desmatamento da Amazônia, protestavam contra a reforma da Previdência em tramitação no Senado e mais justiça entre os brasileiros.
Desde 1995, o Grito dos Excluídos acontece em diversas capitais do país no dia 7 de setembro – quando historicamente se celebra a Independência do Brasil.
Nos últimos anos, inclusive, a pauta das mobilizações no Recife está sendo imersa pela conjuntura política e entre as palavras de ordem da manifestação de hoje, o pedido pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela Lava Jato, também ecoa na voz dos presentes.
Um dos movimentos sindicais presentes no ato foi a Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE). O presidente, Paulo Rocha, destacou que “o Grito dos Excluídos é uma luta histórica da classe trabalhadora”. “Hoje, estamos evidenciando os ataques à classe feitos pelo governo federal, com a retirada de recursos para a educação, para a saúde e para o meio ambiente", disse.
Dos políticos, a deputada Teresa Leitão observou que estamos vivendo um tempo em que a exclusão social está aguçado.
“O grito já surgiu com essa proposta de articulação da sociedade a partir da igreja e depois foi se agregando aos movimentos e partidos. Sempre com um foco na inclusão. O grito dos Excluídos é contraponto a exclusão social que existe no Brasil”, destacou a petista.
“Em um período mais e em outros menor. Nós estamos no período de aguçamento da exclusão social. Estamos com um governo que é o suprassumo do sistema excludente, corrupto, que frontal a soberania nacional, não respeita o direito dos trabalhadores e envergonha o país diante das cortes internacionais. Não tem política de inclusão”, emendou.