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O centro do Recife foi ocupado, na última quinta-feira (7), pelo tradicional Grito dos Excluídos, que toma as ruas da cidade há quase 30 anos. Entre representações políticas e sociais, a classe trabalhadora esteve presente por meio das frentes sindicais, reivindicando direitos e melhores condições de trabalho. 

O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), presidido por Luiz Soares, participou da caminhada para reforçar as demandas realizadas na última campanha salarial que contou com a greve mais longa da história do órgão. “Esse é um momento importante porque a gente vem discutindo, quando se trata do metrô do Recife, a gente trata de uma política mais geral. A gente agora não tratou só da questão da valorização do trabalhador, mas de uma política de uma recuperação do sistema, contra a privatização, mas também por uma tarifa social de R$ 2,00. E o Grito dos Excluídos engloba tudo isso”, declarou ao LeiaJá

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Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

“Não é só por um transporte público de qualidade, mas também por uma educação pública de qualidade, por uma saúde pública de qualidade, por mais empregos, mais comida na mesa. É um grito muito mais amplo, que é importante nesse momento estar junto aqui, porque a gente amplia nossas forças, e o movimento fica muito mais amplo. É essa luta que a gente quer, levar essa pauta para o governo federal, para que a gente possa avançar. Acredito que já começou a avançar, mas precisamos avançar muito mais, para que a gente possa adquirir esses objetivos tão importante para os trabalhadores e trabalhadoras”, continuou Soares. 

O Sindmetro-PE esteve em discussões extensas nos últimos meses pelo reajuste salarial da categoria, além da retirada da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) do Plano Nacional de Desestatização (PND), que foi colocada em 2019, e ameaça metrô do Recife de ser privatizado.

“É uma expectativa positiva, até porque na nossa discussão, a gente teve uma pauta ampla. A retirada da CBTU do PND, consequentemente a não privatização do metrô do Recife, acreditamos que podemos avançar nesses quatro anos, e não vai ter privatização. Além disso, recuperar o sistema. Queremos ter um sistema eficiente e que possa garantir o ir e vir desses trabalhadores que tanto usam o metrô do Recife. Acredito que vai ser recuperado, acredito que, se não houver tarifa única, mas que não tenha aumento, e é importante a gente discutir uma coisa: um sistema único de transporte que vai permitir que a gente dialogue com a forma, que a gente tenha um transporte de qualidade, mas também uma tarifa que não altere tanto o [bolso do] trabalhador”, finalizou. 

Pela educação, Sintepe levantou cartazes 

Para Ivete Caetano, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), o tema deste ano, “você tem fome de quê?”, se conecta com a realidade da situação da educação no Brasil. “A educação tem fome, sede de direitos, fome de uma escola pública de qualidade, com merenda, com formação. Fome de valorização profissional, o piso, o nosso plano de carreira. Por isso que nós estamos aqui na rua, porque nós entendemos que só existe Brasil com educação. Só existe soberania nacional com inclusão social, com educação, com direitos para a classe trabalhadora”, declarou ao LeiaJá

Ivete Caetano, presidente do Sintepe. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

“A educação está em um momento ímpar, de esperança, de reconstrução do Brasil. No âmbito do estado, a gente tem um movimento meio que inverso, de grande embate para a garantia dos direitos, aqui no governo Raquel Lyra. Nós estamos inseridos em um Brasil que está pleno de direitos, construção de direitos, Bolsa Família, verbas para a escola pública, para a universidade, emprego, renda, auxílio alimentação. Então, tudo isso junto o caldo que nos fortalece para a luta e resistência aqui em Pernambuco”, finalizou. 

 

Políticos de Pernambuco se juntaram, na última quinta-feira (7), ao público participante da tradicional marcha do Grito dos Excluídos, realizada no centro do Recife. Parlamentares locais e federais estiveram presentes para demonstrar apoio às causas e bandeiras levantadas no Dia da Independência, fazendo contraponto ao desfile cívico, realizado na zona Sul da capital. Confira alguns comentários de alguns nomes que participaram da manifestação na capital pernambucana. 

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Maria Arraes (Solidariedade-PE) 

A deputada federal Maria Arraes (Solidariedade) esteve presente no ato e reforçou a importância do ato, há quase 30 anos nas ruas. “A gente precisa ressignificar a data depois de quatro anos que o Brasil foi esquecido, e que esses excluídos estiveram ainda mais excluídos. A gente está aqui para reforçar e dar voz a esse povo, que foi tão esquecido, mas que precisa ser lembrado porque não existe independência enquanto o povo tiver com fome. Fome de comida, fome de cultura, fome de educação, e a gente está aqui, junto com o presidente Lula colocar esse povo de volta na pauta da agenda do governo”, declarou. 

Deputada federal Maria Arraes (Solidariedade-PE). Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

A parlamentar reforça a necessidade de haver mais representações de minorias nos cenários políticos locais e a nível nacional, em posições de tomada de decisão. “Os excluídos, eu acredito que na Câmara, a gente já teve uma, apesar de ser uma câmara muito conservadora, a gente teve uma inclusão muito boa. Nós temos deputadas trans, indígenas, e a gente tem visto a importância de ter essas pessoas representando no poder, porque a gente consegue levar pautas lá para dentro do Congresso que antes não eram lembradas. Então eu acredito que os indígenas, a população LGBTQIA+, os negros, os pobres, a gente tá conseguindo ter essa representação, ainda muito pequena na câmara, mas tem sido bastante significante ter conseguido dar mais voz a esse povo”, afirmou. 

“A gente sabe da importância de ter um presidente como o presidente Lula, um presidente democrático, que olha pra população mais pobre. Mas a gente sabe que não existe governabilidade sem um congresso presente. A gente elegeu um Congresso muito conservador, um Congresso muito polarizado. No começo do ano estava ainda mais difícil, mas agora eu acredito que o presidente Lula tem conseguido conquistar essa governabilidade, e a gente tem conseguido aprovar pautas importantes para o nosso país”, complementou. 

Liana Cirne (PT) 

A vereadora do Recife Liana Cirne (PT) afirmou a importância da caminhada história do Grito, que demonstra apoio ao governo atual. “O Grito das Excluídas e dos Excluídos deve manter o mesmo tom do final da marcha das margaridas, quando o presidente Lula disse que a gente tem o dever de continuar nas ruas, reivindicando, porque aqui é o espaço onde a gente se fortalece. A disputa de poder está cada vez mais acirrada, e o povo, e aqueles que carregaram Lula até a rampa, eu me lembro de que num dos encontros que eu tive com Lula, eu disse pra ele ‘a gente não vai descansar até você subir a rampa do Palácio do Planalto’. Mas agora que ele subiu, a gente também não pode descansar”, afirmou. 

Liana Cirne (PT), vereadora do Recife. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

“A gente tem que garantir que os interesses que nos moveram durante toda essa jornada no enfrentamento do golpe, de enfrentamento do fascismo de natureza bolsonarista, prevaleçam no jogo da política. Então, a gente tem que permanecer nas ruas, reivindicar, porque ainda tem muitas conquistas. A gente está reconquistando a democracia, mas a gente também tem que assegurar a democracia real com democratização da educação, com participação das mulheres, das pessoas negras, LGBTQIA+, nos espaços de poder”, defendeu a parlamentar municipal. 

Liana ainda abordou a demanda que vem sendo repetida nos últimos dias, com a iminência do presidente Lula indicar mais um nome para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), diante da aposentadoria da atual presidente da Corte, a ministra Rosa Weber, prevista para este mês. “A gente quer uma mulher negra no STF! São muitas as juristas negras com saber notório, e que podem fazer da nossa Corte Constitucional uma Corte mais comprometida, com interpretação jurídica que dialoga com os interesses do povo. Então esse é o momento de muitas reinvindicações, e a gente está aqui para apoiar o governo Lula, como sempre fizemos, e apoiar pro governo Lula estar sempre alinhado com os pleitos da classe trabalhadora, dos mais pobres, das excluídas e dos excluídos”, reforçou a vereadora. 

Ivan Moraes (PSOL) 

Outro parlamentar da Câmara Municipal do Recife presente na caminha foi Ivan Moraes (PSOL), que observou o fato de o Grito dos Excluídos ser um momento de luta, mas também de celebração. “É como se fosse uma confraternização que as pessoas que lutam por direitos fazem. Então você sempre vê a galera dos sindicatos, a galera dos coletivos, das ONGs, dos partidos, aquelas pessoas que as vezes nem estão organizadas, mas que entendem que esse é o dia de ver quem está do lado certo”, explanou o vereador. 

Ivan Moraes (PSOL), vereador no Recife. Foto: Júlio Gomes 

“A gente passou pandemia, a gente passou morte, a gente passou o governo Bolsonaro, e hoje a gente tem o Grito dos Excluídos, que além do protesto natural que se faz por mais direitos, é também um momento de celebração. Então, tá sendo muito gostoso rever as pessoas depois desse perrengue todo, depois desses seis anos de pauleira, e agora movidos pela esperança de que pode voltar a dar certo. A gente não tá uma maravilha, mas a existência da gente aqui hoje, na rua, junto, podendo estar junto, podendo estar na rua, e cobrando mais, já é muito bonito”, continuou. 

Ao LeiaJá, o vereador contou de suas expectativas, e de seu partido, em relação à corrida eleitoral de 2024, e não descarta a possibilidade de ser candidato. “A gente vai crescer. Eu tenho convicção de que o campo democrático vai crescer como um todo, para além do meu partido. Eu estou cumprindo meu compromisso, fazendo meu trabalho, estou fazendo direitinho, e a minha pretensão, o compromisso que assumi com o meu partido, com as pessoas que me acompanha por fora da política tradicional também, é de fazer dois mandatos de cada cargo. Então eu vou completar meu segundo mandato de vereador, vou lutar muito para eleger mais pessoas no meu campo, e estou à disposição do meu partido para concorrer à Prefeitura, caso, ao final do processo do nosso Congresso, o partido decidir”, declarou. 

Membros do PSOL ventilam a preferência de alavancar a deputada estadual Dani Portela, que já se considera pré-candidata para as eleições municipais de 2024. Ivan, por sua vez, garante que não vai sair da política após o seu mandato na Câmara. “Eu vou pra qualquer outro cargo. Eu estou na política, não vou sair da política. Quem acha que a minha passagem pela Câmara foi o fim dessa trajetória, está muito enganado. A política é fundamental. Se antes eu já entendia a importância de a gente participar de um partido, de disputar eleições, e disputar espaços de poder, esses sete, que serão oito anos na Câmara, fazem com que essa convicção se fortaleça. É preciso que muito mais gente entre, e eu não vou sair não”, afirmou o parlamentar. 

Rosa Amorim (PT) 

A deputada estadual Rosa Amorim (PT) participa desde criança da passeata do Grito, e comentou ao LeiaJá da importância de entender o tema desse ano, “Você tem fome de quê?”, com a realidade da sociedade brasileira. “Nesse momento que o Brasil volta ao mapa da fome, que a insegurança alimentar, miserabilidade aumenta no nosso país, eu diria que eu tenho fome de comida no prato. Mas mais do que tudo, eu tenho fome por democracia, eu tenho fome por esperança, por perspectiva de um povo que sonhe com um Brasil mais justo, com um Brasil para todos e todas”, disse a parlamentar. 

Deputada estadual Rosa Amorim (PT). Foto: Rachel Andrade/LeiaJá 

“Esse Grito dos Excluídos tá sendo um grito da justiça. Dilma Roussef, o seu processo foi arquivado, então nós temos a comprovação de que 2016 tivemos um golpe no país. Ontem nós tivemos o presidente Lula, que a justiça avaliou que todos os processos foram desqualificados, todos os argumentos que criminalizavam nosso presidente. Então eu posso dizer que eu tenho esperança na democracia brasileira”, concluiu a deputada. 

 

O Recife foi um dos palcos do 29º Grito dos Excluídos, nesta quinta-feira (7), realizado tradicionalmente no Dia da Independência do Brasil, como forma de protestar contra as desigualdades sociais no país. A caminhada é marcada pelo encontro de diversos coletivos populares que levantam bandeiras pela defesa de diferentes frentes. 

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Participação popular ocupa passeata 

Além dos coletivos e agrupamentos reunidos, muitas pessoas compareceram por conta própria, para dar apoio às causas levantadas no Dia da Independência. É o caso do casal Marcelo Khan, 57 anos, e Lucia Silva, 58, moradores do bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife. Mesmo estando sempre presente em outras manifestações populares, esta é a primeira vez de Marcelo na marcha do Grito dos Excluídos. “É importante, é necessária. A gente passou por um período muito obscuro, tá na hora das pessoas realmente darem valor a isso, se juntar em prol [de combater] essas distorções sociais, tentar um mundo mais equânime”, afirmou Marcelo. 

Marcelo Khan é servidor público, e participa do Grito dos Excluídos pela primeira vez. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Lucia Silva diz que a participação em manifestações populares é importante para agregar conhecimento e consciência política, e é assim que busca educar seus filhos. “É a primeira vez que eu to participando desse evento, mas eu já quis participar outras vezes, porque eu acho importante essa consciência política dessa classe trabalhadora, que luta, que só [o presidente] Lula, que nos representa, que a gente possa conseguir coisas melhores pro trabalhador e pro pobre”, afirmou ao LeiaJá

Lucia Silva acredita na conscientização política. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

A assistente administrativa ainda ressaltou a importância da participação em família, para ensinar seus valores aos filhos. “Eles são totalmente que nem nós somos, da classe trabalhadora, que lutam, batalham como nós, para gente ser um país melhor. Todos os pais deveriam ter essa consciência política e incutir isso na cabeça dos filhos desde pequenos, para que eles possam ter consciência política”, disse. 

Mulheres Indígenas 

Uma das representações presentes este ano foi a Articulação de Mulheres Indígenas em Contexto Urbano (Amicupe), para mostrar a realidade do povo indígena no estado. É o caso de Iraci, do Povo Xucuru do Ororubá, que participa da caminhada para dar visibilidade à situação vivida historicamente pelos povos indígenas. “Essa articulação é muito importante porque a gente tá na luta, e é na luta mesmo que a gente consegue vencer. Estamos representando nossos parentes que estão na aldeia, que está aqui em Recife também, é um prazer imenso estar aqui, lutando pelos nossos direitos”, afirmou.

Iraci, da etnia Xucuru do Ororubá. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Iraci reforçou que o Povo Xucuru segue firme, mesmo diante do www.leiaja.com/noticias/2023/09/06/novo-pedido-de-vista-suspende-julgame...">https://www.leiaja.com/noticias/2023/09/06/novo-pedido-de-vista-suspende...">julgamento de uma ação rescisória, realizado na última quarta-feira (6), contra um pedido de reintegração posse de uma região do território indígena feito por fazendeiros. “O que a gente pensa a respeito, e o que a gente torce, é que no final vai dar tudo certo, já deu certo. Como nosso cacique [Marcos] diz: ‘Avante! Diga ao povo que avance! Avançaremos!’. Então estamos esperando, e vamos alcançar sim, porque o nosso território é sagrado, é mãe da mainha, e o nosso [Cacique] Xicão nos deixou essa missão, que nos dá o direito de estar aqui, reivindicando por ele também, e pela nossa aldeia”, declarou. 

Bases consolidadas na religião 

O Grito dos Excluídos surgiu dentro de um contexto religioso, após uma reunião na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Diante do seu histórico, a maioria dos coletivos presentes no movimento são de frentes religiosas, como a Rede Um Grito Pela Vida, representado na passeata pela Irmã Pascoalina, organizada pela Conferência dos Religiosos do Brasil. Irmã Pascoalina compartilhou o sentimento de participar da caminhada. “Para mim é uma alegria muito grande, me sinto pessoa integrada da comunidade, me sinto responsável pelo bem, pela paz, pela vida do nosso país, do nosso povo”. 

Irmã Pascoalina, representante da Rede Um Grito Pela Vida. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá  

Frente Favela Brasil 

Dentro do contexto de representatividade urbana, o coletivo Frente Favela Brasil em Pernambuco também esteve presente, sob a representação de um dos articuladores no Recife, Tales Pedrosa. “É importante que o movimento continue sempre na rua. A gente voltou para um governo de frente ampla, que olha mais por essa área, mas é preciso que a gente continue pautando e sendo presentes nesses movimentos, porque os problemas ainda persistem”, declarou. 

Tales Pedrosa, articulador do Frente Favela Brasil em Pernambuco. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

“A gente precisa ainda ocupar muitos espaços, voltar. Porque a gente tá num momento de fase, de reconstrução, então é importante buscar e pautar o que a gente precisa, o que é prioridade pra gente. Porque é sempre importante olhar pelo lado da interseccionalidade. A gente observar quais são as necessidades de cada específico, e a partir daí construir políticas públicas importantes, e o Grito dos Excluídos é historicamente o momento em que as pessoas podem botar sua voz e buscar ser ouvidas”, finalizou Pedrosa. 

O 29º Grito dos Excluídos, tradicionalmente realizado no Dia da Independência do Brasil, tomou as ruas do centro do Recife nesta quinta-feira (7). Com o tema “Você tem fome e sede de quê? Vida em primeiro lugar”, a caminhada é organizada pelo Fórum Dom Helder Câmara e reúne frentes populares e representações sociais e políticas. 

A concentração aconteceu no Parque Treze de Maio, em frente à Câmara Municipal do Recife, no bairro da Boa Vista, área central da cidade. Antes da saída, os participantes se juntaram para pintar faixas e camisas.

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Segundo Marcus Silvestre, um dos organizadores do evento, o momento inicial, chamado de Mística, é para aprofundar e entender a subjetividade da manifestação. “A Mística, para nós, é muito importante porque é aquela linguagem subjetiva, aquela linguagem espiritual que todo ser humano tem. Todo ser humano tem um lado do simbólico, do sentimental, do afetivo, da ligação com o mundo”, explica Silvestre. 

Marcus Silvestre. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Nas ruas desde 1995, o Grito faz um contraponto histórico ao grito de independência dado por Dom Pedro, em 1822. Outra personagem presente na caminhada, desde 2005, é Waldir Ferreira, que é integrante da organização e vê a necessidade de olhar para os excluídos e excluídas como uma luta constante. “Ainda há muito por fazer nesse novo governo, que pegou o Brasil praticamente destruído. E o tema [do Grito dos Excluídos] desse ano é ‘você tem fome e sede de quê?’, porque a população brasileira é privada de suas necessidades básicas, como transporte, saúde, educação, moradia”, afirmou. 

Waldir Ferreira. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Mesmo sendo uma iniciativa de frentes religiosas, o Grito dos Excluídos recebe e celebra a diversidade, independente de religião. A ligação da história do movimento com o tema deste ano se dá pela conexão individual com os problemas coletivos. “A gente vive em conexão com a natureza, a gente vive em conexão com as outras pessoas, a gente precisa de uma convivência social, de uma convivência política, de uma convivência econômica, de uma convivência ambiental, e principalmente, uma convivência afetiva. Porque a gente sabe que se a pessoa não está bem afetivamente, ela não vai estar bem fisicamente, ela não vai estar bem mentalmente, ela as vezes até não consegue produzir para seu próprio sustento porque ela não está bem afetivamente”, destaca Marcus Silvestre. 

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Marco democrático 

Sendo este o primeiro ano do terceiro mandato do governo Lula (PT), um dos pontos levantados na passeata foi a situação democrática do país nos últimos anos. “É uma alegria receber as pessoas em um ambiente mais democrático, num ambiente em que a gente possa respeitar as diferenças, qualquer tipo que seja. Então, este ano, após passarmos seis anos de uma situação conflituosa com a democracia (...), graças à sabedoria do povo brasileiro, de um modo geral, nós viramos essa página”, pontua. 

Apesar de compreender as vitórias no campo democrático, Silvestre questiona a eficácia de algumas conquistas. “Nós temos uma independência formal do país, mas será que o país é realmente independente, no contexto mundial? Será que o país tem políticas públicas que façam com que o seu povo se sinta soberano, se sinta dono dessa terra?”, indaga o militante. 

“Eu até me emociono porque a gente vê a situação das pessoas que moram na rua, por exemplo. Aí nós temos problemas de saúde mental, nós temos problemas de dependência de drogas, nós temos problemas de desemprego, nós tempos problemas de moradia, problemas de educação. Então, tudo isso resulta numa grande exclusão social que nosso país, infelizmente é um país campeão, é um país que a gente tem uma quantidade muito grande de pessoas que são excluídas, mas elas não são excluídas só do mercado de trabalho, do mercado de consumo. Elas são principalmente excluídas das decisões. Então, as pessoas não têm acesso a decidir as coisas através do Estado. Então o 7 de setembro é uma escolha em torno disso, se o nosso país é realmente soberano. A gente defende a paz, a gente não defende a guerra em hipótese alguma, exceto a rebeldia que o ser humano tem que fazer diante da injustiça. A gente admite a revolta do ser humano diante da injustiça”, afirma. 

 

Com o tema "Você tem Fome e Sede de quê?", o 29º Grito dos Excluídos mantém a tradicional passeata que leva as reinvidicações sociais pelas ruas do país no 7 de Setembro. No Recife, a concentração começa às 9h, no Parque 13 de Maio, na área central da cidade.

"O lema anual do Grito é debatido e definido a partir das sugestões de uma rede de articuladores e articuladores de todo o Brasil e sempre dialoga com o tema da CF – Campanha da Fraternidade, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), com a conjuntura política, social e econômica do país e com a luta dos movimentos populares e sociais", explicou a organização.

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O protesto desta quinta (7) deve ganhar as ruas por volta das 10h. O percurso segue até o Pátio do Carmo, no bairro de Santo Antônio, onde uma apresentação de Ciranda Popular encerra a edição às 12h30.

“Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?”, foi o lema da 28ª edição do Grito dos Excluídos, realizada neste 7 de setembro, que marca o bicentenário de independência no Brasil. No Recife, o movimento saiu do Parque 13 de Maio, no bairro da Boa Vista, área central, e encerrou-se na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio. 

A passeata também acontece em outros Estados brasileiros além de Pernambuco, como o Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas, Pará, Roraima, Acre, Ceará, Bahia, Mato Grosso e Goiás. 

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A pedagoga Genova Silva, de 64 anos, contou ter uma história de caminhada e luta com o Grito dos Excluídos: “Há muito tempo a gente vem resistindo, mas agora estamos sendo desafiados a vir para a rua com mais força, mobilização e esperança diante da situação difícil que o País está vivendo”. 

Para a pedagoga, sempre existiu polarização e “a gente sempre gritou contra as injustiças”. “Esse ano é que está mais forte diante da situação posta no País. E quem tem caminhada de luta tem a obrigação de vir para a rua. Só o povo na rua é que vai conseguir mudar a situação atual no Brasil”, disse. 

A professora Verônica Santos ressaltou que a importância de ir para as ruas é para “mostrar a indignação do povo brasileiro”. “Eu, enquanto mulher preta, nós, enquanto povo preto; a juventude preta, os idosos pretos, estamos desamparados na saúde e educação. Estamos diante de um gestor do nosso País, que é Bolsonaro, que é genocida. Ele não criou e não tem políticas públicas para nenhuma área das nossas vidas. É uma política de morte que faz com que fiquemos à margem de todos os direitos do bem viver, do direito à vida”.

“Vir para a rua neste dia é para mostrar a indignação, insatisfação com o governo que, a todo momento, só faz mentir sobre todas as desestruturas do Brasil”, observou a professora. 

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Por sua vez, o candidato ao governo de Pernambuco, João Arnaldo (PSOL), afirmou que o ato é uma das “manifestações mais tradicionais de luta e resistência do povo de Pernambuco”. “O nome do grito é em referência ao combate, a exclusão que marca a história de Pernambuco. Especialmente depois de Bolsonaro a realidade da igualdade social piorou, o que também é reflexo de uma política de abandono e falta de iniciativa do governo estadual”, comentou. 

O candidato do PSOL fez críticas à atual gestão do Estado. “Os arranjos da velha política de Pernambuco liderados hoje por Paulo Câmara e representados também nas outras candidaturas que aparecem como oposição, mas estavam com ele quando ele foi candidato, fazem parte deste mesmo projeto político”. 

O “medo da volta do processo da ditadura pelas práticas do governo federal” foi comentado pela candidata a vice-governadora Alice Gabino (Rede Sustentabilidade). “Hoje é um dia que vai marcar para sempre a virada de chave dessa eleição. É a retomada da democracia. Não estamos aqui porque somos excluídos. Aqui é o grito dos incluídos. Somos maioria: povo preto, pobre, mulheres, negros, indígenas. Não dá para falar de política e de um Brasil diferenciado e sustentável sem o povo na rua”. 

A vereadora e candidata a deputada estadual, Dani Portela, exaltou que o lema deste ano foi “muito acertado”. “Na história do Brasil são séculos de desapropriação, genocídio da população indígena que aqui vivia, da escravização da população negra e 200 anos depois da independência os indígenas continuam sendo mortor no governo Bolsonaro”. 

Dani chamou atenção para a importância da retomada das cores e da bandeira do Brasil. “Neste 7 de Setembro Bolsonaro tem convocado as pessoas às ruas. Precisamos retomar as nossas cores verde e amarela, que são do Brasil, e não de um projeto ultraconservador, fascista, autoritário, armamentista e de retirada de direitos historicamente conquistados. Esse ano Bolsonaro pode latir, mas ele não vai morder, porque em terra de Paulo Freire Bolsonaro não se cria”, destacou.

O deputado estadual e ex-prefeito do Recife João Paulo (PC do B), juntou-se à caminhada do 27° Grito dos Excluídos, no Recife, nesta terça (7). Prestes a voltar ao Partido dos Trabalhadores (PT), em uma articulação que visa as eleições de 2022, o político caminhou ao lado dos manifestantes durante o ato.

Durante a caminhada, João Paulo falou sobre a importância de participar de mobilizações como esta, no atual contexto brasileiro. "É um momento de resistência a uma tentativa de golpe, a uma tentativa de governo que é desastroso em todas as áreas, mas sobretudo no desemprego e na miséria do povo. Ainda mais, com uma face golpista. Essa grande multidão que tá aqui hoje, é uma forma de dizer que não aceitamos golpe".

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A 27ª edição do Grito dos Excluídos levou às ruas do Recife, nesta terça (7), o tema ‘Onde queres fuzil, eu sou feijão’, além do tema central, ‘A Vida em Primeiro Lugar’. O movimento é organizado pelo Fórum Dom Hélder Câmara, além de entidades sociais, centrais sindicais, ONGS e igrejas diversas. O objetivo do ato é lutar por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda.

Nesta terça (7), um coletivo formado por bandas, produtores e artistas do underground pernambucano uniram-se para marchar junto ao 27° Grito dos Excluídos, no Recife. Com o objetivo de mobilizar a 'cena', eles juntaram-se para protestar contra o atual Governo Federal e o bolsonarismo.

Um dos organizadores do movimento, Eduardo Pessoa Barbosa, mais conhecido como Pesado, explicou a motivação do grupo. Segundo ele, essa é uma movimentação que sempre existiu no meio, sobretudo nas periferias, e agora, a proposta é unificar as vozes. "Tivemos a ideia de reunir um coletivo, ainda não tem nome, é uma reunião muito espontânea. Nosso objetivo maior é fazer um trabalho de base com o underground", disse.

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Pesado explica que a premissa do coletivo é somar na luta, não só contra o atual Governo Federal mas, também, contra o fascismo e o bolsonarismo. "A nossa ideia é conscientizar o underground para levar uma base teórica, para entender sobre quem e contra o que estamos lutando. Na verdade a gente tá lutando sobre algo que sempre existiu, mas agora tem outro nome, que é bolsonarismo", afirmou.

A avenida Agamenon Magalhães, no Recife, virou palco de discussão política nesta terça (7). Rota que leva até os bairros da Zona Sul da cidade, onde ocorrem atos a favor do presidente Jair Bolsonaro, o cruzamento da via, na altura do Derby, ponto de concentração do Grito dos Excluídos, virou polo de provocação para opositores do atual Governo Federal e bolsonaristas.

Com bandeiras, camisas e faixas contra o presidente, os opositores do governo aproveitavam as paradas do semáforo para levarem sua mensagem aos que estavam dentro de carros e ônibus. Por diversas vezes, o encontro desses com apoiadores de Bolsonaro rendeu bastante discussão e gritos de ofensa. Os ânimos se exaltaram de ambas as partes, no entanto, a reportagem não presenciou nenhuma situação de violência ou agressão física. 

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Nesta terça (7), feriado da Independência, vários atos contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro se espalharam pelo Brasil. As mobilizações acontecem em meio à uma tensão política da crise institucional que o país tem enfrentado recentemente, marcada principalmente por embates entre o Chefe de Estado e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesta terça (7), a luta indígena também encontrou espaço no 27° Grito dos Excluídos, no Recife. Membros da Associação Indígena em Contexto Urbano marcaram presença no ato para pleitear pautas como o genocídio e o Marco Temporal.

Com pinturas tradicionais e cocares, indígenas da etnia Karaxuwanassu, se reuniram na praça do Derby, na Região Metropolitana do Recife, para acompanhar o ato. A cacica Valquíria Kyalonãn falou, em entrevista ao LeiaJá, sobre seu povo. "O povo é uma emergência étnica de vários povos, nós emergimos para pedir políticas públicas e para nos organizarmos dentro desse contexto urbano". 

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A cacica também falou sobre a urgência de lutar contra o Marco Temporal que pretende revisar a questão da demarcação de terras originárias. Vários povos estão na capital federal, para protestar contra o projeto de lei. "Nós estamos sendo usurpados em todos os nossos direitos conquistados por nossos antepassados. Agora, eles querem tirar o direito à nossa terra, nossa vida. A terra para nós não é a questão capitalista, é vida. Muitos que não puderam ir pra Brasília, se juntaram aqui ao Grito dos Excluídos e aos movimentos sociais, que muito nos ajudam, para que juntos possamos fazer esse enfrentamento".

Na manhã desta terça-feira (7), feriado da Independência, a 27ª edição do Grito dos Excluídos reuniu seus adeptos, na praça do Derby, no Recife. Com o tema ‘Onde queres fuzil, eu sou feijão’, o ato uniu-se ao ‘Movimento Fora Bolsonaro’ para pedir por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda.

Antes das 10h, já era grande o movimento na Praça do Derby. Com camisas, bandeiras, máscaras e bonés nas cores vermelha e com frases contra o atual Governo Federal, os participantes se organizavam para uma caminhada até a Praça do Carmo, na região central do Recife. Devido à pandemia, e o acirrado clima de polarização atual, a coordenação do ato não estimou a quantidade de pessoas para esta edição do Grito. 

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Segundo o coordenador da marcha, Enildo Luiz Gomez, ao longo do último mês de agosto, foram realizados seis 'pré-gritos', de forma presencial e online, para chegar até a "ponta", o "trabalhador brasileiro", com a mensagem do movimento.

Para esta terça (7), o objetivo é fazer uma "celebração":  "A gente respeita a posição dos companheiros que não querem vir por uma questão de saúde. Mas, independente do número de pessoas, a gente vai dar um grito forte; vamos manter o nosso grito nas ruas".

Policiais do movimento antifascista anunciaram nesta segunda-feira (06), que irão participar do Grito dos Excluídos, que protestará contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O movimento terá concentração a partir das 9h30, na Praça do Derby, na área central do Recife.

"Neste momento de tentativa de golpe, combateremos o golpismo e o fascismo no nosso país, de forma pacífica, mas na luta, sem ódio e sem medo", afirma a nota dos policiais, assinada por Áureo Cisneiros, coordenador nacional do movimento. 

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Eles complementam afirmando que o Brasil passa por um momento de "obscurantismo e retrocessos". Os policiais garantem que irão lutar "por melhores condições de vida. Nada, nem mesmo os quase 600 mil mortos, nem os escândalos de corrupção e o descaso com a saúde pública fazem o governo recuar", salienta.

Com o tema "Onde queres fuzil, somos feijão!", o 27º Grito dos Excluídos promove uma campanha de arrecadação e pede 1 kg de feijão aos participantes. A tradicional mobilização foi mantida para esta terça-feira (7), com concentração na área Central do Recife.

Para reivindicar por saúde, comida, moradia, trabalho, maior participação popular nas atividades políticas e pressionar pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a concentração do ato está agendada às 10h, na Praça do Derby. O coreto será o ponto de entrega das doações.

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Ainda sensíveis aos riscos da Covid-19, a organização reforça que os participantes sigam as orientações sanitárias como o distanciamento social, utilizem máscaras - de preferência do tipo PFF2/N95, e levem álcool 70%.

Centenas de manifestantes tomaram parte da Avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro do Rio de Janeiro, em protesto contra o governo de Jair Bolsonaro. O "Grito dos Excluídos" acontece há 25 anos, nos dias de comemoração da Independência do Brasil. Neste ano, os participantes vestiram roupa preta, para se contrapor ao presidente, que convocou seus apoiadores a usarem as cores verde e amarela neste dia 7 de setembro.

O ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ), presente ao evento, disse acreditar que o mês de setembro será marcado por protestos, principalmente de estudantes. "Não tenho dúvida de que uma reação forte virá dos estudantes. Esse é um setor mais dinâmico, que vai se posicionar. Porque as universidades vão fechar. Acredito que a educação será o estopim dos protestos, que devem vir no mesmo nível de 2013", avaliou.

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A concentração do protesto no Rio começou por volta das 9h, nas proximidades da Avenida Presidente Vargas, na região central, onde desfilam os militares. Concluído o desfile oficial, por volta do meio-dia, os manifestantes seguiram em direção à Praça Mauá.

"A principal bandeira da manifestação é que nada nesse sistema tem solução: a saúde, educação, o uso da terra. Nenhuma reforma vai salvar o País", disse Marcelo Edmundo, diretor da Central de Movimentos Populares. Ele destacou que o tema da manifestação neste ano foi "Esse sistema não Vale".

O protesto aconteceu com tranquilidade, apesar de pessoas favoráveis ao governo Bolsonaro passarem pelos manifestantes vestidas de verde e amarelo. Apenas um homem com uma camisa do PSL, partido do presidente, provocou os manifestantes gritando "mito". Em resposta, foi vaiado. Logo se retirou do local de concentração do protesto.

A Polícia Militar formou um cordão de isolamento à frente dos manifestantes e seguiu todo o cortejo até a Praça Mauá.

"Estou aqui pelo Brasil da Amazônia e da Embraer. Não é pelo Brasil de Bolsonaro", afirmou a aposentada Maria das Graças Gama.

O arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, disse neste sábado (7) que lamentava o fato do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não estar ao lado dos mais pobres e sacrificados. 

Em entrevista ao LeiaJá, na concentração do Grito dos Excluídos, na Praça do Derby, área central da capital pernambucana, o líder religioso avaliou a gestão de Bolsonaro e os problemas que o Brasil tem enfrentado nos últimos meses.

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Apesar de salientar o curto período da gestão de Jair Bolsonaro, que entra para o nono mês, Saburido disse que “o governo já está dando sinais preocupantes”. “Alguns casos como a situação do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] pedir de volta terras que já estavam garantidas, por exemplo, isso é preocupante. De vez em quando tem tido surpresas [do governo] que é preciso considerar. Lamento que a gente não sente que o governo esteja querendo estar do lado dos mais sacrificados”, argumentou.

As terras pedidas de volta pelo Incra mencionadas pelo arcebispo são as do assentamento Normandia, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, que teve a posse reintegrada por decisão judicial na última quinta-feira (5). O Grito dos Excluídos também prestou solidariedade aos assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que residem no local. 

Dom Fernando também ressaltou outros problemas que o país enfrenta. “Há 25 anos o grito vem acontecendo para defender a população pobre contra as injustiças e não faltam razões para isso, principalmente quando tem questões que merecem nossa atenção como esse caso de Normandia em Caruaru, da Transnordestina, a situação da Amazônia, dos índios. Tantos problemas que o Brasil enfrenta e realmente precisamos viver este profetismo unindo forças”, observou. 

O Grito dos Excluídos  é um ato criado pela igreja católica em 1995 para clamar por igualdade e por justiça, mas que hoje também é endossado por partidos políticos e movimentos sociais. Questionado se a inclusão de pautas políticas maculava de alguma forma o movimento, o arcebispo disse que não. “A defesa da justiça é comum a todos os grupos, tanto igreja quanto sociedade. Nesse ponto estamos unidos e procurando lutar pelo bem da sociedade”, destacou.

No Recife, o ato acontece até às 17h na Praça do Derby com apresentações culturais e intervenções religiosas e políticas. Pela manhã, os presentes fizeram uma passeata na Avenida Agamenon Magalhães com centenas de pessoas vestidas de preto, em protesto contra ações do governo Bolsonaro, e entoando palavras de ordem em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril de 2018.

Uma mistura de política e religiosidade marca o Grito dos Excluídos na manhã deste sábado (7) na Praça do Derby, área central do Recife, onde estão reunidas centenas de militantes membros de sindicatos, movimentos sociais e entidades, além de políticos e líderes religiosos.

Também entre os presentes no ato estão o arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, o bispo auxiliar Dom Limacedo; a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB), os deputados estaduais João Paulo (PCdoB) e Teresa Leitão (PT); e o vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL).

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Antes da passeata ganhar a Avenida Agamemnon Magalhães, uma apresentação teatral refletiu o tema da manifestação deste ano que é “Esse sistema não vale! Lutamos por justiça, direitos e liberdade”.

Com atores vestidos de índios e um sendo crucificado, a reflexão usou como base a música “Pai afasta de mim este cálice” e os que discursaram, entre outras solicitações, pediram que fosse afastados do país a “política desumana, que coloca o poder econômico acima das pessoas”, procuradores hipocritas, religião que cresce a partir de uma política corrupta e o “governo fascista que comanda o país”.

A passeata deste ano saiu por volta das 11h fazendo um trajeto menor, um contorno pela Avenida Agamemnon Magalhães. Com a maioria das pessoas vestidas de preto, faixas pediam o fim do desmatamento da Amazônia, protestavam contra a reforma da Previdência em tramitação no Senado e mais justiça entre os brasileiros.

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Desde 1995, o Grito dos Excluídos acontece em diversas capitais do país no dia 7 de setembro – quando historicamente se celebra a Independência do Brasil.

Nos últimos anos, inclusive, a pauta das mobilizações no Recife está sendo imersa pela conjuntura política e entre as palavras de ordem da manifestação de hoje, o pedido pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela Lava Jato, também ecoa na voz dos presentes.

Um dos movimentos sindicais presentes no ato foi a Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE). O presidente, Paulo Rocha, destacou que “o Grito dos Excluídos é uma luta histórica da classe trabalhadora”. “Hoje, estamos evidenciando os ataques à classe feitos pelo governo federal, com a retirada de recursos para a educação, para a saúde e para o meio ambiente", disse.

Dos políticos, a deputada Teresa Leitão observou que estamos vivendo um tempo em que a exclusão social está aguçado.  

“O grito já surgiu com essa proposta de articulação da sociedade a partir da igreja e depois foi se agregando aos movimentos e partidos. Sempre com um foco na inclusão. O grito dos Excluídos é contraponto a exclusão social que existe no Brasil”, destacou a petista. 

“Em um período mais e em outros menor. Nós estamos no período de aguçamento da exclusão social. Estamos com um governo que é o suprassumo do sistema excludente, corrupto, que frontal a soberania nacional, não respeita o direito dos trabalhadores e envergonha o país diante das cortes internacionais. Não tem política de inclusão”, emendou.

O 7 de setembro, quando se celebra o Dia da Independência, também é marcado pela realização do Grito dos Excluídos. A 24ª edição do ato traz este ano como lema “desigualdade gera violência: basta de privilégios”. No Recife, a concentração será a partir das 9h, na Praça do Derby e a marcha vai percorrer as Avenidas Governador Carlos de Lima Cavalcanti, Conde da Boa Vista, Guararapes e Dantas Barreto, encerrando na Praça da Independência. 

O Grito dos Excluídos é um conjunto de manifestações populares que ocorrem no Brasil desde 1995, com o objetivo dar visibilidade aos excluídos da sociedade e propor caminhos alternativos para um país mais inclusivo. A mobilização é organizada pelas representações de Igrejas, centrais sindicais, movimentos sociais e estudantis. 

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Nos últimos anos, entretanto, a pauta das mobilizações no Recife vem sendo imersa pela conjuntura política do país. Em 2017 e 2016, por exemplo, a bandeira do “Fora Temer” foi uma das erguidas durante a passeata em protesto ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e contra as ações da gestão do presidente Michel Temer (MDB). 

Como 2018 é ano eleitoral, bandeiras de campanha, jingles, distribuição de santinhos e até candidatos podem ser vistos da passeata pelas ruas da capital pernambucana.

Novidades

Este ano, de acordo com a organização, a abertura da marcha será  uma aula pública sobre a atual situação política, social e econômica do Brasil que será ministrada pelo professor Paulo Mansan, membro da Direção Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e assessor da Pastoral da Juventude Rural.

Além disso, o evento será encerrado com uma “Cerimônia Mística de Abraço ao Rio Capibaribe” e um gesto concreto de apoio às pessoas socialmente excluídas do Recife. O abraço vai ocorrer entre as pontes Duarte Coelho e Boa Vista. E os donativos coletados pelo Grito Recife serão entregues à Ocupação Marielle Franco, localizada na praça da Independência.

A Ditadura Militar do Brasil foi o período compreendido entre os anos de 1964, com a deposição do presidente João Goulart através de um golpe articulado entre as forças armadas e outros setores conservadores da sociedade, e 1985, com a eleição indireta do presidente Tancredo Neves. Foi um período histórico marcado por perseguições, censura, tortura e morte de opositores, cerceamento de direitos políticos, falta de democracia, exílio, guerrilhas e desaparecimentos. 

No último sábado (23), foi realizada a quarta edição do aulão Grito dos Excluídos, promovido pelo curso 'Os Caras de Pau do Vestibular', sobre o período de Ditadura Militar no Brasil. Com uma proposta teatral e sensorial, a aula utilizou várias salas do espaço físico do curso para criar ambientes que levem à imersão dos estudantes na atmosfera da época através da participação na encenação. O nome do aulão, de acordo com o professor de história Marlyo Alex, se deve à tentativa de trazer para os alunos o conhecimento sobre pessoas e elementos que normalmente não estão presentes e não têm voz nos livros de história. Manolo, como é mais conhecido o professor, aposta no modelo diferente de aula como maneira de tentar criar uma memória do período ditatorial nos alunos que se preparam para ingressar no ensino superior por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

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“A gente teve, durante muito tempo após a redemocratização, um esquecimento sobre esse período, o Brasil nunca se preocupou em fazer uma rememoração da sua ditadura, que para muitos foi uma intervenção democrática ou uma revolução militar. O aulão é uma tentativa de trazer essa memória e inserir nossa juventude em uma perspectiva que muitas vezes não está nos livros”, explica o professor. 

O LeiaJá acompanhou a montagem e execução do aulão Grito dos Excluídos, realizado na sede do curso, no bairro da Boa Vista, no Recife. Registramos detalhes sobre a encenação, sua recepção pelos alunos e a maneira como o aprendizado foi construído com a participação do público e dos educadores. Confira o vídeo:

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O curso preparatório “Os Caras de Pau do Vestibular” promoverá, no próximo sábado (23), a partir das 18h, um aulão temático e teatral sobre o período de Ditadura Militar do Brasil, na sede do curso. O endereço é Rua Corredor do Bispo, 90, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. 

O aulão “Grito dos Excluídos” já teve três edições contando com a participação de alunos e professores na montagem da aula-teatro que apresenta cenas. O intuito é ilustrar situações que eram corriqueiras durante o período ditatorial, como censura, tortura, protestos e formação de grupos de resistência ao governo militar, além de marcos históricos do período, para os estudantes que vão participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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O ingresso do aulão custa R$ 15. Os bilhetes podem ser adquiridos na própria sede do 'Os Caras de Pau do Vestibular'. 

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O presidente Michel Temer foi o principal alvo dos manifestantes durante a marcha do Grito dos Excluídos realizadas nesta quinta-feira, 7, em Brasília e em pelo menos dez capitais pelo País. O ato também foi marcado por protesto contra o momento político e contra as reformas trabalhista e da previdência. O lema do ato deste ano foi "Direito e democracia, a luta é todo dia". Os manifestantes ignoraram as recentes revelações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defenderam a sua candidatura à Presidência.

O Grito dos Excluídos começou em 1996 como uma iniciativa das pastorais ligadas à Igreja Católica e dialoga diretamente com a campanha da fraternidade de cada ano. em Campo Grande, MS, representantes indígenas protestaram contra a mudança no marco temporal das demarcações de terra. Em julho, Temer assinou um parecer mudando a forma como a administração pública lida com a questão das demarcações de terras indígenas em todo o país. No decreto, ficou definido a tese de que só poderão ser demarcadas terras indígenas em que os índios estavam presentes na data de promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

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Em São Paulo, os manifestantes ligados a movimentos sociais atacaram o projeto de concessão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Gritos contra o governador Geraldo Alckmin também foram ouvidos. Em Belo Horizonte e Porto Alegre, houve atos de defesa a presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e ataques ao Governo federal.

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