‘Excluídos’ vão à rua gritar contra a fome e o ódio
O lema deste ano foi "Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?"
“Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?”, foi o lema da 28ª edição do Grito dos Excluídos, realizada neste 7 de setembro, que marca o bicentenário de independência no Brasil. No Recife, o movimento saiu do Parque 13 de Maio, no bairro da Boa Vista, área central, e encerrou-se na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio.
A passeata também acontece em outros Estados brasileiros além de Pernambuco, como o Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas, Pará, Roraima, Acre, Ceará, Bahia, Mato Grosso e Goiás.
A pedagoga Genova Silva, de 64 anos, contou ter uma história de caminhada e luta com o Grito dos Excluídos: “Há muito tempo a gente vem resistindo, mas agora estamos sendo desafiados a vir para a rua com mais força, mobilização e esperança diante da situação difícil que o País está vivendo”.
Para a pedagoga, sempre existiu polarização e “a gente sempre gritou contra as injustiças”. “Esse ano é que está mais forte diante da situação posta no País. E quem tem caminhada de luta tem a obrigação de vir para a rua. Só o povo na rua é que vai conseguir mudar a situação atual no Brasil”, disse.
A professora Verônica Santos ressaltou que a importância de ir para as ruas é para “mostrar a indignação do povo brasileiro”. “Eu, enquanto mulher preta, nós, enquanto povo preto; a juventude preta, os idosos pretos, estamos desamparados na saúde e educação. Estamos diante de um gestor do nosso País, que é Bolsonaro, que é genocida. Ele não criou e não tem políticas públicas para nenhuma área das nossas vidas. É uma política de morte que faz com que fiquemos à margem de todos os direitos do bem viver, do direito à vida”.
“Vir para a rua neste dia é para mostrar a indignação, insatisfação com o governo que, a todo momento, só faz mentir sobre todas as desestruturas do Brasil”, observou a professora.
Por sua vez, o candidato ao governo de Pernambuco, João Arnaldo (PSOL), afirmou que o ato é uma das “manifestações mais tradicionais de luta e resistência do povo de Pernambuco”. “O nome do grito é em referência ao combate, a exclusão que marca a história de Pernambuco. Especialmente depois de Bolsonaro a realidade da igualdade social piorou, o que também é reflexo de uma política de abandono e falta de iniciativa do governo estadual”, comentou.
O candidato do PSOL fez críticas à atual gestão do Estado. “Os arranjos da velha política de Pernambuco liderados hoje por Paulo Câmara e representados também nas outras candidaturas que aparecem como oposição, mas estavam com ele quando ele foi candidato, fazem parte deste mesmo projeto político”.
O “medo da volta do processo da ditadura pelas práticas do governo federal” foi comentado pela candidata a vice-governadora Alice Gabino (Rede Sustentabilidade). “Hoje é um dia que vai marcar para sempre a virada de chave dessa eleição. É a retomada da democracia. Não estamos aqui porque somos excluídos. Aqui é o grito dos incluídos. Somos maioria: povo preto, pobre, mulheres, negros, indígenas. Não dá para falar de política e de um Brasil diferenciado e sustentável sem o povo na rua”.
A vereadora e candidata a deputada estadual, Dani Portela, exaltou que o lema deste ano foi “muito acertado”. “Na história do Brasil são séculos de desapropriação, genocídio da população indígena que aqui vivia, da escravização da população negra e 200 anos depois da independência os indígenas continuam sendo mortor no governo Bolsonaro”.
Dani chamou atenção para a importância da retomada das cores e da bandeira do Brasil. “Neste 7 de Setembro Bolsonaro tem convocado as pessoas às ruas. Precisamos retomar as nossas cores verde e amarela, que são do Brasil, e não de um projeto ultraconservador, fascista, autoritário, armamentista e de retirada de direitos historicamente conquistados. Esse ano Bolsonaro pode latir, mas ele não vai morder, porque em terra de Paulo Freire Bolsonaro não se cria”, destacou.