Tópicos | 200 anos da independência

Em entrevista após as celebrações do bicentenário da independência, nesta quinta-feira (8), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, justificou sua ausência do desfile de 7 de setembro em Brasília, alegando que como não havia clareza da separação das celebrações cívicas das manifestações político-eleitorais, na dúvida, preferiu não participar. "Em relação a 7 de setembro, houve dois momentos: o desfile cívico e depois os desdobramentos com cunho político-eleitoral. Como não havia clareza do que era um momento ou outro, preferi não participar pois não pretendia externar manifestação política. Além disso, considerei também que os três Poderes comemorariam neste dia 8 o bicentenário", disse aos jornalistas. 

 Rodrigo Pacheco reconheceu que o 7 de setembro levou multidões às ruas das principais cidades do país e elogiou a postura da população, que, segundo ele, agiu de forma pacífica e ordeira em torno de um projeto político, o que deve ser respeitado. 

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 "Considero que temos que valorizar o mais importante: o 7 de setembro esse ano é especial. Deve haver o compromisso de todos de reconhecer a importância da data. Como estamos num processo eleitoral, as manifestações acabam misturando o dever cívico e o aspecto político. E essa divisão tem que ficar clara, até porque a data não pertence a um grupo ou a um partido. Essa clareza é importante que todos tenham", avaliou. 

 Ausência de Bolsonaro

Indagado sobre a ausência do presidente Jair Bolsonaro à sessão solene desta quinta-feira, Rodrigo Pacheco lamentou, mas destacou que os convidados têm a liberdade de decidir se participariam ou não.

O senador informou que ficou sabendo da ausência do chefe do Executivo pouco antes do início da sessão e preferiu não comentar: "Nosso desejo era que ele pudesse estar presente e seria bem-vindo. A opção de não vir tem que ser indagada a ele [...] Até o inicio da sessão, acreditava na presença mas não sei a motivação, por isso não vou fazer juízo de valor em relação a isso [...] Não posso afirmar ter sido desfeita ou qualquer coisa que o valha; declinaram do convite, mas não sei o motivo", esclareceu. 

Elogios

Em relação aos eventos comemorativos de hoje, o presidente do Congresso classificou a sessão solene de "irretocável e muito bonita" e fez elogios ao pronunciamento do chefe do Executivo de Portugal, Marcelo Rebelo.   

"Essa sessão foi histórica, e o pronunciamento do presidente Rebelo foi um das coisas mais belas que vi. Ele recebeu o respeito pelo que representa, como líder de nossa pátria-mãe. Foi irretocável, muito bonita e celebrou com dignidade o bicentenário da independência", afirmou.   

Enfermagem

O senador voltou a afirmar que a busca de uma solução que viabilize o pagamento do piso salarial dos profissionais de enfermagem continua sendo uma das prioridades do Congresso Nacional. Ele informou que vai já nesta quinta-feira tentar um entendimento com o Ministério da Economia e com outros setores do Executivo. 

"Votamos a lei e queremos que seja aplicada. Agora temos que dar alternativa e vou me desdobrar nesse trabalho. Queremos resolver o mais rápido possível, até porque é obrigação nossa, do Congresso, dar uma solução a isso", destacou. 

*Da Agência Senado

“Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?”, foi o lema da 28ª edição do Grito dos Excluídos, realizada neste 7 de setembro, que marca o bicentenário de independência no Brasil. No Recife, o movimento saiu do Parque 13 de Maio, no bairro da Boa Vista, área central, e encerrou-se na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio. 

A passeata também acontece em outros Estados brasileiros além de Pernambuco, como o Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas, Pará, Roraima, Acre, Ceará, Bahia, Mato Grosso e Goiás. 

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A pedagoga Genova Silva, de 64 anos, contou ter uma história de caminhada e luta com o Grito dos Excluídos: “Há muito tempo a gente vem resistindo, mas agora estamos sendo desafiados a vir para a rua com mais força, mobilização e esperança diante da situação difícil que o País está vivendo”. 

Para a pedagoga, sempre existiu polarização e “a gente sempre gritou contra as injustiças”. “Esse ano é que está mais forte diante da situação posta no País. E quem tem caminhada de luta tem a obrigação de vir para a rua. Só o povo na rua é que vai conseguir mudar a situação atual no Brasil”, disse. 

A professora Verônica Santos ressaltou que a importância de ir para as ruas é para “mostrar a indignação do povo brasileiro”. “Eu, enquanto mulher preta, nós, enquanto povo preto; a juventude preta, os idosos pretos, estamos desamparados na saúde e educação. Estamos diante de um gestor do nosso País, que é Bolsonaro, que é genocida. Ele não criou e não tem políticas públicas para nenhuma área das nossas vidas. É uma política de morte que faz com que fiquemos à margem de todos os direitos do bem viver, do direito à vida”.

“Vir para a rua neste dia é para mostrar a indignação, insatisfação com o governo que, a todo momento, só faz mentir sobre todas as desestruturas do Brasil”, observou a professora. 

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Por sua vez, o candidato ao governo de Pernambuco, João Arnaldo (PSOL), afirmou que o ato é uma das “manifestações mais tradicionais de luta e resistência do povo de Pernambuco”. “O nome do grito é em referência ao combate, a exclusão que marca a história de Pernambuco. Especialmente depois de Bolsonaro a realidade da igualdade social piorou, o que também é reflexo de uma política de abandono e falta de iniciativa do governo estadual”, comentou. 

O candidato do PSOL fez críticas à atual gestão do Estado. “Os arranjos da velha política de Pernambuco liderados hoje por Paulo Câmara e representados também nas outras candidaturas que aparecem como oposição, mas estavam com ele quando ele foi candidato, fazem parte deste mesmo projeto político”. 

O “medo da volta do processo da ditadura pelas práticas do governo federal” foi comentado pela candidata a vice-governadora Alice Gabino (Rede Sustentabilidade). “Hoje é um dia que vai marcar para sempre a virada de chave dessa eleição. É a retomada da democracia. Não estamos aqui porque somos excluídos. Aqui é o grito dos incluídos. Somos maioria: povo preto, pobre, mulheres, negros, indígenas. Não dá para falar de política e de um Brasil diferenciado e sustentável sem o povo na rua”. 

A vereadora e candidata a deputada estadual, Dani Portela, exaltou que o lema deste ano foi “muito acertado”. “Na história do Brasil são séculos de desapropriação, genocídio da população indígena que aqui vivia, da escravização da população negra e 200 anos depois da independência os indígenas continuam sendo mortor no governo Bolsonaro”. 

Dani chamou atenção para a importância da retomada das cores e da bandeira do Brasil. “Neste 7 de Setembro Bolsonaro tem convocado as pessoas às ruas. Precisamos retomar as nossas cores verde e amarela, que são do Brasil, e não de um projeto ultraconservador, fascista, autoritário, armamentista e de retirada de direitos historicamente conquistados. Esse ano Bolsonaro pode latir, mas ele não vai morder, porque em terra de Paulo Freire Bolsonaro não se cria”, destacou.

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