Dom Fernando: 'O governo tem dado sinais preocupantes'
Líder religioso lamentou o fato do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não se colocar ao lado dos mais 'sacrificados' pela sociedade
O arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, disse neste sábado (7) que lamentava o fato do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não estar ao lado dos mais pobres e sacrificados.
Em entrevista ao LeiaJá, na concentração do Grito dos Excluídos, na Praça do Derby, área central da capital pernambucana, o líder religioso avaliou a gestão de Bolsonaro e os problemas que o Brasil tem enfrentado nos últimos meses.
Apesar de salientar o curto período da gestão de Jair Bolsonaro, que entra para o nono mês, Saburido disse que “o governo já está dando sinais preocupantes”. “Alguns casos como a situação do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] pedir de volta terras que já estavam garantidas, por exemplo, isso é preocupante. De vez em quando tem tido surpresas [do governo] que é preciso considerar. Lamento que a gente não sente que o governo esteja querendo estar do lado dos mais sacrificados”, argumentou.
As terras pedidas de volta pelo Incra mencionadas pelo arcebispo são as do assentamento Normandia, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, que teve a posse reintegrada por decisão judicial na última quinta-feira (5). O Grito dos Excluídos também prestou solidariedade aos assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que residem no local.
Dom Fernando também ressaltou outros problemas que o país enfrenta. “Há 25 anos o grito vem acontecendo para defender a população pobre contra as injustiças e não faltam razões para isso, principalmente quando tem questões que merecem nossa atenção como esse caso de Normandia em Caruaru, da Transnordestina, a situação da Amazônia, dos índios. Tantos problemas que o Brasil enfrenta e realmente precisamos viver este profetismo unindo forças”, observou.
O Grito dos Excluídos é um ato criado pela igreja católica em 1995 para clamar por igualdade e por justiça, mas que hoje também é endossado por partidos políticos e movimentos sociais. Questionado se a inclusão de pautas políticas maculava de alguma forma o movimento, o arcebispo disse que não. “A defesa da justiça é comum a todos os grupos, tanto igreja quanto sociedade. Nesse ponto estamos unidos e procurando lutar pelo bem da sociedade”, destacou.
No Recife, o ato acontece até às 17h na Praça do Derby com apresentações culturais e intervenções religiosas e políticas. Pela manhã, os presentes fizeram uma passeata na Avenida Agamenon Magalhães com centenas de pessoas vestidas de preto, em protesto contra ações do governo Bolsonaro, e entoando palavras de ordem em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril de 2018.