Bolsonaro alerta contra 'pânico', mas admite 'gravidade'

Dois membros do seu gabinete contraíram o vírus: o ministro da Segurança Nacional, Augusto Heleno, e o de Minas e Energia, Bento Albuquerque

qui, 19/03/2020 - 06:37
Sergio LIMA O presidente Jair Bolsonaro chega para coletiva com máscara de proteção devido à pandemia do coronavírus, no dia 18 de março de 2020. Sergio LIMA

O presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta quarta-feira (18) a gravidade da crise do novo coronavírus, mas pediu para se evitar a "histeria" e adotar medidas de prevenção básicas para deter o avanço do vírus, que já contagiou dois dos seus ministros e o presidente do Senado.

"Minha obrigação como chefe de Estado é de antecipar a problema, levar a verdade à população, mas que a verdade não ultrapasse o limite do pânico", disse Bolsonaro em coletiva, usando uma máscara de proteção, assim como os ministros.

Pelo segundo dia consecutivo, ocorreram "panelaços" em várias cidades, em protesto contra o presidente e sua gestão da crise.

Dois membros do seu gabinete contraíram o vírus: o ministro da Segurança Nacional, Augusto Heleno, e o de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Ambos integraram a comitiva que acompanhou Bolsonaro em uma viagem oficial aos Estados Unidos entre os dias 7 e 10 de março. Até o momento, há 17 infectados por coronavírus que fizeram parte da comitiva aos EUA.

"A verdade está ai, é uma questão grave, mas não podemos entrar no campo da histeria", insistiu Bolsonaro, que começa a mostrar preocupação em relação à pandemia.

No último domingo, Bolsonaro saiu do Palácio do Planalto para cumprimentar vários simpatizantes que participavam de um protesto em apoio ao governo, em meio a um chamado global para se evitar aglomerações.

O segundo teste de coronavírus feito pelo presidente deu negativo. As tensões políticas levaram partidários e adversários de Bolsonaro a convocar panelaços nesta quarta à noite.

Até o momento, o ministério da Saúde confirmou quatro mortes e 428 infectados por coronavírus.

São Paulo e Rio de Janeiro, os estados que concentram o maior número de casos, decretaram essa semana estado de emergência, e tomaram medidas como a suspensão das aulas, a restrição de funcionamento do comércio e o fechamento das atrações turísticas, como o Cristo Redentor.

- Dias difíceis -

"Teremos dias difíceis. Dias duros pela frente. Agora, serão menos difíceis se cada um de vocês se preocupar consigo, seus parentes e seus amigos. Somente dessa forma, seguindo os preceitos ditados pelo Ministério da Saúde, como, em primeiro lugar medidas básicas de higiene, poderemos alongar a curva da infecção de modo que (...) os hospitais possam atender aqueles que necessitarem", disse o presidente.

Pouco depois foi confirmado um novo caso, o do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, de 42 anos, que também contraiu o vírus e está em "isolamento domiciliar", segundo sua assessoria.

O governo decretou o estado de "calamidade pública" para poder aumentar o gasto público e reforçar o auxílio na área da saúde, assim como fornecer auxílio econômico aos setores mais vulneráveis.

O governo ampliará os programas de assistência social e implementará um programa de apoio às empresas para conter os impactos sobre a economia.

As incertezas provocam fortes reações na Bolsa de São Paulo, que desde o início da epidemia já apresentou queda de até 40%. O dólar, por sua vez, fechou em R$ 5,20.

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