Bolsonaro ignora mais de 5 mil mortes alertadas pela Abin
Relatório da Agência Brasileira de Inteligência aponta que mortes por coronavírus podem chegar a 5.571 até 6 de abril
Resultados de um relatório feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) parecem ter sido completamente ignorados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após o pronunciamento nacional que aconteceu na última terça-feira (24). O documento sigiloso, publicado pelo site The Intercept Brasil aponta que o novo coronavírus poderá chegar a 207.435 casos nos pais, além de causar a morte de até 5.571 pessoas, até 6 de abril.
A publicação, datada da última segunda-feira (23), às 22h10, teria sido enviada ao presidente que, na contramão do aviso, criticou governadores e prefeitos por fecharem escolas e o comércio para evitar a propagação da COVID-19.
Os dados coletados pela Abin projetam que, se não for controlada, a epidemia pode levar a até 5.571 pessoas ao óbito. O relatório leva em consideração a evolução de casos oficiais e mortes causadas pelo coronavírus em países como China, Itália e Irã, locais mais afetados pela pandemia.
Partindo para um cenário menos pessimista, a Abin projeta 71.735 casos e 2.062 mortes até 6 de abril, levando em conta a evolução da pandemia na Alemanha e na França. Todas as hipóteses são feitas diariamente pela Agência a partir dos dados divulgados pelo Ministério da Saúde e podem variar bastante, dependendo da evolução dos casos. De acordo com o Intercept, o relatório anterior, do último domingo (22) projetava 8.621 mortes até 5 de abril, no pior cenário.
Mas nem tudo está perdido
Apesar de prever o aumento das mortes em números que podem ser considerados pessimistas, o relatório também analisa dados de outros países e mostra uma diminuição nos casos de coronavírus ao redor do globo, após a adoção de medidas restritivas. Uma das análises é feita com a própria China, de onde saíram os primeiros casos. O relatório afirma que o país oriental conseguiu diminuir o aumento de casos entre 10 e 15 dias depois que adotou medidas de contenção, inclusive com "lockout" (fechamento da entrada e saída de pessoas) em cidades e províncias.