'Houve faxina no Jacarezinho' diz vereador do Recife

"Eram todos marginais que traficam droga e que atiraram na polícia", afirmou o vereador Dilson Batista em reunião ordinária da Câmara

por Jameson Ramos seg, 10/05/2021 - 17:59
Reprodução/Instagram/Dilson Batista Outros vereadores reagiram ao discurso de Dilson Reprodução/Instagram/Dilson Batista

Durante a reunião ordinária virtual da Câmara do Recife nesta segunda-feira (10), o vereador Dilson Batista (Avante) se posicionou sobre a operação policial na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, que acabou com 27 pessoas assassinadas.

"Os que morreram eram marginais. Não vou dizer que houve chacina, mas uma faxina, em Jacarezinho. Eram todos marginais que traficam droga e que atiraram na polícia. Atiraram a sangue frio no policial André Frias, que estava ali não só como um braço do Estado, mas para cumprir sua obrigação de segurança publica”, afirmou.

O vereador Ivan Moraes (PSOL) criticou a adjetivação de “faxina”. “Aqui na Câmara há parlamentares que estão tratando esse caso como faxina, como limpeza. Mas, eu quero lembrar que nós, quando tomamos posse, juramos defender a Constituição. E quem a defende a Constituição tem que defender o Estado de Direito. Não podemos achar normal ou defender a execução sumária. O que houve foi execução sumária”, disse. 

Ivan ressaltou que, politicamente, pode-se discutir o ocorrido pela ótica do racismo institucional. “As corporações policiais foram formadas para defender uma elite. Policiais negros são colocados em situação de perigo e lutam contra outros negros, que moram em favelas. A guerra contra as drogas é justificada para matar moradores da comunidade, bandidos, policiais e traficantes. Mas uma operação como aquela não ocorre no Leblon ou na Avenida Boa Viagem”, salientou.

A vereadora Liana Cirne (PT) manifestou a sua preocupação como esse debate foi colocado “aqui na Câmara por alguns colegas”. Ela ressaltou que foi dita “a expressão faxina, no lugar de chacina, e que a operação só matou bandidos”. Cirne pediu para se refletir sobre “a gravidade do que foi colocado aqui”. 

O vereador Marco Aurélio Filho (PRTB) disse que está preocupado “com a inversão de valores” diante da operação da Polícia Civil realizada na favela Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro. “Até agora, não vi a imprensa ou casas parlamentares como esta se colocando no lugar da polícia. Em nenhum momento vi ninguém fazendo a defesa da Polícia Civil”, reclamou.

Operação letal

A Polícia Civil do Rio de Janeiro alega que, tirando o policial, todos os outros mortos na operação eram "bandidos", mas não deu detalhes de quem são essas pessoas. A operação, que foi de encontro a determinação do Supremo Tribunal Federal, que proibiu operações policiais no Rio de Janeiro durante a pandemia da Covid-19, está sendo investigada pelo Ministério Público Federal, que exigiu esclarecimentos sobre a ação e as mortes executadas. A operação é considerada a mais fatal da história do Rio de Janeiro. 

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