54% são contra a nomeação de militares no governo federal

Gestão bolsonarista tem maior número de militares ocupando cargos desde o fim do regime militar, em 1985

por Vitória Silva sab, 22/05/2021 - 18:31
Marcos Corrêa/PR Jair Bolsonaro durante solenidade da Marinha no Rio de Janeiro Marcos Corrêa/PR

Uma pesquisa feita pelo Datafolha, nos últimos dias 11 e 12 de maio, aponta que 54% da população não aprova a nomeação de militares para cargos no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), ante os 41% que são favoráveis. Um ano antes, o instituto fez o mesmo levantamento e a rejeição aos integrantes das Forças Armadas nos postos federais também venceu, chegando a 52% contrários, ante 43% favoráveis. Atualmente, o governo possui sete ministros militares, maior número desde a redemocratização, em 1985. A pesquisa foi divulgada pela Folha de São Paulo neste sábado (22).

Não souberam opinar 5% dos entrevistados. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu de maneira presencial 2.071 pessoas em todo o país, e o nível de confiança é de 95%.

Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), sob a gestão bolsonarista, mais que dobrou a presença de militares da ativa no governo federal: eram 6.157, contra 2.765 em 2018, durante o governo de Michel Temer. A nomeação de militares para cargos relevantes e ministeriais já era uma promessa de campanha do presidente, que também é ex-capitão reformado do Exército.

A Casa Civil, hoje ocupada por Luiz Eduardo Ramos, general da reserva, já esteve a cargo de Walter Braga Netto, também general da reserva e hoje titular da pasta da Defesa. Ramos, amigo de Bolsonaro da época de preparação militar, foi recrutado para o alto escalão em 2019 ainda quando era oficial da ativa e chefiava o Comando do Sudeste.

A atuação dos integrantes das forças militares, porém, ficou fortemente desgastada com a passagem de Eduardo Pazuello, à frente do Ministério da Saúde entre maio de 2020 e março de 2021. Durante a sua passagem na pasta, Pazuello colocou nomeou outros nove militares para atuar em cargos relevantes da Saúde, ainda no seu primeiro mês como ministro.

No mesmo período, Carlos Alberto Andrade e Jurgielewicz foi exonerado do cargo de secretário-executivo adjunto da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde e, para o lugar dele, foi nomeado o coronel do Exército Antônio Élcio Franco Filho, que havia comandado a Secretaria de Saúde de Roraima antes de ir para o governo federal.

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