7 de setembro pode ser tudo ou nada para Bolsonaro

Especialista aponta que presidente deve continuar se comportando como se estivesse em campanha eleitoral

por Jameson Ramos ter, 07/09/2021 - 08:50
Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens/Arquivo Presidente sendo recepcionado no Recife Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens/Arquivo

Desgastado politicamente e com a crise instaurada entre os Poderes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode sair mais forte - ou não - após os atos deste 7 de setembro. Para a cientista política Priscila Lapa, Bolsonaro, que já se comporta como se estivesse em campanha eleitoral, deve reforçar o seu palanque nas manifestações infladas por ele.

A especialista aponta que o que deve ser visto nesta terça-feira (07) é um discurso contrário às instituições que o presidente insiste em afirmar que estão com o funcionamento inadequado, principalmente contra o Supremo Tribunal Federal. Os atos pelo Brasil estão sendo considerados como ações organizadas pelo Estado, na pessoa do chefe do Executivo, que foi se propagando e tem sido potencializado pelas redes sociais.

“Isso torna o momento espantoso e as pessoas estão receosas, justamente porque a preocupação não é se o movimento vai ser grande ou descambar para a violência, a grande preocupação é a utilização dos recursos institucionais para que isso aconteça. Como já está acontecendo com clima de intimidação, de que as instituições podem ter o seu papel deturpado durante esse processo, principalmente o que o presidente espera caso exista radicalização”, aponta Priscila. 

Mesmo que o número de pessoas nas ruas, a favor do governo, não seja o esperado por Jair Bolsonaro e seus aliados, a cientista acredita que ele não vai recuar em seus discursos e ataques - que vem fazendo desde que foi eleito e tomou posse em 2019. “Nada fará Bolsonaro recuar da sua estratégia, porque é uma estratégia de sobrevivência política dele, que não tem uma agenda para discutir com a sociedade. O que ele tem é um enfrentamento ideológico, que fez Bolsonaro ser o que ele é”, diz.

7 de setembro e o palanque eleitoral

Falta pouco mais de um ano para as eleições de 2022, mas com a popularidade em queda e todas as últimas pesquisas mostrando que ele pode perder para o ex-presidente Lula (PT), o presidente Jair Bolsonaro tem andado pelo país e feito motociatas como se já estivesse na corrida eleitoral. 

No dia 28 de agosto, no 1º Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos de Goiás, o presidente afirmou que tem três alternativas para o seu futuro: "estar preso, morto ou obter a "vitória" em 2022. "Pode ter certeza que a primeira alternativa não existe. Estou fazendo a coisa certa e não devo nada a ninguém. Sempre onde o povo esteve, eu estive", afirmou.

“Ele já não se comportava e acredito que a partir de amanhã ele não se comportará de forma nenhuma como chefe de Estado, ele se comporta como presidente em campanha, em cima de um palanque. Isso é muito preocupante porque a gente tem mais de um ano para a eleição. Qual o país que aguenta ficar mais de um ano com o seu principal líder fazendo campanha eleitoral e enxergando eleição em tudo? “, indaga Priscila.

A cientista ressalta que o presidente deve ganhar fôlego nesta terça (07) e afastar ainda mais a hipótese do processo de impeachment por conta do apoio popular, possibilitando também que Bolsonaro ganhe mais força - mesmo desgastado politicamente.

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