Lula 76 anos: curiosidades, corrupção, prisões e inocência
O ex-presidente mais popular do Brasil tem sua trajetória, de 76 anos, marcada por altos e baixos
Nesta quarta-feira (27), o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está sendo um dos mais comentados nas redes sociais, com as pessoas o parabenizando pelos seus 76 anos. No entanto, oficialmente, o petista completa aniversário no dia seis de outubro, data que foi registrado, quando chegou em São Paulo com a sua família. O LeiaJá separou esta e outras curiosidades e fatos da vida do ex-presidente Lula, confira.
Duas datas de aniversário e migração para São Paulo
Nascido em 27 de outubro de 1945, em vargem comprida, Caetés, interior de Pernambuco - que na época era distrito de Garanhuns -, Lula é o sétimo dos oito filhos de Dona Lindu e seu Aristides, que com a miséria de onde vivia, decide viajar para São Paulo com a sua família atrás de uma vida melhor.
Sem documentos oficiais na época, Lindu usou o que se chamava de batistério, que é um documento que comprova a execução do sacramento do batismo católico e constava a data e o local de nascimento. Com esse documento, chegaram em Vicente de Carvalho, no litoral paulista, em 1952, ano em que o petista foi registrado.
Segundo conta José Ferreira de Melo, irmão do ex-presidente, ao Instituto Lula, em São Paulo Dona Lindu levou ao cartório, anotado em um papel, os nomes e as datas de nascimento de todos os filhos, mas ele acredita que sua mãe foi intimidada no local, chegando a se confundir com a data de nascimento de Lula, que foi registrado como nascido no dia seis de outubro de 1945 - e não no dia 27 - data correta do seu nascimento.
Lula só conheceu o pai aos cinco anos de idade
Antes da família Silva migrar para São Paulo, Seu Aristides viajou para São Paulo, deixando Dona Lindu grávida do Lula, que só conheceu seu pai quando tinha cinco anos de idade. Na época, o genitor voltou para Pernambuco para visitar a família e voltou para São Paulo, deixando Lindu grávida de Tiana, irmã de Lula.
Lula era espancado e não podia estudar
O petista contou em seu site que ele, seus irmãos e sua mãe eram espancados por Aristides, que também não permitia que eles estudassem, devendo focar no trabalho. Só após a separação dos pais que eles puderam estudar e viver uma vida "mais livre".
Engraxate e vendedor
Antes de ser metalúrgico e presidente da República, Lula foi vendedor de laranja, amendoim e tapioca. Também foi engraxate, telefonista e office boy.
Primeiros passos na política
Em São Paulo, o então metalúrgico começou a sua vida política em 1969, aos 24 anos, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Em abril do mesmo ano, Lula se tornou suplente na diretoria do sindicato; em 1972, foi convidado a se tornar o primeiro-secretário do departamento jurídico; entre 1975 e 1978, o filho de Dona Lindu foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.
No dia 13 de março de 1979, Lula se torna a principal liderança da primeira greve geral de uma categoria de trabalhadores desde 1968. Foi nessa época que uma das cenas mais famosas do então presidente do sindicato acontece. Sem sistema de som e sem palanque, Lula falou para uma multidão em cima de uma mesa e usando um megafone.
Fundação do PT
Sendo um dos responsáveis pela criação do Partido dos Trabalhadores em 1980, Lula foi o primeiro presidente do partido.
Lula quando foi preso em São Paulo, na década de 80. DEOPS-SP/Reprodução
Primeira vez preso
Lula foi preso no mesmo ano em que criou o PT, acusado de promover greve e incitar publicamente a "subversão da ordem político-social", permanecendo 31 dias preso em São Paulo. Também nesta época, Dona Lindu morreu de câncer no útero, mas Lula pode sair da prisão para poder acompanhar o enterro da sua mãe.
Em 1982, o Supremo Tribunal Militar (STM) anulou todo o processo contra Lula por ter liderado a greve dos metalúrgicos, eliminando o risco de inelegibilidade do petista.
Primeira vez candidato
Com a estratégia do PT de aumentar a visibilidade do partido, Lula se lançou em 1982 como candidato ao governo de São Paulo, ficando em quarto lugar com 10% dos votos.
Deputado mais votado
Com toda a notoriedade da greve dos metalúrgicos, Lula conseguiu sair das eleições de 1986 como o deputado federal mais votado do Brasil, com 650.134 votos.
Tentativas para ser Presidente da República
Em 1989, O petista tenta pela primeira vez ser presidente do Brasil e consegue ir para o segundo turno, onde perde para o ex-presidente Collor por 53% a 47%.
Em 1994, Lula tenta pela segunda vez ser presidente do Brasil, mas perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, que foi eleito com 54,2% dos votos, contra 27% do petista. A cena de Lula perdendo para FHC no primeiro turno se repete em 1998: foram 53,06% dos votos contra 31,71%.
Eleito pela 1ª vez e reeleição
Na sua quarta tentativa seguida, Lula consegue ser eleito presidente do país em 2002, se tornando o primeiro operário presidente do Brasil, com 61,27% dos votos conquistados no segundo turno contra José Serra, que conseguiu 38,72%.
Em 2006, no segundo turno, o petista consegue ser reeleito com 60,83% dos votos - na época, ele disputou a liderança do país com Geraldo Alckmin.
Pobreza
Foi no governo do petista que, entre 2003 e 2010, 32 milhões de brasileiros conseguiram sair da pobreza, com auxílio de programas de transferência de renda como o Bolsa Família. Em 2014, A Organização das Nações Unidas (ONU) exaltou que o programa era exemplo de políticas onde todos são beneficiados.
Além disso, a ONU revelou que programas de transferência de renda foram importantes para diminuir o impacto que a população sofreu com o aumento dos preços de alimentos que se seguiu à crise de 2008.
Corrupção
Em julho de 2017, Lula foi condenado a cumprir nove anos e seis meses de prisão, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá. Em janeiro de 2018, o Tribunal Regional Federal da 4ª região aumentou a pena do petista pata 12 anos e um mês de prisão.
Em abril de 2019, o Suprior Tribunal de Justiça decidiu manter a condenação, mas reduziu a pena para oito anos e dez meses de reclusão.
No caso do sítio de Atibaia, Lula é acusado de receber propinas das construtoras OAS e Odebrecht por meio de reformas, em 2010, num sítio no município do interior paulista.
A juíza federal Gabriela Hardt condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
Em setembro de 2017, Rodrigo Janot, então procurador da República, apresentou denúncia contra o petista por suposto crime de obstrução de Justiça.
Lula também foi acusado de cometer crimes de corrupção passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro ao, supostamente, pressionar o BNDES para emprestar dinheiro para obras em Angola.
O ex-presidente ainda foi apontado por receber propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno para o Instituto Lula; tornou réu por de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa, no âmbito da Operação Zelotes; Também no âmbito da Operação Zelotes, a Justiça Federal aceitou denúncia contra Lula por corrupção passiva por recebimento de propina.
No fim de 2018, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal, em Brasília, aceitou denúncia do MPF contra Lula, Dilma Rousseff, os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, por formação de organização criminosa.
Preso pela segunda vez
Após pedido de prisão expedido pelo então juiz Sérgio Moro, Lula se entregou à Polícia Federal no dia sete de abril de 2018, após um longo discurso contra a operação Lava Jato no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo.
Livre
Após 580 dias preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o ex-presidente Lula teve sua liberdade concedida no dia oito de novembro de 2019, após decisão do Supremo Tribunal Federal que derrubou as prisões em segunda instância.
Inocentado das acusações
Lula teve sua inocência definida pelo STF que anulou quatro ações consideradas ilegais movidas pela Lava Jato. Além desses processos, Lula foi absolvido ou teve as denúncias arquivadas, porque não tinham justa causa nem base em fatos, em outros 17 casos já julgados fora da Vara que Moro comandava.