Lula adota precaução para perguntas sobre Lava Jato no JN
A avaliação da cúpula da campanha é a de que, mesmo que os escândalos do petrolão e do mensalão sejam citados, o petista lidará com os temas com naturalidade
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se preparou para responder perguntas sobre corrupção nos governos petistas quando o tema vier à tona nesta quinta-feira, 25, na entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. A avaliação da cúpula da campanha é a de que, mesmo que os escândalos do petrolão e do mensalão sejam citados, o petista lidará com os temas com naturalidade, sem ser agressivo com os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos.
"O que perguntarem ele está bem preparado", disse o deputado e ex-presidente do PT Rui Falcão, coordenador de Comunicação da campanha petista. De acordo com o ex-presidente do partido, Lula terá um discurso pronto para responder a perguntas sobre corrupção. "Ninguém combateu tanto a corrupção quanto os nossos governos. Tem o Ministério Público independente, Polícia Federal com autonomia", declarou.
A avaliação é compartilhada pelo líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). "Está mais do que comprovado que o Lula foi vítima de uma conspiração política", disse ele. "A sociedade já sabe disso", completou.
Do outro lado, o ex-juiz responsável pela operação Lava Jato e candidato ao Senado pelo União Brasil no Paraná, Sergio Moro, explorou as suspeitas de corrupção dos governos petistas e disse que os apresentadores do Jornal Nacional deveriam questionar Lula sobre isso. "Espero que Lula seja perguntado com firmeza no @jornalnacional sobre Mensalão, Petrolão, triplex e Atibaia. Se precisarem de ajuda, sou voluntário. Tenho experiência", escreveu ele no Twitter.
Lula irá à sabatina do Jornal Nacional acompanhado de uma comitiva. O petista terá ao seu lado o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), o ex-ministro Aloízio Mercadante, coordenador do programa de governo, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a mulher, Rosângela da Silva, a Janja.
Petistas ouvidos pelo Estadão afirmam que Lula tentará focar o discurso em economia e citar temas como a alta inflação do governo Jair Bolsonaro. Consideram ser normal que as sabatinas com o atual presidente e com o petista sejam mais quentes, já que ambos estão à frente nas pesquisas e a disputa é polarizada.
Aliados observaram que, assim como ocorreu com Bolsonaro, as perguntas do Jornal Nacional serão feitas para "espremer". Os petistas afirmam que Lula "não vai perder as estribeiras" com os apresentadores. Apesar de esperarem perguntas em um "tom duro", a campanha do petista descarta que o clima seja agressivo.
Eles esperam que os apresentadores sejam irônicos em vez de colocarem Lula contra a parede. O tom de deboche contra Bolsonaro na entrevista de segunda-feira, 22, foi criticado por parte da cúpula do PT. A campanha de Bolsonaro, principal adversário de Lula, espera que o petista não cite o presidente. Durante a entrevista ao programa, na segunda-feira, 22, o presidente não fez de Lula seu maior alvo de ataque.
O entorno de Bolsonaro tem pressionado para que os apresentadores sejam duros com Lula nas redes sociais. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, gravou um vídeo no qual comparou as entrevistas do Jornal Nacional com Bolsonaro em 2018 e 2022 e reclamou da diferença de tratamento com o candidato Ciro Gomes (PDT), entrevistado desta terça-feira, 23.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também foi às redes no mesmo tom. O filho mais velho do presidente chamou os apresentadores de "ursinhos carinhosos" nesta quinta-feira, 25, após a entrevista de Ciro.