Família de idosa se diz 'revoltada' após fake bolsonarista

Fotógrafo responsável pelo registro que viralizou explica que a senhora morreu em 2022 e que notícia falsa mexeu com luto da família

por Vitória Silva ter, 10/01/2023 - 11:26
Reprodução/Redes Sociais Deolinda Tempesta, que teve imagem veiculada a fake news, morreu em 2022 Reprodução/Redes Sociais

A família da senhora Deolinda Tempesta Ferracini, vítima de fake news bolsonarista nesta semana, se diz “revoltada” com o uso da imagem da idosa para dar força à retaliação golpista, mediante o uso das forças policiais. Deolinda, que era residente em São Paulo, tem fotos suas disponíveis em bancos gratuitos de imagens há alguns anos. 

De má fé, grupos de bolsonaristas, presos em Brasília, após os atos terroristas do domingo (8), passaram a utilizar as imagens da mulher, alegando que se trataria de uma idosa de 77 anos, morta por maus-tratos e falta de assistência dentro de uma quadra onde os detidos aguardam oitiva, na capital federal. 

De acordo com o jornal O Globo, é a segunda vez que Deolinda é vítima de uma fake news desse tipo. A primeira foi quando usaram sua imagem em um boato relacionado à Covid-19. Após a nova notícia falsa se propagar, os familiares receberam centenas de mensagens, informando o uso indevido de imagem. 

Edu Carvalho, fotógrafo responsável pelo registro, feito em 2018, esclareceu que Deolinda, avó de sua esposa, morreu aos 80 anos em 10 de outubro de 2022 após passar alguns dias internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Casa de Vinhedo (SP) devido a um acidente vascular cerebral (AVC). 

“A família está muito chateada com isso. Você tem noção que eu carreguei o caixão dela no enterro? Eu chorei a morte dela. Ainda usando para esse terrorismo que aconteceu, ficamos revoltados”, desabafou o profissional à reportagem. 

A foto de Deolinda que aparece em postagens como se tivesse morrido sob custódia da Polícia Federal foi baixada de um banco de imagem na internet. Além disso, a PF desmentiu que uma mulher tenha morrido nessa segunda-feira (9) nas dependências da Academia Nacional de Polícia. 

“Acordei com uma enxurrada de pessoas mandando os posts pelas redes sociais e justo hoje que fazem apenas três meses que minha avó nos deixou! Me senti impotente, a internet tem uma força absurda tanto para o bem quanto para o mal. Estamos tentando ao máximo avisar as pessoas, mas muitas desacreditam e ainda pedem para provar, isso dói muito e só vai saber quem estiver na pele um dia. Que isso acabe logo”, lamentou Juliana Cuchi Oliveira, neta de dona Deolinda. 

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