Veja quem são os golpistas presos pela PF em nova operação
De oito mandados de prisão preventiva, quatro já foram cumpridos na manhã desta sexta-feira (20)
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta sexta-feira (20), a operação “Lesa Pátria”, para identificar e prender pessoas que coordenaram e financiaram os atos terroristas contra os Três Poderes, no último dia 8 de janeiro. A ação foi classificada como “permanente” pela instituição, que fornecerá atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas.
Nesta primeira investida, foram emitidos oito mandados de prisão preventiva, além de 16 de busca e apreensão. As ordens são cumpridas no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, e Mato Grosso do Sul. Entre os presos - até o fim da manhã desta sexta-feira (20), quatro pessoas foram localizadas e detidas - estão bolsonaristas conhecidos, como Ramiro “Caminhoneiro” e Renan Sena.
Os investigados devem responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
Como denunciar
Informações sobre a identificação de pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os fatos ocorridos no dia 8, em Brasília, devem ser encaminhadas para o e-mail denuncia8janeiro@pf.gov.br.
Quem são os golpistas
Ramiro Caminhoneiro
Ramiro Alves Da Rocha Cruz Junior, de 49 anos, conhecido como Ramiro dos Caminhoneiros, foi um dos organizadores dos atos terroristas em janeiro. Ele foi candidato a deputado federal pelo PL de São Paulo em 2022 e recebeu R$ 150,9 mil para a campanha. É filiado ao PL desde março do ano passado. Em 2018, também concorreu a deputado federal pelo PSL, sigla pela qual Jair Bolsonaro (PL) se elegeu presidente à época.
Nas redes sociais como "um patriota a serviço do transporte". Em postagens recentes em seu perfil no Instagram, com quase 70 mil seguidores, Ramiro incita a participação nos acampamentos antidemocráticos instalados nas portas de unidades militares desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Através de "lives", pede doações via Pix para um telefone com DDD 011 (São Paulo).
Dias após a prisão realizada no QG do Exército, em Brasília, voltou ao local e tentou realizar uma live mostrando como estava o espaço após a desmobilização, mas foi interrompido por um militar. Em outra publicação, escreveu "vencemos no domingo, perdemos na segunda", se referindo aos ataques às sedes dos Três Poderes.
Randolfo Antônio Dias
Randolfo foi detido no bairro Luxemburgo, Zona Sul de Belo Horizonte. Ele foi conduzido por agentes da PF para a sede da Superintendência na capital. Segundo as investigações, ele participava do acampamento em frente à 4ª Região Militar do Exército, na avenida Raja Gabaglia, no bairro Gutierrez, na Zona Oeste da capital, onde apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protestavam contra o resultado das eleições presidenciais.
O preso enviava áudios em grupos de mensagens desejando a morte do presidente Lula e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, além de incitar ações ilegais. Ele não possui antecedentes criminais.
Renan Silva Sena
Renan da Silva Sena foi um funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), comandado pela ex-ministra Damares Alves. Durante a pandemia, ele protagonizou um episódio de violência contra uma enfermeira, em Brasília, em maio de 2020.
Nesse dia, profissionais da área de saúde faziam uma manifestação pacífica, silenciosa, respeitando as regras de distanciamento social em memória de 55 enfermeiros, técnicos e auxiliares que morreram vítimas do coronavírus. Ele cuspiu no rosto de uma manifestante. na atual operação, Renan é investigado por usar suas redes sociais para incitar os crimes na Esplanada dos Ministérios.
Em um vídeo publicado do QG do Exército no dia 6 de janeiro, por exemplo, ele chamava para uma “grande ação neste fim de semana”. Os agentes encontraram R$ 22 mil em espécie em sua casa.
Soraia Bacciotti
Soraia é uma linguista sulmatogrossense, suspeita de participar do ataque à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Além de bolsonarista, ela é apoiadora do ex-candidato a governador de Mato Grosso do Sul, Capitão Contar (PRTB). Intérprete de libras, Bacciotti apareceu em suas redes sociais, em 29 de outubro de 2022, ao lado de Contar, traduzindo as falas do militar do Exército para a população surda. Ambos pediam apoio à população do estado no segundo turno das eleições.