Ibaneis tentou tranquilizar Rosa e Pacheco e minimizou ato
Antes das invazões, o governador afastado ignorou a manifestação de preocupação do presidente do Senado e do Ministério da Justiça
O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), tentou tranquilizar os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, antes dos bolsonaristas depredarem as sedes dos Poderes.
Na véspera dos protestos golpistas, Rodrigo Pacheco pediu ajuda ao governador e alertou sobre o risco de invasão ao Congresso. A informação teria sido reportada pelo setor de inteligência da Polícia Legislativa. "Estimado governador, boa noite! Polícia do Senado está um tanto apreensiva pelas notícias de mobilização e invasão ao Congresso. Pode nos ajudar nisso?", escreveu o senador.
Ibaneis repondeu que todo o efetivo de segurança havia sido mobilizado e estava nas ruas: "Não teremos problemas", garantiu.
No dia seguinte, quando radicais já haviam avançado sobre o Congresso Nacional, a presidente do STF foi uma das primeiras a fazer contato com o governador: "Já entraram no Congresso!", alerta a ministra. Ele deu uma resposta parecida, sobre o volume de agentes mobilizados, e assegurou: "Estamos cuidando".
No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, mandou afastar o governador do cargo pelo prazo inicial de 90 dias. A decisão afirma que o governador foi conivente com os extremistas e ignorou apelos de autoridades para reforçar a segurança na Praça dos Três Poderes.
As mensagens foram extraídas do celular do governador e periciadas pela Polícia Federal (PF) na investigação sobre o papel de autoridades nas manifestações golpistas. Ele entregou o aparelho voluntariamente aos policiais.
Ibaneis já prestou depoimento no inquérito. Ele declarou que os órgãos de segurança do Distrito Federal estavam cientes da manifestação e prepararam um protocolo integrado de ações, que na avaliação dele foi 'sabotado'. O plano teria sido debatido com representantes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do STF, afirmou o governador, que disse ainda não saber do risco de violência.