Os desafios da carreira de um animador digital

A estimativa é de que um bom profissional faça em média cinco segundos de animação por dia

por Alfredo Carvalho sex, 21/08/2020 - 16:49
Divulgação A animação "Jovens Mitos" Divulgação

A animação está presente na indústria do entretenimento desde 1908, quando surgiu o primeiro desenho animado, "Fantasmagorie", dirigido por Émile Cohl (1857-1938). Desde então, alguns nomes popularizaram o gênero, como Walter Lantz (1899-1994), com o "Pica-Pau" (1957), e Walt Disney (1901-1966), com "Mickey Mouse" (1928).

No Brasil, a profissão de animador ganhou popularidade junto com a expansão da internet. Com isso, muitas pessoas começaram a alimentar o sonho de um dia trabalhar em produções de desenhos animados. Para isso, é necessário ter noções de movimentos para os estilos 2D, 3D ou stop motion. "Animar não é só movimentar imagens na tela ou mover bonecos articulados, mas sim dar vida a eles. É sempre recomendável estudar e entender os princípios da animação e também tentar fazer engenharia reversa em suas obras favoritas", explica o animador da Fire Studio Animation, Antonio Silva.

Acompanhe a animação brasileira "Maria Quitéria Honra e Glória", produzida pela Fire Studio Animation:

O profissional de animação pode trabalhar de maneira formal, em estúdios, agências de publicidade e produtoras de jogos, e também no modelo independente. "Os freelancers acontecem por vários motivos, seja pelo instável fluxo financeiro de algumas produtoras, que inviabiliza uma contratação formal, ou pelo artista acreditar que tem mais liberdade de escolha e também por não morar no mesmo local que se encontra o estúdio", comenta Silva.

Quando se trata de um freela, o profissional vai trabalhar com base em contratos, que resguarda tanto o cliente quanto aquele que está prestando o serviço. "Na maioria das vezes, os contratos versam sobre as obrigações, tempo de produção e valores a serem pagos. No documento consta cláusulas sobre os direitos autorais daquele material, confidencialidade e multas por atraso", detalha o animador.

O animador digital Antonio Silva | Foto: Arquivo Pessoal

Os que desejam seguir a profissão, devem ter em mente que o trabalho de animação é lento. Estima-se que um bom animador faz em média cinco segundos de animação por dia. Contudo, existem outros processos que envolvem o trabalho, como roteiro, storyboard, animatic, edição e pós-produção, além de toda a parte que envolve dublagem e efeitos sonoros.

Assim como em outras profissões, trabalhar com animação no Brasil é um desafio. Além de toda burocracia que uma empresa enfrenta para poder produzir e empregar, a desvalorização da moeda real frente ao dólar dificulta o acesso a equipamentos e softwares. Por isso, vários profissionais optam por trabalhar fora do país. "Os bons profissionais, na maioria das vezes, são valorizados. Nos últimos anos, acho que essa premissa tornou-se ainda mais verdadeira com o sucesso da indústria dos games e o crescimento das empresas de streaming, que vem absorvendo os bons artistas", relata Silva.

Por conta da popularização, muitos animadores sentiram-se motivados a aprender com os veteranos e, aos poucos, procuram uma maneira de entrar no mercado de trabalho. "Acredito que ainda falta muito pra termos uma indústria de animação consolidada no Brasil, mas estamos no caminho e, mesmo devagar, vamos chegar lá", finaliza o animador.

Acompanhe a animação brasileira "Maria Quitéria Honra e Glória", produzida pela Fire Studio Animation:

 

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