Alunos sem aula, mas em apoio à greve

Apesar dos fatores negativos resultantes da paralisação dos professores, a maioria dos estudantes incentiva as reivindicações

por Nathan Santos sab, 18/08/2012 - 00:00
Victor Soares/LeiaJáImagens Futuro da universidade pública é um dos pontos de debate dos estudantes Victor Soares/LeiaJáImagens

Já se passaram três meses de greve dos professores de universidades e institutos federais do Brasil. Os docentes querem reestruturação da carreira, melhores salários, mais investimento na educação, e do outro lado, o Governo Federal diz que não mais negocia com a categoria.

Os estudantes, que desde que ingressam na universidade traçam um planejamento de carreira profissional, projetam estágios e empregos, todavia, tudo isso depende do desenvolvimento do curso. Uma paralisação deste nível atrapalha os universitários, mesmo assim, a grande maioria dos alunos é a favor dos professores e defende a ideia de que a universidades pública brasileira ainda sofre sem recursos.

Cursando o oitavo período do curso de ciências biológicas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Flávia Pina, de 22 anos, já teve vários prejuízos por causa da greve. “Não consegui um emprego porque não me formei”, reclama Flávia. Ela estagia numa escola, na cidade pernambucana de Vitória de Santo Antão. Sua contratação estava muito próxima de ser fechada, porém, por não conseguir concluir a graduação, sua certeira de trabalho não foi assinada.

Além desse transtorno, a festa de formatura foi prejudicada. Há vários meses pagando as parcelas da cerimônia, a comemoração agora não tem data definida. “Só restam apenas dois meses para pagar e não sei quando vou me formar e nem quando será a festa”, diz a estudante. Mesmo diante dessas dificuldades, Flávia integra o volumoso grupo de estudantes que apoia a paralisação dos docentes. “Apesar dos problemas eu sou a favor da paralisação. Eu concordo com o que os professores querem”, conta a jovem.

Sem pensar nos prejuízos



O estudante de história, Maicon Vasconcelos, defende veemente os professores. Para ele, os prejuízos causados pela paralisação poderão ser compensados com rapidez se a greve acabar. Mas, ele argumenta que “se a educação continuar abandonada, as gerações futuras vão sofrer mais”.

Vasconcelos não reflete somente sobre os universitários de hoje. “Não sendo mesquinho enquanto análise política e global, não podemos pensar apenas nos universitário de hoje. Precisamos pensar no futuro. Não há como construir uma universidade de qualidade sem professores qualificados, bem remunerados e com planos de carreira”, argumenta o universitário.

Marcela Vieira, 23, faz medicina, também da UFPE, e não se preocupa com o atraso do curso. “O prejuízo será maior se os apelos da educação não forem atendidos. A greve não pode terminar enquanto a vitória não for dos professores”, diz a futura médica.

O presidente da Associação dos Docentes da UFPE, (Adufepe), José Luís Simões, faz questão de elogiar os estudantes que apoiam a paralisação. De acordo com o presidente, os universitários estão compreendendo a razão da greve. “A gente deve ter um governo que valoriza a educação, ou então o País não avança”, relata.

Reestruturação da carreira docente; unificação da carreira; carreira docente em 13 níveis - atualmente é dividida em cinco classes (subdivididos em 16 níveis); manutenção de 8h/aulas no mínimo, dando continuidade as pesquisas nas universidades; autonomia das universidades; reajuste de 20,5% para todos os docentes em 2012; e melhoria nas condições de trabalho são o que os professores pedem. Ainda não há planos da categoria sobre quando o fim da greve poderá ser discutido. Só em Pernambuco, mais de 30 mil estudantes estão sem aula.

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