Cota para negros em concurso não é consenso
A medida, segundo a presidenta, serve para que a raça tenha mais representatividade em empregos federais
A busca por um emprego público cresce a cada dia. E, nessa terça-feira (5), foi encaminhado ao Congresso Nacional, pela presidente Dilma Rousseff, o projeto de lei que propõe cota de 20% das vagas de concursos públicos para negros. A medida, segundo a chefe do Executivo, serve para que a classe seja mais bem representada no serviço público. "Devemos reconhecer e valorizar essa diversidade cultural", disse, em seu discurso em evento sobre igualdade racial.
Com essa determinação, os concurseiros seriam prejudicados? As opiniões divergem. "Sou contra porque acredito que isso discrimina outras pessoas, outras classes raciais. Não é uma raça, uma cor que vai definir o intelecto da pessoa. Essa determinação não é uma forma de diminuir as diferenças", explica Gabriella de Paula, estudante de Direito.
De acordo com o coordenador pedagógico do Núcleo de Concursos Especial (Nuce), Cícero Roseno, o sistema de cotas já foi conversado em sala de aula e a opinião foi unânime: todos discordaram. "Até mesmo os negros que estudam aqui no Núcleo, não concordaram com as cotas, pois isso diferencia um aluno do outro. Ao meu ver, parece que essa determinação é uma forma de se redimir dos sofrimentos antigos, ainda da época da escravidão. Todos enfrentam dificuldades, estudam do mesmo jeito e merecem ser tratados de forma igualitária", afirma o coordenador.
Para Joana Pessoa, negra, que sempre estudou em escolas e universidades públicas, essa é mais uma forma de discriminação. "Na realidade, as pessoas precisam estudar mais e ler mais, sinceramente, acho que não vale a pena um tipo de cotas como essa, onde se é necessário apenas o estudo de todos. É mais uma forma de discriminação e preconceito", conta.
Por outro lado, o ativista pelos direitos dos negros, Ronei Prado, concorda e entende que a proposta é uma forma de inclusão. "Sou a favor porque, no Brasil, ainda existe um racismo muito grande, que exclui uma grande parte da população negra. Se não der oportunidade a essa classe, esta nunca será valorizada. Hoje em dia, grande parte das pessoas discrimina um negro e, por isso, essa medida deve ser adotada", defende Prado.