Exame como porta de entrada para Portugal
Enem também passou a servir como avaliação de 27 universidades portuguesas parceiras do Inep
Além de substituir o vestibular tradicional nas universidades públicas brasileiras, o Enem também passou a servir como avaliação de 27 universidades portuguesas parceiras do Inep. O acordo existe desde 2014 e foi possível graças à mudança na legislação de Portugal promovida pelo Decreto -Lei nº 36, de 10 de março de 2014, que regulamentou o estatuto do estudante internacional de Portugal e permitiu que as instituições de ensino superior do país pudessem definir a forma de ingresso de estudantes estrangeiros.
Para concorrer a uma vaga em Portugal, o estudante brasileiro precisa ter atingido a nota mínima de 600 pontos na média final do Enem. Posteriormente, é realizado um escalonamento levando em consideração as pontuações das áreas específicas relacionadas ao curso pretendido. Com média 700 no exame, o estudante André Ries foi selecionado para cursar Gestão na Universidade do Algarve, que está entre as mais conceituadas universidades lusitanas . “O que me motivou a vir foi a vontade de viver em outro país, conviver com outra cultura e Portugal me proporcionou isso sem custo de vida tão elevado. Profissionalmente, foi importante porque você conhece outra dinâmica de mercado. Além disso, é uma oportunidade de conhecer pessoas de vários lugares do mundo”, comenta.
O brasileiro André Ries cursa Gestão na Universidade do Algarve em Portugal graças à boa pontuação que obteve no ENEM. (André Ries/Acervo Pessoal)
André espera regressar ao país para colocar o conhecimento adquirido em Portugal em prática. “Eu ainda tenho mais quase dois anos de licenciatura para fazer. Pretendo, depois de finalizar o curso, fazer um mestrado por aqui, para depois voltar para o Brasil mais qualificado e experiente e poder atuar na minha área”, conta. Este também é o desejo do estudante do curso de Gestão de Empresas da Universidade do Algarve, correspondente ao curso nacional de Administração de Empresas, o brasileiro Thomas Ishi. Apesar disso, o jovem comemora a possibilidade de exercer sua profissão no exterior. “Eu já estou no último ano e a previsão para concluir a graduação é em julho de 2018. Essa oportunidade de estudar no Algarve me pareceu muito vantajosa principalmente por poder ter um diploma que não é reconhecido só em Portugal, mas em todos os países da União Europeia, o que pode ajudar muito na hora de procurar um emprego”, comemora.
Em julho deste ano, Alessandra Brasca e Eunice Santos, respectivas chefe de gabinete da presidência e diretora de gestão e planejamento do Inep, visitaram a Universidade de Coimbra, em Portugal, a primeira parceria do Inep no acordo, que já conta com 500 estudantes brasileiros. Na ocasião, a instituição portuguesa externou o desejo de conhecer mais profundamente as matrizes curriculares consideradas na formulação do Enem, bem como sua metodologia de correção, Teoria de Resposta ao Item (TRI) e logística de aplicação. “É satisfatório perceber a valorização que uma das universidades mais respeitadas do mundo dá ao trabalho realizado pelo Inep por meio do Enem”, comemora Eunice Santos.
As instituições de ensino superior portuguesas que mantém o acordo de cooperação com o Inep têm a característica comum de conciliar unidades orgânicas de ensino superior universitário e ensino superior politécnico. Desde 2016, o Enem mantém convênio também com universidades portuguesas particulares. Os convênio interinstitucionais, contudo, não preveem financiamento do governo federal aos estudantes brasileiros.
Reportagem integra o ‘Especial Enem: da prova ao sonho do ensino superior’, produzido pelo LeiaJá. As matérias abordam a história do Exame e de que forma ele se tornou uma das principais provas educacionais do Brasil. A seguir, leia as demais reportagens:
--> A origem do Enem e o trajeto evolutivo da prova
--> A popularização do Enem e o caminho rumo à universidade
--> Uma prova, várias possibilidades
--> Enem mudou características dos cursos preparatórios