Servidores da Fundaj denunciam perseguição e demissões

Profissionais acusam o ministro da Educação, Mendonça Filho, de arbitrariedades. Copo de bloco de carnaval teria causado exonerações

por Elaine Guimarães seg, 05/03/2018 - 16:48
Reprodução/Facebook/EuAchoÉPouco Copo do bloco 'Eu Acho é Pouco' teria motivado as demissões Reprodução/Facebook/EuAchoÉPouco

Após visita do Ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) à Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que é vinculada ao MEC, no dia 23 de fevereiro, servidores da instituição usaram as redes sociais para relatar supostas perseguições e demissões por motivação política. A denúncia, divulgada na página do 'Coletivo Fundaj pela Democracia', afirma que durante duas solenidades, que contaram com a presença do ministro e sua comitiva, o clima de perseguição na instituição foi ampliado.

Na ocasião, um monitor circulou com o copo do bloco carnavalesco ‘Eu Acho É Pouco’, no qual supostamente tinha a inscrição ‘Fora Temer’. fato que foi desmentido pelo bloco: “O copo vermelho e amarelo do #EuAchoéPouco não possui a frase “Fora Temer”, muito embora todxs saibam que nosso bloco é contra esse governo golpista”, divulgou a agremiação em uma rede social.

O fato teria chamado atenção da comitiva de Mendonça Filho, que responsabilizou a coordenadora geral do Museu do Homem do Nordeste (MUHNE), Silvana Araújo, pelo caso. De acordo com a postagem do Coletivo, Silvana foi acusada de liderar uma manifestação contra o ministro e foi exonerada do cargo. Além disso, três estagiários tiveram o pagamento das bolsas suspenso definitivamente e dois monitores foram demitidos.  

Em carta, publicada no último sábado (3), a servidora falou sobre o ocorrido. “Quero crer que o ministro Mendonça Filho, como representante da Pasta da Educação deste país, não esteja a par e compactuando com essa arbitrariedade; aliás, essa e outras tão ou mais sérias que acontecem há oito meses na Instituição. Caso contrário, realmente não temos como pensar e sentir outra coisa a não ser que o propósito é impor uma espécie de "estado de exceção" à Fundaj, onde já ouvi de muitos servidores que eles têm medo de usar qualquer peça de roupa ou objetos de cor vermelha, pois temem serem perseguidos”, escreveu Silvana.

Em nota, a assessoria da Fundação Joaquim Nabuco ressalta que a visita de Mendonça Filho ocorreu com tranquilidade. Além disso, as mudanças no corpo técnico do Museu do Homem do Nordeste já estavam previstas, “obedecendo ao critério de competência técnica e a autonomia de gestão”, divulgou.  

No final da manhã desta segunda-feira (5), o professor Luiz Otávio de Melo Cavalcanti deixou o posto de presidente da Fundaj, cargo que exercia desde junho de 2016 por nomeação do Ministro da Educação, mas não revelou as motivações. A decisão se tornou pública após carta entregue aos funcionários da instituição. Assume a função, interinamente, a diretora de Planejamento e Administração da Fundaj, Ivete Jurema.

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