Escolas literárias que você precisa estudar para o Enem

Professores analisam as principais escolas, suas características, autores e obras mais recorrentes no Exame

por Adige Silva ter, 23/10/2018 - 11:21
Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens/Arquivo Feras devem ficar atentos às escolas literárias Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens/Arquivo

    Literatura é considerada uma forma de se fazer arte com palavras, com objetivo de gerar no leitor reflexão, emoções e sentimentos. Didaticamente, a temática é composta pelas chamadas ‘escolas literárias’, que representam a organização por períodos históricos da nossa literatura. O assunto faz parte da prova de linguagens e suas tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado, em 2018, nos dias 04 e 11 de novembro.

Na prova, a literatura é encontrada, em sua maioria, em questões multidisciplinares. Engana-se quem acha que a matéria não é importante para o entendimento do Exame. “O Enem tem uma perspectiva de trabalhar as escolas literárias, suas teorias, características e contexto histórico bastante diluído dentro das interpretações dos textos artísticos”, alerta Talles Ribeiro, professor do Pré-Vestibular Os Caras de Pau. 

Para a docente Pamella Soares, a divisão do assunto em períodos não quer dizer que as escolas literárias sejam engessadas e suas características não se façam presentes umas nas outras. “O fera precisa entender é que não existem caixinhas delimitadas para cada movimento cultural. Inclusive, cada uma dessas estéticas surge a partir de uma demanda social, seja para se opor a algo em vigor ou propor novas formas de fazer literário”, afirma a educadora do grupo Fly Educacional. 

Com o auxílio dos professores citados, o LeiaJá separou cinco escolas literárias que você precisa estudar para o Enem. Confira: 

 Quinhentismo 

Segundo Pamella, a escola é considerada a nossa literatura de formação, pois os textos produzidos em 1500 tratam do Brasil a partir do olhar dos estrangeiros. “São cartas e relatos de pessoas que vieram ao Brasil, e de como se deu a construção e exploração de portugueses e outros povos no País”, explica. Para ela, a principal obra desse período é a carta de Pedro Vaz de Caminha, escrita para o Rei de Portugal – relatando detalhes da terra recém descoberta. A educadora ainda afirma que “Duas Viagens ao Brasil”, de Hanz Staden, pode ser de grande auxílio para o Exame, por dar outra visão sobre os costumes e povos que aqui habitaram. “Essa escola é importante porque vai ser referenciada pelos autores românticos e, posteriormente, os modernos, na busca pela identidade brasileira”, finaliza. 

 Barroco

  Para Pamella, o período teve origem a partir de motivação religiosa. “Por causa da Reforma protestante, as autoridades da igreja católica se reuniram em conselho para elaborar medidas e estratégias, a fim de trazer os fiéis de volta à igreja. Esse movimento, também conhecido como contrarreforma, imprimiu na arte a grandiosidade e imponência que a igreja possuía na época”, relata.

Ainda segundo a professora, este foi o período no qual as pessoas passaram a ter mais acesso à informação e a burguesia começou a ganhar o espaço. “O homem nesse período carrega dúvidas sobre si mesmo e está em constante contradição: me render aos prazeres da vida ou viver regrado pela religião?”, explica. Por sua contradição e pelos jogos de palavras, é importante que os estudantes analisem os textos de Gregório de Matos, que segundo a educadora, é o mais emblemático representante da escola – e isso acabou lhe rendendo um apelido inusitado.

“Era um poeta que além de trazer a religiosidade nos textos, também falava do povo de maneira satírica, lhe fazendo ganhar o apelido de Boca do Inferno”, destaca a docente. Ela também cita como importância da prosa como a do Padre Antônio Vieira, ‘Sermão da Sexagésima’. 

Romantismo

O romantismo é basicamente dividido em três fases didáticas. É importante que o aluno fique atento a cada uma delas. “A primeira geração romântica traz um resgate nacionalista. Por isso, é chamada de geração indianista.”, explica Talles Ribeiro. O educador destaca os autores Gonçalves Dias e Gonçalves Magalhães, na poesia. Já na prosa, aparece José de Alencar, com obras como "Iracema" e "O Guarani". 

Na segunda geração, os estudantes precisam observar o surgimento da morte como uma espécie de fuga perfeita para os autores. Este método pode ser visto principalmente nos textos de Casimiro de Abreu e Alvares de Azevedo. “A segunda fase romântica é conhecida pelo mal do século. O homem romântico insatisfeito com sua realidade, acaba por fugir, evadir e encontra este respaldo sentimental em sua infância e na morte”, destaca Talles.   

Segundo o docente, a terceira fase é conhecida como condoreira, uma crítica a segunda geração “que precisaria alçar voos mais altos”. Para ele, é necessário analisar obras de Castro Alves, o grande expoente desta geração. “Ele escreveu poemas que lutavam contra a escravidão, denunciavam a situação dos negros na senzala e, por isso, recebeu a alcunha de 'O Poeta dos Escravos'”, explana. 

Realismo

O projeto literário desse período, além de querer quebrar com a visão romântica dada anteriormente, era trazer uma literatura engajada, que mostrasse a hipocrisia e a exploração da sociedade. “Era dar voz não apenas à baronesa, mas à prostituta que colecionava casos com os senhores burgueses, às matanças por causa de herança, dentre outras coisas”, afirma Pamella. Segundo ela, o processo não foi fácil, visto que o principal público consumidor de literatura na época era o burguês.

A docente recomenda que o fera leia obras de Machado de Assis, um dos destaques do período, que com sua ironia e escrita ganhou o respeito dos mais ricos do Rio de Janeiro. “Um feito notável, principalmente porque Machado não se enquadrava nos padrões burgueses da época (ele era negro e até hoje há um embranquecimento de sua figura)”, afirma a professora. Para ela, ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’ é uma das melhores exemplificações da escola.  

Modernismo 

O modernismo todo o ano é cobrado no Enem, segundo o professor Talles. A fase heroica (primeira) é o rotor do passado literário. Os grandes nomes da época são Mário de Andrade, Oswad de Andrade e Manuel Bandeira. “Uma obra que merece destaque neste momento é Macunaíma (Mário de Andrade), onde existe uma crítica feita ao romantismo e a tentativa de trazer um índio um pouco mais próximo da nossa realidade”, afirma. 

A segunda fase é conhecida como a fase regional. “Recebe este nome porque a literatura volta o seu olhar para a região nordeste, que é a região que apresenta as maiores mazelas sociais da época”, destaca o educador. Os autores de destaque da época são Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz e Jorge Amado – o último, autor de “Capitãs de Areia”, uma das mais relevantes obras da época. 

A geração de 45 (terceira fase), tem como os principais autores Guimarães Rosa, Clarisse Lispector e Ariano Suassuna. Talles dar destaque para o paraibano Ariano Suassuna, autor do “Auto da Compadecida”. “É uma obra que retrata com bastante humor e inteligência o sertão nordestino”, destaca.

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