Professor alerta: não se prenda a gabarito extra-oficial

Segundo especialistas, os gabaritos preliminares contêm erros e podem influenciar negativamente na preparação psicológica e emocional do vestibulando

por Fábio Filho ter, 06/11/2018 - 16:04
Júlio Gomes/LeiaJáImagens Busca pela resposta certa após a prova pode ser prejudicial para o aluno Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Após o primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os vestibulandos começam a procurar por gabaritos preliminares que contenham a correção das questões das provas. Especialistas afirmam que os resultados divulgados antes do prazo estabelecido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), não são oficias e podem conter erros. De acordo com docentes e psicólogos, os estudantes não devem se ater aos resultados preliminares e continuar com a preparação psicológica e emocional para o segundo dia de aplicação de prova.  

Para o professor de sociologia e filosofia João Pedro Holanda, os vestibulandos não devem se ater a resultados não oficiais. De acordo com o docente, os gabaritos preliminares divulgados pelos cursos preparatórios sempre contêm erros. “Esses gabaritos preliminares divulgados pelos cursinhos contam com a interpretação dos professores dos cursos sobre cada questão, e na maioria das vezes a interpretação não é a mesma da mesa de correção do Enem. Os gabaritos preliminares não são oficiais e sempre contêm erros, sem exceção. Os alunos devem evitar a busca por esses resultados e focar no segundo dia de aplicação de prova para não perder a concentração”, falou.

O educador explica que o Exame exige um grande preparo psicológico e emocional dos candidatos e que a influência de resultados não oficiais pode ser refletida negativamente no segundo dia de aplicação de provas. “O Enem é uma prova que envolve repertório de conteúdo e capacidade psicológica e emocional para o aluno fazer uma boa prova. Mesmo sem tanto preparo conteudístico, o estudante pode estar apto para desenvolver a prova estando psicológica e emocionalmente saudável no dia. Quando o aluno absorve os resultados divulgados nos gabaritos preliminares, ele pode se sentir superpreparado ou subvalorizar sua capacidade, ambas as situações podem refletir negativamente no segundo dia de prova. Como dica, o fera não deve procurar gabaritos preliminares e concentrar todas as forças para o segundo dia de aplicação, com estabilidade emocional e psicológica”, destacou.

A estudante Verônica Gabrielly dos Santos, de 17 anos, afirma que consultou um gabarito preliminar divulgado após o primeiro dia de aplicação do Enem. A aluna do 3º ano do Ensino Médio da Escola Técnica Estadual Maria José Vasconcelos (ETE) de Bezerros, no Agreste pernambucano, disse que ficou nervosa após ver que seus resultados não coincidiram com os do gabarito e que vai para o segundo dia de prova mais preocupada com o resultado final. “Na hora que eu corrigi bateu um desespero por que os meus resultados não estavam de acordo com o gabarito preliminar divulgado. Com certeza isso interfere no segundo dia de prova por que causa uma ansiedade e um nervosismo com o meu resultado”, disse.

De acordo com a psicóloga Olga Miranda, após o primeiro dia de realização do Exame, o nível de ansiedade dos estudantes está elevado e a procura por resultados preliminares pode ocasionar estresse e até mesmo desconcentração para o próximo dia de aplicação de prova. A especialista ressalta que é necessário não perder o foco. “A ansiedade faz com que eles procurem respostas prévias, o que é compreensível, os alunos esperam mais de um ano para fazer essa prova, então, quando sai algum gabarito eles estão muito ansiosos para saber se tiveram um bom resultado. Porém, isso pode ocasionar em um estresse emocional que é prejudicial para o estudante no próximo dia de aplicação de prova. É necessário manter o foco e não buscar gabaritos preliminares que podem não estar de acordo com as respostas do estudante. O aluno pode se sentir frustrado e decepcionado com o seu resultado final”, alertou.

Ainda segundo a psicóloga, professores e pais devem prestar apoio emocional e psicológico para os estudantes, no período posterior ao Enem. “O aluno costuma escutar e absorver aquilo que o professor que esteve com ele durante todo o ano, fala em sala de aula. Portanto, é necessário que os educadores mantenham o diálogo, exercitem a cautela para que não se sintam desestimulados com resultados divulgados depois da prova. Além disso, é de suma importância que a família também apoie aquele estudante, mostrando que apesar de qualquer resultado, haverá sempre novas oportunidades. Costumo trabalhar com meus clientes que prestaram o Exame, refletindo sobre como foi o ano, como foi o caminho até aqui, um caminho de muito esforço e superação. Os resultados inesperados não são o fim”, destacou. Olga também afirmou que as escolas devem estar próximas dos vestibulandos, com suporte emocional após as provas. 

 

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