Cotas: reprovados por comissão passam por reavaliação

Incerteza pairava entre os candidatos que compareceram ao primeiro dia de reavaliação das cotas na UFPE

qui, 21/02/2019 - 09:22
Eduarda Esteves / LeiaJaImagens Fila para reavaliação foi formada na manhã desta quinta-feira Eduarda Esteves / LeiaJaImagens

Parte dos alunos reprovados pela Comissão de Autodeclaração Racial da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) passam por reavaliação na manhã e tarde desta quinta-feira (21). O procedimento é feito no corpo discente da instituição, localizado no campus Recife, Zona Oeste da capital pernambucana. A maior reclamação dos pais e candidatos presentes no local no começo da manhã foi a formação da banca avaliadora ter sido feita apenas por pessoas negras.

“Acho que se é para julgar pessoas de etnias diferentes a banca deveria ser composta de etnias diferentes”, afirma Isabelly Maria, de 17 anos, aprovada pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) no curso de fisioterapia. Ela, que se declara parda e não teve candidatura aceita pela banca na primeira avaliação, foi a primeira aluna a passar pelo processo de reavaliação. “Não sei o que esperar, mas acho que o resultado não vai ser muito bom porque a diferença não foi muita da primeira banca para essa”, comenta.

Após a saída de Isabelly e a reclamação sobre a falta de variedade dentro da banca julgadora, um pequeno tumulto foi formado. Alguns pais de alunos ameaçaram entrar no corpo discente por afirmar que a UFPE garantiu que a comissão seria plural após o primeiro protesto feito pelos reprovados. Os candidatos seguintes, porém, saíram afirmando que a comissão teria mudado e estava diversa.

Incertezas

Na fila para validação, uma série de incertezas marcava os candidatos. A estudante Caroline Júlia, de 18 anos, aprovada no curso de medicina, trancou a graduação em enfermagem no estado de Alagoas para poder se matricular na UFPE. Participante de movimentos negros, ela se disse surpresa e frustrada com a decisão. “Minha mãe até ligou para confirmar o resultado. A gente estuda tanto, se esforça tanto, eu já tinha entrado em outra faculdade pela mesma cota, passei pelo mesmo processo. Me senti injustiçada”, relata.

Além do sentimento de injustiça, João Victor Correia, de 16 anos, aprovado em engenharia, afirma que se sentiu com um investimento de ano inteiro perdido. “Eu teria passado também sem cota, preferi botar cota porque era uma segurança a mais, entendeu? Passei o ano passado todo estudando em cursinho, foi um investimento jogado fora se eu não conseguir passar hoje”, conta.

Ao todo, 188 candidatos serão avaliados pela comissão, parte deles nesta quinta e a outra parte na sexta-feira. A decisão oficial da UFPE deverá ser divulgada na segunda-feira (25).

*Com informações da reporter Eduarda Esteves

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