Tudo que você precisa saber antes do resultado do Enem

Confira como é calculada a nota, os programas de acesso ao ensino superior e prazos de inscrição de cada um deles

por Lara Tôrres qua, 15/01/2020 - 16:41
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo . Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

As notas dos estudantes que fizeram as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 serão divulgadas na próxima sexta-feira (17). Além de controlar a ansiedade, nos dias que antecedem o resultado os feras precisam entender como a nota é calculada, se organizar para planejar os próximos passos e ficar por dentro das novidades para o próximo Enem. 

Diferentemente dos vestibulares tradicionais em que cada questão vale o mesmo número de pontos, o Enem utiliza outro conjunto de modelos matemáticos, a Teoria de Resposta ao Item (TRI), para determinar a nota dos participantes. 

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a TRI permite comparar diferentes edições do ENEM e é calculada a partir de uma régua que mede o nível de conhecimento dos estudantes. Os concluintes de 2009 estavam no meio dela, com 500 pontos, e as perguntas que têm nível de dificuldade abaixo de 500 na régua são consideradas fáceis, enquanto as que passam esse patamar são consideradas difíceis.    

Em cada prova, o participante deve conseguir respostas consistentes, ou seja, se acerta questões mais difíceis, também deve apresentar êxito nas mais fáceis. Quando o aluno erra uma questão fácil e acerta outra considerada difícil, de acordo com a TRI, há a possibilidade de “chute”, reduzindo a pontuação dada à questão. Por essa razão, é possível que participantes com o mesmo número de acertos tirem notas diferentes.  

Após ver os resultados, muitas vezes os estudantes obtêm notas menores do que esperavam e ficam frustrados com os resultados alcançados, julgando que a nota obtida foi baixa. De acordo com a professora de redação e linguagens Josicleide Guilhermino, a avaliação da nota deve se basear não apenas no curso desejado, mas também no programa de acesso ao ensino superior no qual o aluno irá se inscrever. 

“Por exemplo, o candidato que deseja se inscrever no Prouni precisa ter pelo menos, uma média geral mínima de 450 pontos para ele se inscrever e vai subindo a depender do curso. No Fies também 450 pontos no mínimo, mas a cada semestre as exigências se modificam. O Sisu é o mais buscado porque ele é acessado através do Enem e não existe uma pontuação mínima, mas só seleciona os melhores candidatos, por ser nacional”, explicou a professora. 

 Ainda de acordo com Josicleide, no caso do Sisu, por exemplo, uma boa forma de os alunos terem ideia de em que patamar está a sua nota em relação à concorrência é analisar as notas de corte para aprovação na instituição e no curso desejado no ano anterior. “Cursos como medicina, engenharia e direito costumam ter médias acima de 700. Já outros cursos, como as licenciaturas giram em torno de 550, então o critério de desempenho varia de estudante para estudante porque isso depende do curso que ele deseja e a instituição que pretende estudar”, afirmou ela. 

A nota do Enem oferece várias possibilidades de utilização para o estudante que fez a prova. Desde forma de ingresso em instituições de ensino superior públicas e privadas no Brasil, programas de financiamento estudantil até a seleção para universidades estrangeiras, os estudantes devem ficar atentos a todas as opções disponíveis para o seu perfil. 

Sistema de Seleção Unificada (Sisu)

O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é uma plataforma online que seleciona estudantes duas vezes por ano para universidades públicas e institutos federais em todo o território nacional. Para participar da edição do primeiro semestre de 2020, que terá 237.128 vagas em cursos de graduação, distribuídas entre 128 instituições, é necessário ter feito o Enem 2019 e obter nota maior que 0 na redação. As inscrições devem ser feitas a partir da próxima terça-feira (21) até o dia 24 de janeiro através do site do Sisu. Para fazer login no sistema, os estudantes devem digitar o número de inscrição e senha do Enem, que podem ser recuperados pela Página do Participante

Através do site do Sisu, os estudantes poderão pesquisar as vagas nos cursos,  instituições de ensino e turnos desejados, selecionando duas opções de curso para a qual podem concorrer simultaneamente. É necessário lembrar que a prioridade de seleção e aprovação será para a primeira opção que estiver selecionada ao final do prazo de inscrições do sistema de seleção, não sendo permitido se matricular no curso da segunda opção caso o candidato seja aprovado na primeira. Os candidatos que não forem classificados ao final do processo podem optar por aguardar na lista de espera. 

Vestibulares

Muitas instituições de ensino superior privadas no Brasil têm suas próprias provas de vestibular, mas também dão aos candidatos a opção de ingresso através da nota do Enem. Dessa maneira, o estudante faz as provas do exame, apresenta suas notas à instituição após um cadastro e, em caso de aprovação, pode iniciar o curso. 

Programa Universidade Para Todos (Prouni) 

O Programa Universidade Para Todos (Prouni) concede bolsas integrais e parciais a estudantes egressos de escolas públicas com renda per capita familiar máxima de até três salários mínimos em instituições privadas de ensino superior. Além disso, os estudantes devem ter feito o Enem, com nota mínima de 450 pontos em cada prova e maior que 0 na redação. 

Em 2020.1, as inscrições devem ser feitas de 28 a 31 de janeiro no site do Prouni. A divulgação do resultado da primeira chamada será realizada em 4 de fevereiro. O período de comprovação das informações fornecidas na inscrição vai de 4 a 11 de fevereiro. 

O prazo para registro no SisProuni e emissão dos termos pelas instituições (primeira chamada) vai de 4 a 14 de fevereiro, com divulgação dos resultados da segunda chamada em 18 de fevereiro. Já o período de comprovação de informações e eventual processo seletivo próprio das instituições de ensino na segunda chamada vai de 18 a 28 de fevereiro. Já o registro do SisProuni será de 18 de fevereiro a 3 de março. 

Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) 

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) tem por objetivo financiar o pagamento de cursos superiores privados avaliados positivamente pelo Ministério da Educação (MEC) que realizem a adesão ao programa. 

Os estudantes que atenderem aos critérios de renda terão o valor do curso custeado de forma parcial ou integral por uma instituição financeira e, após terminar os estudos, um prazo para pagar o valor. Também é necessário ter feito o Enem e obtido média maior ou igual a 450 nas provas de múltipla escolha, sem zerar a redação. 

Atualmente, o programa tem duas modalidades: O Novo Fies com juro zero, para estudantes com renda familiar de até três salários mínimos por pessoa; já o P-Fies tem uma escala de financiamento que varia conforme a renda de cada candidato, para estudantes com renda familiar per-capita de até cinco salários mínimos. 

No primeiro semestre de 2020, as inscrições serão realizadas de 5 a 12 de fevereiro no site do Fies. O resultado será divulgado no dia 26 de fevereiro e o prazo de complementação da inscrição dos candidatos pré-selecionados vai de 27 de fevereiro a 2 de março. Já a pré-seleção em lista de espera será de 28 de fevereiro a 31 de março. 

Universidades Estrangeiras

Além de entrar no ensino superior brasileiro, os estudantes que fazem as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) têm a possibilidade de utilizar a nota como processo de ingresso para universidades estrangeiras. Entre as universidades de fora do Brasil que aceitam as notas do Enem, a maioria está em Portugal, mas também há opções em outros países, como no Reino Unido, Irlanda, França, Canadá e Estados Unidos.

Enem Digital

Para este ano, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá novidades, sendo a realização do projeto piloto do Enem Digital a principal delas. A medida foi anunciada pela primeira vez em julho de 2019 pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, que previu a aplicação da prova digitalizada em 2020 para 100 mil alunos, com um custo de R$ 20 milhões aos cofres públicos.

Por enquanto, a adesão ao formato digital é opcional para os participantes, mas o desejo do ministério é que a partir de 2026 todos os participantes façam a prova digitalizada. As cidades que têm previsão de aplicação do projeto piloto são Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP). 

A expectativa do governo é que a prova digital inclua vídeos, infográficos e a lógica dos games. No entanto, o MEC reconhece que ainda há desafios ao projeto. "Para podermos fazer o Enem Digital, temos que ter escolas conectadas", disse o ministro da Educação, durante coletiva de imprensa em novembro de 2019. Por essa razão, na mesma época, o governo anunciou outro programa, o Educação Conectada Terrestre, para implementar internet de fibra óptica em cerca de 24.500 escolas. 

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