Maioria no Enem, mulheres se dividem entre filhos e estudo

Na última edição do exame, 61% dos participantes eram do gênero feminino

sab, 07/05/2022 - 09:35
Arquivo pessoal Nadja (de óculos) com os filhos e neto Arquivo pessoal

Entre a rotina do trabalho, filhos, de 22 e 15 anos de idade, e neto, Nadja Sauma do Nascimento, de 45 anos, prepara-se para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022, o primeiro da sua vida.

Cotidianamente, os estudos se iniciam por volta das 4h30 da manhã, antes da saída para o trabalho, e são retomados horas após a chegada em casa. "Eu chego em casa do trabalho por volta das 18h30, 19h. Me organizo e vou para o quarto com o meu neto, de cinco anos, e estudo até umas 22h", conta a reportagem.

A operadora de jogos online mantém os estudos sem o auxílio de cursos preparatórios e, devido ao tempo fora da sala de aula, conta que sua maior dificuldade é na disciplina de matemática, presente no segundo dia de aplicação do exame. “Eu estou um pouco enferrujada em matemática. Então, eu já estou providenciando um reforço para resolver algumas questões desse matéria", relata.

Nos planos de Nadja está uma vaga no curso de farmácia. Com a primeira experiência na avaliação, motivada pelo desejo de ingressar em uma instituição de ensino superior, o nervosismo encontra espaço durante a preparação. No entanto, ela não deixa de acreditar no resultado positivo no Enem. "Estou nervosa, mas espero que eu me dê bem. Estou me esforçando e no final vai dar tudo certo".  

Mulheres no Enem

Na última edição do Enem, dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que as mulheres foram maioria durante a realização do exame em 2021. Ao todo, 61% dos participantes eram do gênero feminino, contra 39% de inscritos homens.

Mesmo sendo maioria, as mulheres apresentaram um desempenho menor nas edições da avaliação de 2017, 2018 e 2019, quando comparado ao sexo masculino. Essa diferença, de acordo com a socióloga Martha Borges, tem relação, muitas vezes, às responsabilidades impostas desde cedo aos estudantes, como também, à sobrecarga materna.

"É importante destacar que ainda temos um machismo estrutural bem forte que nos coloca em uma posição de desvantagem em diversas esferas. Muitas vezes, as adolescentes precisam se dedicar aos afazeres domésticos e, até mesmo, aos filhos, colocando assim, os estudos e a carreira em segundo plano", aponta.

E complementa: "Vale salientar também que, diante da quantidade de mães solos e únicas responsáveis pelas questões financeiras, emocionais e educacionais dos filhos, há uma sobrecarga feminina. Não é fácil administrar as demandas do trabalho, casa, filhos e estudos. É preciso olhar com mais cuidado para essas mães".

 

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